É provável que o Inter parta para o sexto jogo sob o comando de Zé Ricardo com um time fechadinho, para evitar gols. Com apenas 25 dias de Beira-Rio, o treinador carioca agora começa a conhecer melhor o elenco, as posições dos jogadores, e até mesmo a como montar um Inter para atuar como visitante. Em cinco jogos, as cinco equipes diferentes montadas pelo técnico sofreram oito gols, no total.
A lição da Arena, quando o treinador escalou um time demasiadamente aberto diante do Grêmio, lhe rendeu uma pesada derrota. Agora, para enfrentar um Corinthians, adversário direto na vaga à Libertadores, Zé Ricardo precisará rearmar o sistema defensivo e, sobretudo, protegê-lo. Empatado em pontos com o time paulista, o Inter pode tirar vantagem futura caso não perca o clássico de domingo (17), às 18h, em Itaquera.
Inter e Corinthians são times bem parecidos — e não apenas pelo insosso 0 a 0 do primeiro turno do Brasileirão, no Beira-Rio. Ao menos nos números, são almas gêmeas. Ambos têm 49 pontos no Brasileirão. O Inter marcou 37 gols contra 36 dos paulistas, e até as defesas sofreram quase a mesma quantidade de gols: 32 colorados e 29 corintianos. A vantagem do Inter até o momento, e o que o coloca uma posição à frente do time do interno Dyego Coelho. O melhor ataque do Brasileirão pertence ao Flamengo, dono de 72 gols. Enquanto que a melhor defesa é a do São Paulo, que foi vazada apenas 23 vezes em 32 jogos.
Enquanto tenta dar ao Inter maior consistência defensiva, Zé Ricardo ainda sofre com algumas inconsistências e com a falta de identidade de um time que, nos últimos 35 dias, trocou de comando três vezes.
— O Inter sofre muitos gols porque não tem intensidade — entende Léo Miranda, jornalista e analista de desempenho do site Globo.com, que complementa:
— O time não pressiona a bola, e é lento para se defender. Não sabe se marca alto ou mais recuado. Sofre tantos gols porque trocou um trabalho consistente por outros técnicos para apenas dois meses. É um time defensivamente desorganizado. Para parar de tomar tantos gols, precisa ter uma estratégia mais definida. O Zé Ricardo precisa olhar o elenco, e ver o que já fizeram de bom no ano. O clube não tem elenco para sufocar a marcação. Talvez a solução realmente seja jogar fechado explorando os contra-ataques.
O Inter sofre muitos gols porque não tem intensidade. O time não pressiona a bola, e é lento para se defender. Não sabe se marca alto ou mais recuado"
LÉO MIRANDA
Jornalista e analista de desempenho do site Globo.com
Problemas à parte, a média de gols sofridos pelo Inter de Zé Ricardo é menor do que a do time de Odair Hellmann no Brasileirão: 0,62 gol por jogo x 0,95 gol por jogo (ver quadro abaixo). Já o Inter do interinato de Ricardo Colbachini sofreu uma média menor de gols: 0,33 por partida. É bem verdade que Odair Hellmann precisou disputar diversas partidas com um time reserva ou misto, por estar jogando três competições ao mesmo tempo.
— O Inter precisa se proteger melhor. Para ontem. Precisa de mais atenção no encaixe individual. O time tem que ter mais sincronia. Também precisa de alguém mais posicionado na frente da área. Edenilson e Lindoso são "chegadores", por mais que o Lindoso tenha sido treinado para jogar à frente da área. Dourado faz falta nessa função, porque ele tomava conta de toda frente da área — adverte Mairon Rodrigues, analista do Footure.
Na Era Zé Ricardo, o Inter tem sofrido com os ataques adversários pelas pontas e com os cruzamentos na área. Tanto é assim que, em apenas cinco jogos, o treinador já se utilizou Heitor, Bruno, Zeca e Uendel como titulares nas laterais — além de Edenilson e de Patrick, em momentos específicos de alguns jogos.
— Não há como analisar qualquer problema no Inter sem apontar o erro estratégico que foi a demissão de Odair. Ainda mais tendo em conta que o grupo gostava muito do "Papito", e isso tem um peso no vestiário. Não dá nem para colocar Zé Ricardo no paredão, pois com apenas cinco jogos não se pode fazer muito para reverter uma frustração como essas — afirma Gustavo Fogaça, comentarista da DAZN e analista de desempenho.
