O técnico Diego Aguirre entrou para a história do Inter. Nem tanto pelo título gaúcho conquistado no primeiro semestre de 2015. Tampouco por ter levado o time à semifinal da Libertadores daquele ano, caindo diante do surpreendente Tigres, do México. O uruguaio ficou marcado por sua demissão a três dias de um Gre-Nal. Na tentativa de criar um "fato novo" para o clássico, a direção colorada criou um clima de velório entre os jogadores que culminou com uma goleada histórica de 5 a 0 sofrida para o maior rival.
Como atleta, Aguirre já havia passado pelo clube no final da década de 1980. E quis o destino que ele fosse o substituto de seu antigo treinador. Aliás, outros profissionais foram especulados após a saída de Abel Braga. Antes de sua contratação, a gestão recém-eleita sondou nomes como Tite, Mano Menezes e Muricy Ramalho. Assim, chegou ao uruguaio que, em 2011, havia levado um modesto Peñarol à decisão da Libertadores depois de eliminar o Inter nas oitavas de final, em Porto Alegre.
Sob o comando do ex-atacante, o Colorado foi avançando, nem sempre com boas atuações, mas conseguiu bons resultados. Em 48 jogos, obteve 24 vitórias, 15 empates e apenas nove derrotas (um aproveitamento de 60,4%). Ainda assim, acabou dispensado com sete meses de trabalho.
— Vínhamos conversando e hoje pela parte da manhã tomamos essa decisão. O Pellegrini (vice-presidente de futebol) implantou a decisão entre 10h e 10h30min. Resolvemos fazer antes do clássico para criar uma atmosfera que possa nos ajudar — anunciou o presidente Vitório Piffero — Talvez possamos ter outro rendimento no Gre-Nal — sentenciou.
O tiro saiu pela culatra. A bomba estourou no colo de Odair Hellmann, que assumiu a equipe de maneira interina. O que se viu foi uma equipe apática, sendo atropelada por um Grêmio intenso.
O mais impressionante foi o tempo levado para que a direção anunciasse a demissão. Depois de comandar o Inter no empate em 0 a 0 com a Chapecoense, pelo Brasileirão, Aguirre iniciou a semana de treinos, deixando o cargo somente na manhã de uma quinta-feira. Com o tempo, uma das versões contadas nos bastidores é que o título da Libertadores conquistado pelo River Plate, na noite anterior, sobre os mexicanos que haviam eliminado o Colorado, irritou os dirigentes.
— Talvez poderíamos estar comemorando a Libertadores agora. Não sei se a palavra é chateado, mas estou surpreendido. Três dias antes de um Gre-Nal, enquanto eu estava motivando os jogadores, acreditando que era um jogo decisivo. Fiquei surpreso por isso. Eu gostaria de estar neste Gre-Nal no domingo. Estou invicto em clássicos — manifestou o Aguirre em entrevista coletiva concedida antes de deixar Porto Alegre.
O uruguaio acabou sendo substituído em definitivo por Argel Fucks. Mas, antes de acertar como o novo treinador, os dirigentes colorados foram a Santiago para tentar tirar Jorge Sampaoli da seleção chilena. Enfim, uma das tantas trapalhadas que levariam o clube ao inédito rebaixamento no ano posterior.