No empate sem gols com o Atlético-GO, sábado (28), o Inter chegou a seis jogos seguidos sem vitória do Brasileirão. Ainda não venceu no returno da competição e, mais do que isso, estaria no Z-4 se contassem apenas os pontos do segundo turno. Nesta quarta-feira (2), porém, o time tem a chance de virar a chave e superar a má fase diante do Boca Juniors, pela partida de ida das oitavas de final da Libertadores.
A escalação ainda está indefinida. O jogo do fim de semana era para ser uma espécie de treinamento — ainda que valendo três pontos — para este duelo de mata-mata. Mas o que se viu em campo foram erros e mais erros, ainda que o time tenha tido alguns nomes que eram pedidos pela torcida.
Na zaga, havia a reivindicação pelo retorno de Rodrigo Moledo à titularidade. Apesar de alguns bom cortes atrás, prejudicou a equipe ao ser expulso no segundo tempo. O garoto Johnny foi o substituto de Edenilson na meia direita, mas teve atuação discreta. D'Alessandro até tentou alguns bons passes, mas parece ter cansado rápido. E, no ataque, Yuri Alberto pouco contribuiu. Até mesmo por isso, restam muitas dúvidas para o técnico Abel Braga, que poderá voltar a comandar o time à beira do campo se testar negativo para a covid-19 neste início de semana.
— D'Alessandro e Yuri Alberto não garantiram lugar para o jogo de amanhã no sábado passado, mas entendo que Abel Braga precisa insistir em uma ideia em vez de trocar modelo e peças jogo a jogo. Se Dourado e Edenilson voltarem, a qualidade geral do time melhora. Mas recuperar o grupo no quesito emocional, hoje, me parece a principal providência a ser tomada no Inter — destaca Maurício Saraiva, comentarista do Grupo RBS.
Se na defesa as dúvidas diminuem, ao passo que Rodinei e Víctor Cuesta estão suspensos no torneio continental, e naturalmente entram Heitor e Moledo (ao lado de Zé Gabriel), o meio-campo é uma incógnita para o duelo com o Boca, no Beira-Rio. Rodrigo Dourado, que vinha sendo titular na primeira função do meio com a nova comissão técnica do clube, foi preservado no sábado por conta de dores no joelho direito, mas pode retornar. Edenilson, com quadro gripal, é dúvida. Assim, Johnny, Lindoso, Patrick, Nonato, Mauricio, Marcos Guilherme e D'Alessandro disputam as vagas restantes.
No ataque, apesar da fase ruim do artilheiro Thiago Galhardo, ele é presença certa no time. A dúvida fica por conta de seu companheiro, que pode ser Yuri Alberto, Leandro Fernández ou até mesmo o garoto Caio Vidal — lembrando que Abel Hernández segue no DM.
Aliás, nem mesmo a formação do time está definida. Desde a chegada de Abel Braga, o time alternou posicionamentos táticos. Dos cinco jogos desde a troca da comissão técnica, foram três esquemas: o 4-1-3-2 que Eduardo Coudet utilizava, o 4-2-3-1 tradicional, com um tripé no meio-campo e um centroavante mais fixo na área, e o 4-4-2 com um losango no meio.
Para a comentarista Renata Mendonça, dos canais SporTV, os problemas recentes do Inter passam pela ideia de jogo, e não pelo esquema. Na avaliação de Renata, que esteve nos comentários do jogo contra o Atlético-GO pelo Premiere, seria interessante para a equipe tentar retomar a característica de intensidade e agressividade na marcação, especialmente no ataque e após a perda da bola:
— Entendo que Abel tem outras ideias, mas talvez para ter mais chance de conseguir um resultado contra o Boca seria importante manter ao menos a ideia de marcação na saída de bola, que dava tão certo com o antigo técnico.
Com os jogadores que for, com o esquema que for, o certo é que o jogo vale muito para o Inter. Se vencer, dará um passo importante rumo à classificação e começa a afastar a má fase que paira sobre o Beira-Rio. Mas, se o resultado for ruim, a crise aumentará e o restante da temporada colorada ficará ainda mais incerta. Ou seja, é ganhar ou aguentar a pressão a partir de quarta-feira.
Opiniões dos colunistas:
"Antes de discutirmos qual seria a escalação ideal do Inter para enfrentar o Boca, há outro debate muito mais importante: qual o padrão tático do time de Abel Braga? Abel chegou ao Inter dizendo que não promoveria mudanças no exitoso modelo de Eduardo Coudet, porém, a retórica não se sustentou. Abel promoveu mudanças táticas e elas não surtiram efeitos. O Inter é um time perdido em campo, os jogadores estão despencando tecnicamente e até mesmo Galhardo está sucumbindo diante de tantas mudanças e indefinições. Antes da escalação, é preciso pensar em tática e estratégia, algo que o Inter não possui. O trabalho de Coudet já desapareceu e o time parece não conseguir encontrar um norte para o recomeço. Mas, diante das circunstâncias, utilizaria uma mescla de experiência e juventude".
Escalação:
Marcelo Lomba; Heitor, Moledo, Zé Gabriel e Uendel; Dourado; Edenilson, D'Alessandro e Patrick; Yuri Alberto e Thiago Galhardo.
"O Inter para encarar o Boca passa menos por formação e muito mais pela ideia de jogo que será aplicada. A partir de uma ideia definida, o que parece ainda não ter esse Inter do Abel, preenche-se com os jogadores que mais se encaixam nela. É preciso mesclar experiência e juventude. Como o jogo contra o Boca será intenso e exigirá uma marcação forte e imposição física, apostaria numa ideia mais próxima do que era adotado até a saída de Coudet, com as linhas mais avançadas e o campo encurtado. Para isso, tiraria da gaveta aquele modelo de jogo e o mandaria a campo. O Inter não pode deixar o Boca pensar o jogo, sentir-se confortável. No primeiro jogo, quando fora, eles procuram baixar a temperatura da partida e, partir disso, assumir o controle. Um nome eu trocaria, de cara: Moisés seria o lateral-esquerdo, para vigiar Salvio e atacá-lo quando o Inter tiver a bola".
Escalação:
Marcelo Lomba; Heitor, Moledo, Zé Gabriel e Moisés; Lindoso; Edenilson, Mauricio e Patrick; Yuri Alberto e Thiago Galhardo.
"O time do Inter para encarar o Boca Juniors precisa ir a campo com o que tem de melhor. Buscar o desempenho que teve, por exemplo, no duelo contra o Flamengo pelo Brasileirão. A ideia para esta quarta-feira é uma mescla de atletas experientes — como Moledo, Uendel, Patrick, Edenilson, D'Alessandro e Thiago Galhardo — com os jovens Heitor, Zé Gabriel, Dourado e Yuri Alberto. O mais importante é mudar o estado anímico do grupo. Jogar a partida como uma final de campeonato. Sem o coração entrar em campo, é sempre complicado passar pelos argentinos. É preciso unir a qualidade, representada por D'Ale, com a força física de Patrick, por exemplo. Em resumo, superação é a palavra de ordem para o Colorado entrar em campo no Beira-Rio".
Escalação:
Marcelo Lomba; Heitor, Moledo, Zé Gabriel e Uendel; Dourado; Edenilson, D'Alessandro e Patrick; Yuri Alberto e Thiago Galhardo.