Muito antes de Adriano Gabiru escrever seu nome na história do Inter e ajudar o clube a vencer o Barcelona e ganhar o título mundial em 2006, o Colorado já havia posto seu nome nos livros do clube catalão. Tradicional torneio de abertura da temporada da equipe espanhola, o Troféu Joan Gamper de 1982 teve ares ainda mais especiais para o Barcelona. Além de marcar um Camp Nou remodelado, a partida também significava a estreia de Diego Armando Maradona com o número 10 catalão. Junto com Inter e os anfitriões, também participaram o Colônia, da Alemanha, e o Manchester City, da Inglaterra.
O time gaúcho, após uma década de 1970 recheada de títulos, estava em reformulação. Falcão, Batista e Mário Sérgio já haviam deixado o clube. As apostas eram jogadores como Mauro Galvão, jovem de 21 anos, que também já havia ganhado o título brasileiro invicto de 1979.
A festa estava formada para a estreia de Maradona no dia 24 de agosto de 1982. Mais de 100 mil pessoas estavam no Camp Nou para um momento especial para os catalães. O argentino chegava para mudar o clube espanhol de patamar, mas, pelo menos naquele dia, não foi isso que se viu.
— Havíamos perdido para o Barcelona no torneio Teresa Herrera por 1 a 0. Nosso time era entrosado, estávamos confiantes de que poderíamos ganhar. Falamos para nós mesmos que não iríamos para passear na Europa. A notícia da chegada do Maradona nos deu uma motivação. Sabíamos que tínhamos duas maneiras de entrar para a história, vencendo ou perdendo por 4, 5 a 0. Conseguimos sair vitoriosos — conta André Luiz, capitão do time naquela conquista.
Para estragar a festa, o Inter de Benítez, Mauro Galvão, Ruben Paz e Cléo segurou o empate em 0 a 0 no tempo normal e depois venceu nos pênaltis por 4 a 1 (só Maradona acertou para os espanhóis).
— Naquela oportunidade, fomos para esse torneio na Espanha, era uma competição bem importante, e aconteceu de ser a estreia do Maradona. Um time bom, que também tinha o (Bernd) Schuster (meio-campista alemão).O estádio estava cheio, acabamos empatando e vencendo nos pênaltis. O pênalti do Maradona, a bola entrou, mas nem encostou na rede (risos) — conta Mauro Galvão, ex-zagueiro do Inter. — Foi diferente para mim também, porque joguei no meio-campo aquela partida, marcamos muito. É sempre muito difícil marcar grandes jogadores, ele tinha uma arrancada muito forte. Precisamos marcar em dois, três. Depois, enfrentamos o Manchester City na final e vencemos.
Na decisão, contra um Manchester City ainda muito longe de ser patrocinado pelos petrodólares dos xeques, o Inter não tomou conhecimento e venceu pelo placar de 3 a 1 — gols de Edevaldo, Paulo Cezar e Fernando Roberto, enquanto MacDonald descontou para os ingleses.
O Barcelona encerraria a disputa na lanterna após ser derrotado pelo Colônia, também nos pênaltis. Com isso, o Colorado se consagrou como o primeiro e até hoje único não-europeu a vencer o torneio Joan Gamper na história.
Ficha da final
Inter 3x1 Manchester City - Estádio Camp Nou - 25/08/1982
Inter: Benitez; Edevaldo, Mauro Pastor, Mauro Galvão e André Luiz; Ademir Kaefer, Müller (Joãozinho) e Cléo (Sílvio); Paulo César Maringá (Fernando Roberto), Rubén Paz e Silvinho.
Técnico: Ernesto Guedes.
Manchester City: Joe Corrigan; Ray Ranson, Bobby McDonald, Dennis Tueart e Kempron (Andy May); Kevin Bond, Kevin Reeves e Asa Hartford; Hakeide, Cross e Power.
Técnico: .
Gols: Edevaldo (11' do 2º), Paulo César (16' do 2º) e Fernando Roberto (37º do 2º)/ Mc Donald (40' do 2º)