Esclarecimento: Elusmar Scheffer Maggi não é acionista da empresa Scheffer, conforme foi publicado entre as 20h54min da sexta-feira (19) e 17h desta segunda (22). A informação já foi corrigida na reportagem.
O empresário colorado Elusmar Shceffer Maggi, responsável pela doação de R$ 1 milhão ao Inter para que o clube possa escalar Rodinei contra o Flamengo, no jogo marcado para domingo (21), no Maracanã, é a segunda geração de uma família estabelecida no Mato Grosso por conta do agronegócio. Ao final da noite, o torcedor e sócio manifestou-se através de nota divulgada pela assessoria do clube gaúcho.
“Sou Colorado de berço, daqueles que não vivem sem o Inter. Mesmo morando distante, meu amor pelo Colorado sempre foi muito grande. Já comemorei muito as vitórias do meu time, e a felicidade de viver esse momento com o clube do meu coração, com a real possibilidade de sermos campeões brasileiros, fez com que eu decidisse por ajudar. Sei que ainda temos desafios pela frente, duas importantes partidas para disputar, mas decidi dar minha parcela de contribuição ao clube que tanto amo. Sei que nossos jogadores vão dar o melhor, como sempre fizeram, e estou muito confiante que o Inter sairá vitorioso de mais essa jornada”, declarou.
Além de 530 mil hectares de terras cultivando algodão, soja, milho e reservadas à pecuária, com cerca de 130 mil cabeças de gado, as famílias Scheffer e Maggi também têm representantes na política. Elusmar é irmão mais novo de Eraí, um dos maiores produtores de soja do país, e primo de Blairo Maggi, ex-governador e senador pelo Mato Grosso e ministro do governo Michel Temer.
A família foi pioneira no agronegócio do Estado do centro-oeste na década de 1970. O pai de Elusmar e Eraí deixou o Rio Grande do Sul em 1964, quando primeiro se instalou com os irmãos no oeste do Paraná, para depois subir ao cerrado com os irmãos.
De lá para cá, o acúmulo de propriedades rurais tornou Elusmar e seus irmãos os donos do “maior grupo agropecuário do mundo”, de acordo com reportagem do Globo Rural publicada em 2020.
Investigado por desmatamento
Em 2016, a operação Rios Voadores, da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal e Ibama chegou aos irmãos Eraí e Elusmar. Eles e a Amaggi Exportação e Importação foram investigados por participação no maior esquema de desmatamento da Amazônia, em terras da empresa familiar no Pará.
Segundo as investigações, entre 2012 e 2015, Elusmar e Eraí teriam transferido R$ 10 milhões para Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ ou Jotinha, e para um cunhado dele, Ricardo Caldeira Viacava. Outros R$ R$ 7,4 milhões teriam saído dos cofres da JBS, gigante dos frigoríficos, para AJ e para uma irmã de AJ, Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro. AJ, que segundo o MPF seria o responsável por ordenar a derrubada de árvores e tinha a ajuda de um gerente de fiscalização do Ibama, teve R$ 420 milhões bloqueados pela Justiça em 2016 e se entregou à Justiça em 2020.
Doação era sigilosa
A doação feita por Elusmar para o Inter é respaldada por um contrato sigiloso, assinado pelo empresário e pelo presidente Alessandro Barcellos, como representante do clube. O documento assinado na quinta-feira (18) foi vazado e circula nas redes sociais nesta sexta, fato que levou o clube a confirmar o repasse de R$ 1 milhão feito pelo torcedor.