
Em meio à pressão por resultados e pela sequência sem vitórias no Gre-Nal, o Inter tem uma boa notícia para o jogo de sábado na Arena. Pela primeira vez o clássico poderá ter, do lado colorado, a formação de meio-campo que mais deu certo na temporada.
Em nenhuma das partidas contra o Grêmio, o técnico Eduardo Coudet pôde escalar Lindoso, Edenilson, Patrick e Boschilia, quarteto que ganhou 75% dos jogos que disputou. Esse alto percentual, quando detalhado, perde um pouco de sua força. É que esses quatro jogadores só começaram quatro das 35 partidas do Inter na temporada. Os jogos foram pelo Brasileirão: vitórias sobre Santos, Atlético-MG e Botafogo e derrota para o Fluminense.
Na formação adotada por Coudet, o meio-campo fica com um volante mais recuado (Lindoso, Musto ou Johnny) e uma linha de três jogadores à frente (Patrick pela esquerda, Boschilia e Edenilson trocando entre a direita e o centro). Sem a bola, os da frente precisam aumentar a pressão sobre os defensores adversários, enquanto o volante fica atento para evitar as escapadas.
"Coudet é muito confiante do seu estilo de jogo e para o melhor encaixe possível dentro das suas ideias, sempre busca trabalhar a equipe no 4-1-3-2. Na hora de atacar e se organizar ofensivamente, suas equipes têm o primeiro volante como peça responsável por direcionar e reorganizar o ataque, após cada espaço bloqueado. Os meias caem por dentro, mas auxiliam os jogadores de corredor e também o meia central, fundamental neste modelo, por ser o jogador que deve progredir o time à frente", aponta o relatório de Luiz Juno Martins, do site ProScout, especializado em análise tática.
Essa formação é a preferida do treinador argentino desde os tempos de Rosario Central. Foi repetida no Tijuana e no Racing, e, no Inter, manteve o estilo, mas raramente manteve o quarteto. O excesso de jogos e suas consequências (punições, lesões, oscilações técnicas) contribuíram, mas também é preciso lembrar que, antes da paralisação, o Coudet havia encontrado equilíbrio com Musto, Marcos Guilherme, Edenilson e Boschilia. Foram eles que estavam no único clássico que o Inter não perdeu, válido pelo primeiro turno da Libertadores, na Arena. Ao todo, atuaram cinco vezes juntos e tiveram 46,6% de aproveitamento.
— Como as outras formações não têm dado certo, é hora de mudar. Já se sabe que Musto deixa o time muito lento ao lado de Lindoso. Então uma mexida pode melhorar. Precisa ver se os jogadores são os adequados para o que o treinador pedir. Mas tem outro aspecto para ver, que é desafogar, ficar com a bola na frente. Senão fica só no perde-ganha do meio-campo, daí não adianta — pondera o ex-meia Batista.
A novidade, que já deu certo outras vezes, contra outros times, é o sopro de esperança colorado para mudar o cenário diante do maior rival.
Jogos com esta formação
- Inter 2x0 Santos – Um dos melhores desempenhos do time na temporada. A equipe teve quase 60% de posse de bola e 83% de acertos de passe, que se transformaram em 25 conclusões. Das sete finalizações no gol, duas entraram, com Guerrero e Edenilson. O gol do camisa 8, aliás, é de manual para o time: passe do meio do campo, pivô do centroavante, devolução em velocidade e conclusão perfeita, de cavadinha.
- Fluminense 1x2 Inter – Foi a última partida de Guerrero pelo Inter. O peruano havia aberto o marcador aos 28 minutos, e o meio-campo fazia os movimentos esperados, como Patrick e Edenilson finalizando de dentro da área. Mas dois pênaltis em cruzamentos para a área determinaram a virada do time carioca. O Inter ficou mais tempo com a bola e chutou mais, mas não teve forças depois da lesão do centroavante.
- Inter 1x0 Atlético-MG – Já sem Guerrero, Coudet montou o quarteto do meio-campo e adiantou Marcos Guilherme para jogar mais à frente. O Inter fez um gol cedo, com participação de Patrick e conclusão de Galhardo. Depois, mesmo que não tenha criado muito mais, resistiu ao Galo sem maiores sustos e permitiu apenas uma conclusão em toda a partida. Mudança de estilo, mas efetividade na criação.
- Botafogo 0x2 Inter – O atacante da vez foi D'Alessandro, e o Inter repetiu uma estratégia que estava funcionando. Saiu em alta velocidade e fez um gol cedo, com Galhardo. Aos 27min, ampliou, com Boschilia penetrando na área e tirando Gatito Fernández da jogada. A vantagem permitiu que a equipe administrasse o ritmo do jogo. Até correu riscos, o Botafogo teve dois gols bem anulados, mas saiu vitorioso.
Meio-campo nos Gre-Nais
- Inter 0x1 Grêmio (15/2, Gauchão) – Musto, Lindoso, Edenilson e Boschilia
- Grêmio 0x0 Inter (12/3, Libertadores) – Musto, Edenilson, Marcos Guilherme, Boschilia
- Inter 0x1 Grêmio (22/7, Gauchão) – Musto, Edenilson, Marcos Guilherme, Boschilia
- Grêmio 2x0 Inter (5/8, Gauchão) – Musto, Edenilson, Marcos Guilherme, Boschilia
- Inter 0x1 Grêmio (23/9, Libertadores) – Musto, Lindoso, Boschilia, Marcos Guilherme