Uma conduta no mínimo peculiar da direção do Athletico-PR quase rendeu dois desfalques importantes para o time de Curitiba no confronto com o Inter, nesta quinta-feira (4). Dois dias antes do jogo, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu por uma partida os atacantes Carlos Eduardo e Walter por quebra de protocolo médico, pena incomum no Brasileirão. Nesta quarta (3), contudo, o tribunal concedeu efeito suspensivo, liberando os dois atletas.
Em diferentes partidas da competição, os dois jogadores trocaram de camiseta com outros adversários, o que é proibido pelos protocolos sanitários de combate à covid-19. Contudo, não é praxe que o STJD puna este tipo de infração com suspensão por partidas.
Normalmente, a Procuradoria do Tribunal faz um acordo com os atletas denunciados e retira a denúncia antes mesmo da audiência mediante o pagamento de uma multa simbólica, convertida para entidades assistenciais. Com isso, os casos sequer são julgados. Na Justiça esportiva, esta prática é conhecida como transação disciplinar desportiva e é rotineiramente aplicada em infrações leves.
Recentemente, os meio-campistas do Inter Nonato e D'Alessandro foram denunciados pela Procuradoria do STJD pela mesma situação. Contudo, foram apenas multados em R$ 5 mil cada, valor irrisório para o orçamento dos clubes da Série A.
Ocorre que o Athletico-PR, por alguma razão ainda desconhecida, recusou a proposta dos procuradores de converter a pena dos dois atletas em multa. Por decisão da direção e de seu departamento jurídico, o clube decidiu enfrentar o julgamento e deixou o destino de Carlos Eduardo e Walter nas mãos dos auditores do tribunal, que acabaram decidindo pela suspensão de um jogo.
Como o Athletico-PR recorreu da punição ao Pleno do STJD, o jurídico do clube paranaense pediu ao tribunal um efeito suspensivo, ou seja, que os efeitos da pena sejam suspensos até o julgamento do recurso, ainda sem data definida. O pedido foi deferido nesta quarta (3), e os dois atacantes estão liberados para o jogo contra o Inter, na quinta (4).
Contudo, o risco de perder os dois atletas poderia ter sido facilmente evitado na origem, caso o Athletico-PR tivesse aceitado a proposta de pagar uma multa simbólica.