Jajá Coelho não conseguiu o destaque que queria quando vestiu a camisa do Inter, em 2012. Em 28 partidas, o atacante balançou as redes apenas quatro vezes. Sem jogar desde meados de 2019, quando deixou o Seongnam FC, da Coreia do Sul, o jogador de 34 anos rodou o mundo graças ao futebol. Foram 20 clubes e 10 países diferentes ao longo da carreira. Mesmo sem jogar em 2020, nega que tenha se aposentado.
— Quero Série A (do Brasileirão). Tem de ser de acordo com a qualidade do jogador — projetou, sobre a sequência da carreira.
Em 2017, quando defendia o Buriram United, da Tailândia, Jajá foi o brasileiro que mais marcou gols no ano. Foram 39 bolas na rede em 41 partida disputadas. Para ele, a marca poderia ter sido ainda maior:
— Nenhum gol foi batendo pênalti. Passaria Cristiano Ronaldo e Messi — brinca o ex-colorado.
Nunca existiu facilidade na vida de Jajá. Nascido em Ipatinga, no interior de Minas Gerais, foi revelado pelo América-MG. Já morou na Holanda, Bélgica, Ucrânia, Emirados Árabes, Turquia, Coreia do Sul, China, Espanha e Tailândia. Tantas mudanças por novos contratos renderam o famoso "pé de meia".
— Deu para fazer uns cem (pés de meia). As minhas mudanças foram todas por compra. No Brasil, tudo por empréstimo. Sempre fazendo bons contratos, com bons salários, quando era vendido — admitiu.
Apesar de ser um andarilho da bola, Jajá considera que faltou marcar o seu nome na terra natal. Garante ter sido procurado pelos gigantes italianos Milan e Inter de Milão, mas o sonho sempre foi de brilhar no Brasil. Teve oportunidades em Flamengo, Inter e Coritiba, mas não conseguiu o destaque que planejava.
— O sistema europeu de visão é de uma forma, o brasileiro é de outra. Lá na Europa, eles querem saber o bem-estar do atleta. No Brasil, é diferente. Você tem que pensar em você, na torcida, no clube e em outros fatores — justifica.
No Colorado, o jogador considera que foi atrapalhado pelo extra-campo. Admite ter feito algumas festas, mas nada que tenha diminuído seu rendimento no Beira-Rio.
— Todo mundo viu a minha qualidade, fomos campeões gaúchos. As coisas que aconteceram foram fora de campo — relatou.
Os principais amigos de Jajá na capital gaúcha foram o centroavante Jô e lateral-esquerdo Fabrício. Ainda há boas lembranças de Índio e Nei, além do carinho por um dos maiores ídolos na história do Inter: Fernandão.
— Ele era um cara sensacional. Me ajudou muito — relembrou.
Isolado em virtude do coronavírus, Jajá agora é dono de uma rede de postos de gasolina em Minas Gerais. A vida de empresário não é tão fácil assim:
— As duas coisas são difíceis, mas jogador, pela minha qualidade, era mais fácil (risos).