A vitória no clássico Gre-Nal do último domingo pode dar ainda mais confiança para o Inter na reta final do Brasileirão. Com o 2 a 1 conquistado no final de semana contra o seu maior rival, encerrando assim um jejum de 11 jogos de invencibilidade tricolor, o Colorado abriu quatro pontos do vice-líder São Paulo e agora depende apenas de si para ser tetracampeão brasileiro.
No entanto, os comandados de Abel Braga não podem deixar a euforia do triunfo frente ao rival se tornar em salto alto para as próximas seis rodadas do campeonato. O próprio treinador admitiu na coletiva que a equipe precisa manter os pés no chão:
— Preferia que vocês falassem que nós não somos postulantes a nada, porque nós não éramos há duas semanas ou três. Nós saímos disso, daquele descrédito que existia e fomos crescendo com seriedade e trabalho. É um momento especial, mas que uma hora vai acabar. Tomara que demore. Como não faltam muitos jogos, tomara que fique lá para o final. Não vamos nos pendurar em flores e cair em armadilhas.
As armadilhas ditas por Abel são bem conhecidas pelo treinador. Afinal, em 1989, o Inter viveu uma situação parecida com a que vem passando no momento. No clássico de número 297, que ficou conhecido como Gre-Nal do Século, o Colorado eliminou o Grêmio na semifinal do Brasileiro e avançou para a final da competição para enfrentar o Bahia.
Ainda que o formato do campeonato fosse diferente, com dois turnos de pontos corridos e depois mata-mata em jogos em casa e fora até a decisão, o resultado frente o Tricolor, também 2 a 1 de virada, trouxe uma animação para dentro do vestiário colorado, conforme admitido por Luiz Carlos Winck, lateral-direito daquela equipe e atualmente treinador.
— Eu penso que naquela época a euforia foi muito grande e isso talvez tenha nos atrapalhado um pouco. Nós havíamos vencido do Bahia na fase de classificação com uma certa tranquilidade e avançamos para decidir o campeonato com eles. Finalizado o clássico, a alegria no vestiário era como se já fossemos campeões, mas posteriormente sofremos o revés — relata Winck.
E a lição, que ficou para quem esteve no jogo em 1989 e não conseguiu o tetracampeonato para o Inter na ocasião, é que cada partida deve ser considerada de forma singular, o que transformam as próximas seis rodadas do Brasileirão em seis decisões, com a necessidade de manter os pés no chão, em casos de vitórias, e com a cabeça no lugar, caso a sequência de invencibilidade seja quebrada em algum momento no próximo mês (o campeonato se encerra no dia 24 de fevereiro).
— O Colorado precisa continuar da mesma forma que vem atuando, da televisão conseguimos ver que o grupo está unido, que fechou com as ideias do Abel. É fundamental que mantenha o espírito de competitividade, às vezes não joga bem, mas na superação vence o adversário. Não pode achar que só porque venceu o Gre-Nal está tudo bem. A possibilidade agora de ser campeão brasileiro ficou clara — diz Nilson, autor dos dois gols da virada colorada no "Gre-Nal do Século", que completou que a experiência de Abel Braga pode ajudar nesse momento:
— Os mais experientes e o Abel já devem estar vacinados. Ele já deve ter passado para os jogadores, porque lá em 1989 ele vivenciou essa situação. O importante é manter esse ritmo e essa pegada, ele soube fazer o time crescer na reta final.
Internamente, a projeção é manter o mesmo ritmo e concentração das atuações contra São Paulo e Grêmio nas rodadas finais. O primeiro grande desafio após o Gre-Nal é no próximo domingo, contra o Bragantino, no Beira-Rio, buscando abrir ainda mais vantagem na dianteira do Brasileirão.
As seis "finais" coloradas
31/1 - 18h15min - Beira-Rio - Inter x Bragantino
Ainda sob o comando de Eduardo Coudet, o Colorado venceu o time paulista no Nabi Abi Chedid com dois gols do atacante Thiago Galhardo. Ao contrário do primeiro turno, quando lutava para sair da zona de rebaixamento, a equipe de Bragança Paulista vem numa boa sequência de resultados e briga por uma vaga na Sul-Americana de 2021.
4/2 - 21h - Arena da Baixada - Athletico-PR x Inter
Mais um time que não vivia um bom momento no primeiro turno da competição, mas que conseguiu se recuperar no returno e briga por vaga na Sul-Americana. No Beira-Rio, vitória colorada com Marcelo Lomba salvando o Inter nos minutos finais.
10/2 - 19h - Beira-Rio - Inter x Sport
As equipes se enfrentaram no primeiro turno da Ilha do Retiro em situações diferentes, o Colorado buscava as primeiras posições e o time pernambucano queria ficar longe da zona de rebaixamento. O momento é igual para o segundo turno do Brasileirão.
13, 14 ou 15/2 - Vasco x Inter
No turno, jogando no Beira-Rio, o Colorado precisou de apenas um tempo para garantir os três pontos, deixando o Vasco em uma situação complicada no Brasileirão. Atualmente, a equipe segue oscilando na competição, mas ganhou gás com a chegada de Vanderlei Luxemburgo, tendo, inclusive, vencido o Atlético-MG na última rodada.
20, 21 ou 22/2 - Flamengo x Inter
O empate em 2 a 2 no Beira-Rio foi considerado um dos melhores jogos do Brasileirão, quando os dois times também brigavam pela ponta da competição. Agora, a situação segue a mesma, com um confronto direto pelo topo da tabela, mas o Colorado conseguiu abrir mais pontos da equipe carioca, que desde o primeiro turno também trocou de treinador.
24/2 - Inter x Corinthians
O jogo do primeiro turno — vitória paulista por 1 a 0 — iniciou a sequência de maus resultados de Eduardo Coudet no Brasileirão, que acabaria com a sua saída após o empate em 2 a 2 com o Coritiba no Brasileirão. O resultado também marcou a retomada da confiança do Timão, que atualmente ainda briga por uma das vagas para a pré-Libertadores, o que pode acabar dificultando a partida para o Colorado.