O Brasileirão 2020 se encaminha para um desfecho digno de mata-mata. A 37ª rodada terá líder e vice-líder, Inter e Flamengo, frente a frente como se fosse uma final. Uma vitória no Maracanã dá aos colorados o tetracampeonato. O time de Abel Braga se prepara para a decisão depois de uma arrancada em que alternou duas posturas: reativa, com marcação baixa esperando por um contra-ataque, e agressiva, pressionando a saída de bola e ocupando o campo de ataque.
A sequência de nove vitórias seguidas, recorde no Campeonato Brasileiro de pontos corridos, teve diferentes posturas no período. Na maioria das partidas, o time colorado esperou o adversário. Mas na goleada por 5 a 1 sobre o São Paulo, no Morumbi, Abel surpreendeu e adotou uma marcação alta.
Na opinião da comentarista do Grupo Globo Cíntia Barlem, o Colorado deve adiantar a marcação para impedir a aproximação dos cariocas do gol defendido por Marcelo Lomba. A tentativa de roubar a bola no campo ofensivo aliviaria a pressão na defesa do Inter, que estará desfalcada de Cuesta, suspenso.
— Acho que o ideal é marcar em cima, na saída de bola, pelo menos no primeiro tempo. Às vezes o Inter perde o fôlego para marcar os 90 minutos, até porque o Flamengo tem muitos recursos — opina Cintia.
— Quanto mais em cima você marca, mais perto está do gol. Se roubar a bola ali com o Edenilson, que geralmente faz isso, mais fácil será para chegar no gol adversário —, complementa.
Sem Cuesta, Abel terá de colocar em campo uma zaga que nunca atuou junta. O treinador tem um leque de alternativas para ocupar a vaga aberta na defesa. A dificuldade aumenta já que do outro lado os jogadores a serem contidos são Gabigol e Bruno Henrique.
Sérgio Xavier, comentarista do SporTv, também acredita em uma pressão na saída de bola flamenguista. Porém, a limitação física colorada frente ao poderio técnico dos cariocas pode dificultar a missão.
— Não acho que o Inter tenha a condição para exercer este tipo de pressão por muito tempo. Se insistir nela no campo do adversário, o Inter é capaz de falhar. Pensando no Flamengo, no conforto que eles ficam quando estão com a bola e têm metade do campo pela frente, a estratégia de marcar em cima é boa. Não sei por quanto tempo, mas pelo menos para começar o jogo, para tentar abrir vantagem ou algo assim, pode ser a melhor estratégia — analisa.
Pensando no equilíbrio entre os setores, o comentarista do Grupo RBS Maurício Saraiva prefere que a equipe colorada atue no setor intermediário do campo. Nem subir totalmente a marcação nem recuar tanto a ponto de dar espaços valiosos para o ataque do Flamengo.
— Equilíbrio é tudo nesta hora. Meia-pressão, tentando reduzir o campo a 50 ou 60 metros entre as intermediárias, me parece melhor. O Flamengo tem mais qualidade do que o São Paulo para escapar da marcação alta — comparou Saraiva, lembrando da goleada colorada por 5 a 1 no Morumbi.
Marcando alto ou baixo, o Inter terá uma missão e tanto às 16h de domingo, no Maracanã. A recompensa pela escolha certa será um título que não é conquistado há 41 anos, uma pressão muito maior que qualquer tipo de marcação.