No dia 8 de dezembro de 1992, o Beira-Rio presenciou uma atmosfera muito parecida com a desta quarta-feira (4). Após vencer o poderoso Palmeiras por 2 a 0, no jogo de ida, no Palestra Itália, o Inter dependia apenas de um empate para garantir a vaga na final da Copa do Brasil. Naquela noite, o time do técnico Antônio Lopes se impôs e derrotou o time paulista por 2 a 1, abrindo caminho para o título da competição. Quase 27 anos depois, a equipe colorada, hoje comandada por Odair Hellmann, vive uma situação muito similar, no jogo desta noite, contra o Cruzeiro.
— Vejo muitas semelhanças. Assim como nós em 1992, o Inter conquistou uma vantagem importante fora de casa. Apesar de ter caído há pouco na Libertadores, o time tem o Beira-Rio como trunfo, assim como a gente naquela época. A diferença é que nós não tivemos essa questão de sermos eliminados de uma competição importante pouco antes. Mas o momento entre as duas equipes hoje favorece o Inter, pois o Cruzeiro está instável — avalia Daniel da Costa Franco, lateral-esquerdo colorado no título da Copa do Brasil de 1992.
Titular naquela vitória sobre o Palmeiras de César Sampaio, Mazinho, Zinho e Cuca, no jogo de São Paulo, o então meia Silas acredita que o Inter não pode jogar para empatar, mesmo com a vitória por 1 a 0 diante do Cruzeiro, no jogo de ida, no Mineirão.
— O nosso time era muito bom, tinha Maurício, Gérson, Caíco, Célio Silva, Célio Lino, Élson... Nós entramos para ganhar. O empate poderia até ser uma consequência, mas nós nunca cogitamos jogar pelo empate. O Inter tem de fazer o mesmo. Até porque o Cruzeiro é um time que joga, mas que também deixa jogar — opina Silas, hoje técnico de futebol.
Titular nos dois jogos contra o Palmeiras, Daniel Franco também é contra a ideia de "administrar" a partida, pelo menos nos minutos iniciais.
— Na semifinal de 1992, nós fizemos o que vínhamos fazendo na competição. Não nos preocupamos em "sentar" na vantagem e sim em aumentá-la ainda mais. Não pode mudar a maneira de atuar por causa da vantagem. Tem de propor o jogo, porque vai ter casa cheia, e o torcedor quer ir para final. Jogar mais atrás tem que ser mais para o final do jogo. Mas não pode entrar no jogo pensando nisso — completa Daniel.
Naquela partida contra o Palmeiras, o Inter de Antônio Lopes atuou no Beira-Rio com: Gato Fernandez; Célio Lino, Célio Silva, Pinga e Daniel; Ricardo, Elson, Caíco e Marquinhos (Norton); Maurício e Gérson. Os gols colorados foram marcados por Maurício e Gerson, enquanto Dorival Júnior, hoje treinador, descontou para os palmeirenses, comandados pelo gaúcho Otacílio Gonçalves. Na final, os colorados derrotariam o Fluminense, conquistando o primeiro, e, até agora, único, título da Copa do Brasil. Na noite desta quarta (4), o Inter de Odair Hellmann tentará reescrever a história eternizada em 1992.