— É impressionante como o Inter ficou menos intenso sem a bola. Não há dúvidas que os problemas vêm da falta de intensidade defensiva. E como você vai fazer o time ser intenso quando ele ainda vive um estado de frustração? "O jogador corre pelo treinador", essa máxima do futebol é eterna. E não há muitas razões para esse grupo correr por um treinador tampão — aponta Fogaça.
Gols sofridos pelo Inter no Brasileirão
Inter de Odair Hellmann
24 jogos, 23 gols
Média de 0,95 gol por jogo
Inter de Ricardo Colbachini
Três jogos, um gol
Média de 0,33 gol por jogo
Inter de Zé Ricardo
Cinco jogos, oito gols
Média de 0,62 gol por jogo
Por onde o Inter vaza
Como foram os gols sofridos na Era Zé Ricardo
Bahia 2x3 Inter
— Artur recebe livre pelo lado esquerdo de defesa do Inter, invade a área, dá um corte em Zeca, e chuta. A bola bate na trave, o rebote pega em Marcelo Lomba e entra.
— Cruzamento para a área do Inter, nem Heitor, nem Cuesta cortam, e a bola sobre para Juninho, que pega de primeira e marca um golaço.
A escalação: Marcelo Lomba; Heitor, Bruno Fuchs, Víctor Cuesta e Zeca; Rodrigo Lindoso, Edenilson, Guilherme Parede (Pottker), Neilton (Sarrafiore) e Wellington Silva (Bruno Silva); Guerrero.
Inter 1x1 Athletico
— Madson vai para cima de Zeca, com apenas um movimento deixa o lateral deitado (o lance acabou por encerrar a temporada de Zeca, devido a uma lesão no quadril), e cruza para o meio da área, onde Rony, desmarcado — e apenas observado por Moledo e por Heitor —, chuta para marcar.
A escalação: Marcelo Lomba; Heitor, Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Zeca; Rodrigo Lindoso, Edenilson e D'Alessandro; Guilherme Parede (Nico López), Patrick (Wellington Silva) e Paolo Guerrero.
Grêmio 2x0 Inter
— Falta para o Grêmio pelo lado direito da defesa do Inter. Alisson cruza no meio da área, Geromel decola e marca de cabeça, diante de Lindoso e de Moledo, que saltam atrás do zagueiro do Grêmio, sem chance alguma de cortar cruzamento ou cabeceio.
— Já com um jogador a menos (após a expulsão do goleiro Marcelo Lomba), o Inter é pressionado. Pepê vai para cima de Edenilson (então transformado em lateral-direito), que apenas o cerca, sem dar o bote. Pepê então passa para a entrada da área, onde Rômulo chuta de primeira, encobre um surpreso Danilo Fernandes, e faz o 2 a 0.
A escalação: Marcelo Lomba; Bruno (Patrick), Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Uendel; Rodrigo Lindoso e Edenilson; Guilherme Parede (Danilo Fernandes), Neilton (D'Alessandro) e Wellington Silva; Paolo Guerrero.
Ceará 2x0 Inter
— As laterais do Inter são um caminho livre para os adversários. O 1 a 0 do Ceará saiu após um lançamento às costas de Uendel. Samuel Xavier cruzou na pequena área, a bola foi de ponta a ponta sem que ninguém cortasse, até chegar a Thiago Galhardo que, mesmo marcado por Lindoso (que se abaixou em vez de cabecear) mergulhou para marcar de cabeça.
— Lindoso afasta mal uma bola de dentro da área, Mateus Gonçalves pega o rebote, corre pela entrada da área do Inter, até chegar à meia-lua e chutar no canto esquerdo de Danilo Fernandes.
A escalação: Danilo Fernandes; Heitor, Bruno Fuchs, Víctor Cuesta e Uendel; Rodrigo Lindoso, Bruno Silva (Guilherme Parede) e D'Alessandro; William Pottker (Wellington Silva), Patrick e Paolo Guerrero (Rafael Sobis).
Inter 2x1 Fluminense
— O Inter já vencia por 2 a 0, quando Víctor Cuesta perdeu a bola no campo ofensivo, armando o contra-ataque do Fluminense. Wellington Nem correu até a entrada da área, apenas cercado por Moledo, até bater na saída de Marcelo Lomba, e descontar.
A escalação: Marcelo Lomba; Heitor, Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Uendel; Rodrigo Lindoso, Edenilson e Patrick; D'Alessandro (Guilherme Parede), Guerrero (Rafael Sobis) e William Pottker (Nico López).
A provável formação para domingo, diante do Corinthians
Marcelo Lomba; Heitor, Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Uendel; Rodrigo Lindoso, Edenilson, Patrick e D'Alessandro; William Pottker e Rafael Sobis.