A iminente venda de Bruno Fuchs para o CSKA Moscou poderia abrir uma nova oportunidade para Rodrigo Moledo mostrar serviço ao técnico Eduardo Coudet. Poderia, mas não foi o que se viu no fim de semana, quando o argentino preferiu improvisar o volante Zé Gabriel ao lado de Víctor Cuesta.
— Não tenho problema pessoal com ele. Já conversei com Moledo. As características de jogo dele são distintas ao que eu quero fazer dentro de campo. Eu estou trabalhando para que ele possa fazer as mesmas coisas. É um grande profissional, uma grande pessoa, sempre que falei com ele, compreendeu o que eu falei. Não é algo pessoal, eu acho que para esse jogo, não só pela parte técnica, mas também por essas conversas, preferi escalar outro jogador — explicou o treinador após a derrota de virada para o Fluminense, no Maracanã.
Não é de hoje que o zagueiro vive ostracismo no Beira-Rio. Nas primeiras apresentações do Inter sob o comando de Coudet, ele até se manteve como titular, chegando a disputar a fase preliminar da Libertadores. Porém, bastou Bruno Fuchs desembarcar do Torneio Pré-Olímpico, em que foi campeão com a Seleção Brasileira, para assumir o posto na defesa.
Aos 32 anos, o defensor vive sua sexta temporada com a camisa colorada e, pela primeira vez desde que se firmou como titular em 2011, amarga o banco de reservas. Tanto que, dos 23 jogos realizados pelo Inter em 2020, ele participou de apenas nove. Uma realidade bem diferente à do ano passado, quando era um dos pilares da equipe de Odair Hellmann, ficando de fora apenas por lesão, suspensão ou preservação.
A situação incômoda ficou explícita até para quem está longe do Beira-Rio, tanto que o próprio Fluminense, a pedido de Odair, tentou levá-lo em abril, durante a paralisação das competições. Naquele momento, porém, a diretoria colorada rejeitou a oferta por empréstimo.
De acordo com fontes consultadas por GaúchaZH, Moledo estaria insatisfeito com sua atual condição, mas isso não quer dizer que ele vá deixar o clube neste momento. Até porque nenhuma proposta foi apresentada até agora.
O descobridor
A relação de Moledo com o Inter iniciou ainda em 2009, quando o atleta, então com 23 anos, atuava pelo União Rondonópolis. Formando uma dupla de zaga com o veterano Odvan, ex-Vasco, o zagueiro conseguiu parar o ágil ataque de Tite, que contava com Nilmar.
Assim, mesmo eliminado da Copa do Brasil, o jogador chamou a atenção dos dirigentes colorados. Quase uma década depois, seu antigo treinador revela surpresa com a condição vivida por Moledo atualmente.
— Sou suspeito para falar, porque fui eu que lancei ele. Para mim, sempre foi um jogador de boa qualidade, de marcação muito forte e um grande potencial na bola aérea. Independentemente de ter 32 anos, sempre se cuidou muito — avalia Zé Humberto, que atualmente comanda o Olímpia, na Série A3 do Paulistão.
— Eu sempre gosto de sair jogando com as minhas equipes, como exige o futebol moderno. Ele pode não ser um jogador de muita técnica, mas se você vê deficiência em um jogador, procura trabalhar. É difícil falar não estando no local. Ele atuou comigo há 10 anos. Passaram grandes treinadores por aí e ele jogou com todos. É uma questão de preferência. Agora tem um novo treinador, com uma nova filosofia de jogo e tem que se respeitar. Se fosse comigo, com certeza ele jogaria — completou o antigo comandante.