O Gre-Nal 427 desta noite no Beira-Rio pode ser um divisor de águas em 2020 e até mesmo na história recente do Inter. Mesmo que o time esteja em segundo lugar no Campeonato Brasileiro e lidere o Grupo E da Libertadores, a ausência de vitórias em clássicos é algo que não fica em segundo plano em uma rivalidade como a dos dois clubes gaúchos.
Quando desembarcou em Porto Alegre para iniciar seu trabalho no Beira-Rio, Eduardo Coudet tinha como missão mudar a forma de jogar da equipe, mas também de devolver o protagonismo e a hegemonia para o lado colorado no Gre-Nal.
Mesmo que a primeira parte tenha sido cumprida e o Inter apresente um futebol propositivo e uma postura mais ofensiva em relação às últimas temporadas, ainda falta ao treinador argentino um triunfo em clássicos.
Até agora foram quatro confrontos contra a equipe de Renato Portaluppi neste ano, sem nenhuma vitória de Coudet. O Inter foi derrotado nos três Gre-Nais do Gauchão e igualou o enfrentamento pela Libertadores, na Arena, quando teve boa atuação, mas insuficiente para fazer sequer um gol no rival.
O último jogador colorado a balançar as redes diante do Grêmio foi Edenilson, no 1 a 0 pelo Brasileirão de 2018. Desde então, são nove clássicos sem vitória vermelha, e o único gol a favor do Inter veio pelo zagueiro Paulo Miranda, que fez contra no empate por 1 a 1, no Beira-Rio, no Brasileirão do ano passado.
Acostumado a disputar os duelos de maior rivalidade em seu país, como Boca Juniors x River Plate nos tempos de jogador, Rosario Central x Newell's Old Boys como atleta e técnico e Racing x Independiente como treinador, Coudet não escondeu, desde sua chegada ao Rio Grande do Sul, que tratava a vitória em Gre-Nal como um objetivo e admitiu o incômodo com o fracasso nas primeiras tentativas.
— Me incomoda muito. Te diria muitíssimo. Quero ganhar (o Gre-Nal). Seguramente que tentaremos novamente nos impor e poder dar o triunfo para os torcedores — disse antes do último encontro com o Grêmio, em agosto, pelo Gauchão.
Após a partida, com vitória gremista por 2 a 0 e o reconhecimento por parte do Inter de sua pior atuação em clássicos no ano, Coudet apontou a parte mental como um fator que pesou contra o seu time. O nervosismo ficou demonstrado no começo do jogo disputado na Arena, quando o Inter levou três cartões amarelos nos primeiros 12 minutos.
Talvez para tentar tirar esse peso, o treinador mudou a postura às vésperas do novo Gre-Nal. Em coletiva após a derrota para o Fortaleza, no sábado, sua última manifestação pública antes da partida desta noite, ele despistou as perguntas sobre o clássico.
— Vamos tentar chegar da melhor maneira possível. Tento fazer o melhor, colocando em campo os jogadores que estão melhores (fisicamente). Trataremos de ganhar, dar alegria à torcida e a nós mesmos — resumiu.
Se a série negativa traz pressão, uma vitória pode mudar completamente o cenário. O Inter tem a possibilidade até mesmo de garantir sua vaga nas oitavas de final da Libertadores nesta quarta. Para isso, além de vencer o Grêmio, precisará que haja vencedor no confronto entre América de Cali e Universidad Católica, que jogam na Colômbia. Um triunfo vermelho ainda deixará em situação difícil o rival, que faz campanha ruim no Brasileirão e vem de derrota na Libertadores na última rodada.
Um dos homens de confiança de Coudet, o volante Rodrigo Lindoso apontou essa possibilidade que o Gre-Nal do Beira-Rio tem de ditar os rumos da temporada para os dois clubes.
— É o nosso maior rival e a gente joga dentro de casa. Sabemos que a vitória nos deixará bem próximo da classificação. A rivalidade é grande, temos a responsabilidade de impor o nosso jogo. É o jogo do ano porque pode definir muita coisa e por se tratar do nosso rival — admitiu.
Entre a consagração e pressão em caso de novo insucesso diante do maior rival, o Inter entrará no Beira-Rio sem torcida nesta noite para encarar o Grêmio no segundo Gre-Nal da história da Libertadores.
O que vale para o Inter
Vitória
Aumentará sua vantagem na liderança do grupo e poderá até mesmo obter a classificação matemática para as oitavas de final caso haja vencedor no confronto de hoje entre América de Cali e Universidad Católica
Empate
Mantém a liderança do chave, mas terá de confirmar a classificação em dois jogos fora de casa, além de continuar sem vencer o maior rival
Derrota
Verá o Grêmio igualar a pontuação e poderá ter América de Cali ou Universidad Católica a um ponto na classificação do grupo