Zé Ricardo esboçou o seu primeiro Inter com um setor ofensivo formado por Guilherme Parede, Neilton e Wellington Silva. Com Patrick e D'Alessandro suspensos, além de Paolo Guerrero, preservado do primeiro treino com o seu antigo treinador no Flamengo, essa escalação surgiu como opção.
O segundo treino, porém, fechado, conforme manda a cultura colorada, poderia conter surpresas. O que parece claro é que o Inter está se despedindo de Nico López. Além de perder vaga no time, o uruguaio deve ser vendido aos mexicanos do Tigres em breve.
Apesar de uma escalação com Parede, Neilton e Wellington parecer um tanto frágil em um primeiro momento, esse modelo pode ter sido sugerido a Zé Ricardo. Com desfalques, e quase sem conhecer o elenco, o técnico estreante precisa de apoio.
Como se trata de uma partida emergencial, já que o Bahia de Roger Machado é concorrente direto ao Inter e seus planos de Libertadores 2020, e Zé Ricardo desembarcou no Beira-Rio na terça-feira, essa provável escalação lembra a formação de Odair Hellmann que bateu o Atlético-MG por 3 a 1, na Arena Independência.
Naquele jogo, atuando com Rithely, Nonato, Neilton mais Pottker, Guilherme Parede e Rafael Sobis, o Inter dominou os donos da casa e venceu sem dificuldades. Aquela manhã de domingo mostrou um Inter mais corajoso e com postura ofensiva longe do Beira-Rio — o que não se repetiu com Odair, e o que a direção deseja ver agora com Zé Ricardo.
— Essa questão, de tirar o Nico do time, vai das características preferidas do treinador. Talvez, por isso, a escolha por sacar o Nico neste momento. Sarrafiore tem entrado bem, mas é possível que se entenda ainda não ter chegado o momento ideal. Me parece que Sarrafiore precisa ter sequência para pegar confiança, pois quando entra joga bem. Sem ter ritmo de jogo fica mais difícil — entende Bolívar, capitão do Inter na conquista do bicampeonato da Libertadores e atual técnico do Brasil-Pel.
Para outro técnico e ex-jogador campeão com o Inter, Daniel da Costa Franco, lateral-esquerdo na Copa do Brasil de 1992, a saída de Nico López faz parte de uma reformulação tática da equipe, pois Zé Ricardo deve trocar o 4-2-3-1 pelo 4-4-2.
— O Inter precisa voltar a vencer, e certamente Zé Ricardo recebeu informações do clube. Ele já está mudando o sistema tático do Inter e, com isso, precisa mudar peças também. O Colorado precisa de velocidade pelo lado, de um jogador mais agudo, e ele tem isso em qualquer um desses três (Parede, Neilton e Wellington Silva), ainda que Parede se doe mais em campo. Neilton rende mais por dentro. Imagino que a opção nesse primeiro momento seja pelo Wellington Silva, uma vez que ele foi utilizado em jogos mais importantes do que os outros dois. Sarrafiore tem o maior poder de finalização do time, afora Guerrero e D'Alessandro, e talvez também seja a hora de escalá-lo — aposta Daniel.
Os ventos no Beira-Rio parecem ter realmente mudado. Desde a contratação de Zé Ricardo, lideranças coloradas têm dado entrevistas elogiando o estilo ofensivista do carioca. Depois de Paolo Guerrero, agora foi a vez de Víctor Cuesta destacar o futebol para a frente do substituto de Odair Hellmann. Até mesmo um churrasco de boas-vindas ao novo comandante foi promovido no CT Parque Gigante.
— Um time mais ofensivo, marcando mais alto. Temos poucos dias antes de um jogo muito importante. Não dá para fazer muita coisa diferente, jogando fora de casa, porque a gente vem trabalhando de uma forma, e é difícil mudar muito em poucos dias, mas as primeiras impressões são muito boas — respondeu Cuesta, questionado sobre Zé Ricardo.
— Gosto de jogar com as linhas adiantadas, mas tem de ter uma pressão lá em cima. Os zagueiros não podem adiantar linhas se não tiver cobertura, pois há muito espaço. Mas me sinto confortável com essa ideia (de um time mais ofensivo) — acrescentou.
Cuesta destacou ainda que o grupo precisará dar suporte ao novo treinador, a fim de votar á Libertadores, e esperar pela chegada de Eduardo Coudet.
— O importante é conseguir o objetivo (Libertadores), com o Zé Ricardo no comando, nesses 40, 50 dias, porque vai ser muito importante para o clube, para a diretoria, e para os jogadores que vão ficar. Não trabalhei com ele (técnico Eduardo Coudet), mas as referências são muito boas, as equipes dele sempre jogam de maneira intensa — finalizou o argentino.
O primeiro teste do Inter de Zé Ricardo, sem Nico López, será neste sábado, em Salvador.
A temporada dos postulantes à vaga de Nico
Guilherme Parede
- Jogos — 38
- Gols — 3
- Foi titular em 17 jogos
Wellington Silva
- Jogos — 31
- Gols — 2
- Foi titular em nove jogos
Sarrafiore
- Jogos — 32
- Gols — 6
- Foi titular em sete jogos
Neilton
- Jogos — 22
- Gols — 1
- Foi titular em 11 jogos