Quatro anos depois de colocar a bandeira vermelha no ponto mais alto da América pela primeira vez, o Inter estava novamente na decisão da Libertadores. Desta vez, o duelo pela taça se iniciava em outro continente. Com o Chivas Guadalajara definido como adversário, o time treinado por Celso Roth seria o primeiro – e até hoje o único – brasileiro a disputar uma final de Libertadores no México. Nesta quarta-feira (17), a partir das 21h, a Rádio Gaúcha retransmitirá a partida.
A longa viagem para Guadalajara não era o único desafio extra que os colorados teriam de enfrentar. Em 2010, o Chivas já mandava seus jogos em um gramado sintético, uma novidade na elite do futebol – no Brasil, o Atlético-PR só implementou este tipo de grama em 2016. A preocupação era clara nos discursos de dirigentes e jogadores do time gaúcho, que chegou a enviar um pedido à Conmebol tentando transferir o local do jogo para um estádio com piso natural, o que acabou não ocorrendo.
— O jogo fica mais rápido. Nesses casos, costumam molhar o campo, o que deixa mais rápido ainda — alertava o goleiro Renan, que já tinha passado pela experiência do campo artificial na Espanha.
Quando a bola rolou, o percurso até o México e o gramado pareciam problemas superados. Era o Inter quem ditava o ritmo do jogo na casa do adversário, desde cedo criando as melhores oportunidades. O lateral-esquerdo Kleber chegou a acertar a trave, aos quatro minutos. Aos 28, foi a vez de Alecsandro parar no poste.
Mas o Chivas não estava na decisão por ser mexicano nem jogar em um campo mais rápido, havia talento do lado de lá também. E isso ficou claro no último lance do primeiro tempo, quando Adolfo Bautista marcou um golaço de cabeça e abriu o placar.
Se o gramado e o desgaste da viagem não foram suficientes para assustar o Inter, o gol do Chivas tampouco. Naquela altura, o piso já se mostrava um aliado de quem tinha mais jogadores com qualidade no controle de bola e nos passes. E esse time era o Inter.
— Você não está acostumado a jogar na grama sintética e acaba criando um fantasma na cabeça, mas nos deparamos com um campo perfeito. Assim, você não erra passes, acabou sendo melhor. O nosso jogo fluiu naturalmente — recorda o ex-lateral Nei.
A naturalidade descrita por Nei foi vista na segunda etapa. O Inter chegou ao empate com o talismã da campanha Giuliano e virou com o capitão Bolívar: 2 a 1 fora de casa, como havia sido quatro anos antes, no Morumbi. Com a vitória, o Inter revivia o filme de 2006 e voltava para o Beira-Rio precisando apenas de um empate para confirmar a conquista da sua segunda Libertadores.