Ídolo do Inter, Guiñazu está se preparando para voltar ao futebol. Mas não, o volante de 41 anos de idade não continuará jogando. Depois de anunciar sua despedida dos gramados em 2019, o argentino aguarda o fim da pandemia de coronavírus para dar início a uma nova trajetória no Talleres, onde encerrou a carreira de atleta.
— O profissional do futebol tem muitas viagens, concentrações e perde muitas datas importantes. Sempre digo que se paga um preço muito alto para se ter uma carreira completa. Então, aproveitei, curti, descansei e agora é o momento de esperar que passe logo esta pandemia para saber se posso trabalhar no clube, o que seria espetacular. Tenho falado com o presidente, mas a pandemia freou tudo — revelou à GaúchaZH.
Após mais de duas décadas como cigano da bola, jogando por nove clubes em cinco países diferentes, o “Cholo”, como é chamado, resolveu aproveitar um ano ao lado da família. Com a esposa Erika e os filhos Matías e Lucas, fixou residência em Córdoba, na Argentina, e, aos poucos, retornará ao ambiente esportivo. Mas antecipa: não será como treinador.
— Sempre falei que nunca seria treinador. Ao menos, não de time profissional. Os treinadores têm de estar muito preparados, têm de ser “o cara”. Quero entrar no clube para ajudar, escutar e aprender com as pessoas. Gostaria de continuar no gramado, mas como auxiliar ou perto das categorias de base para dar fundamentos aos guris mais jovens. Então, junto ao presidente, vou buscar o lugar exato para contribuir do melhor jeito — explica.
Curiosamente, a indefinição é semelhante à vivida por D’Alessandro, seu ex-companheiro de vestiário no Beira-Rio. A diferença é que, além de seguir jogando, o camisa 10 ainda não descarta a possibilidade de apostar na carreira de técnico.
— É um momento muito complicado porque a gente só sabe fazer isso, se preparou a vida inteira e, quando chega no final, é uma decisão que mexe com a gente. Escutei a entrevista dele, vi ele se emocionar muito e entendo perfeitamente o que ele está sentido. Mas não seremos nós que colocaremos um ponto final na carreira dele. Vamos deixar ele escolher e ser feliz até o último dia. Tomara que não seja neste ano, porque ele ainda tem muito futebol, deu muitas alegrias ao povo colorado e ao futebol argentino — destacou o ex-volante, que aposta no sucesso de D’Alessandro, seja como treinador ou dirigente — Ele poderia ser o que quiser porque é uma pessoa preparada, inteligente, aguerrida e com personalidade, o que é muito importante. Então, vai estar capacitado para tudo. Ele tem é de ser feliz.
Mesmo longe, como se percebe, Guiñazu segue acompanhando o noticiário do Inter. Além da entrevista emocionada de D’Alessandro, ele também viu com atenção a contratação do seu compatriota Eduardo Coudet para comandar a equipe colorada.
— Ele (Coudet) é jovem, ainda tem muito tempo para demonstrar seu potencial, mas aqui já mostrou. Os times dele são de alto nível de competição, ele exige muito dos jogadores. Gosto muito do seu comportamento dentro e fora de campo e do jeito que ele faz os times jogarem. Então, acho que Inter acertou. Tomara que ele dê muitas alegrias para os colorados — avaliou.
Por fim, Cholo não descartou voltar ao Brasil no futuro. Mais especificamente para trabalhar no Inter, clube que defendeu de 2007 a 2012, tendo conquistado quatro Gauchões, uma Copa Sul-Americana, uma Libertadores e uma Recopa Sul-Americana.
— Ninguém descarta nada, mas também não exijo absolutamente nada. Tenho Porto Alegre como minha casa. Minha família ama a cidade. Então, essa porta sempre ficará aberta. Mas não depende apenas de mim. Aqui no Talleres também serei feliz, porque o pessoal sempre me trata bem. Mas pode ficar tranquilo que o Inter tem mais da metade do meu coração e sempre será bem-vindo qualquer convite. Somos, seremos e fomos muito felizes aí — concluiu.