Como um Gre-Nal só é Gre-Nal quando há uma polêmica, a frase de Rodrigo Dourado após o final da partida, na derrota colorada por 1 a 0 na Arena, tratou de esquentar o começo da semana. O capitão do time lamentou as chances perdidas e deixou claro que o time perde a naturalidade quando enfrenta o Grêmio.
Textualmente, a declaração foi:
— Controlamos o jogo todo, tivemos chances para fazer o gol. Mas não sei o que acontece nos Gre-Nais, a gente chega na frente do gol e não consegue fazer, tem medo de chutar, finalizar e ser feliz.
Dourado é um dos mais experientes e, mesmo em uma época de inferioridade colorada em clássicos, apresenta números equilibrados. O capitão soma 17 jogos, com cinco vitórias, cinco derrotas e sete empates. Fez um gol e deu uma assistência, foi campeão uma vez em cima do Grêmio, e vice em outra.
Seu desabafo não foi direcionado aos atacantes ou a alguém em específico, é óbvio. Até porque as melhores chances do Inter foram criadas por jogadores de meio (Praxedes) e zaga (Lucas Ribeiro). Trata-se de uma constatação em geral, de um time que perde a naturalidade quando enfrenta o rival.
A percepção já havia sido feita no ano passado, quando os colorados chegaram a ficar 11 jogos sem superar o Tricolor. Eduardo Coudet, que saiu de Porto Alegre sem ter vencido, tinha feito declaração semelhante, de que faltava tranquilidade, o time ficava "preso".
Mas uma análise mais atenta mostra que isso não ocorre exclusivamente contra o Grêmio. O Inter, quando confrontado com as partidas maiores, sofre. E vê suas dificuldades aumentadas quando o resultado não vem logo no início.
Prova disso é ter ficado em segundo lugar na Copa do Brasil 2019 e no Brasileirão 2020/21, sem conseguir vencer as partidas decisivas em casa. Além disso, das últimas decisões por pênaltis, caiu em três (Grêmio na final do Gauchão 2019, Boca pela Libertadores 2020 e América-MG pela Copa do Brasil 2020) e sobreviveu apenas contra o Palmeiras (Copa do Brasil 2019).
No Brasileirão, aliás, o Inter ganhou apenas uma das últimas cinco partidas. Foi contra o Vasco, na qual marcou um gol aos 10 minutos, coincidentemente com Dourado. Dos jogos grandes, o que teve mais naturalidade foi contra o São Paulo, mas abriu 2 a 0 ainda no primeiro tempo. A única exceção foi justamente o Gre-Nal, quando virou um resultado praticamente perdido nos acréscimos.
Apesar desses pontos, o clube não pretende fazer um trabalho especial, com psicólogo, ao menos nesse início de temporada. Houve uma conversa entre os atletas e a conclusão foi de que se tratou de um jogo equilibrado, em que um chute indefensável fez a diferença.
— É o primeiro Gre-Nal, não tem a ver com os anteriores. Foi uma partida parelha, perdemos. Vamos assimilar a derrota e trabalhar, mas com tranquilidade. Confiamos muito no projeto — declarou o vice de futebol, João Patrício Herrmann.