Após mais de três anos, o Cruzeiro teve troca de treinador. Mano Menezes pediu demissão na quarta-feira (7), e o clube mineiro tirou Rogério Ceni do Fortaleza para substituir o gaúcho. O time celeste está na zona de rebaixamento do Brasileirão e em desvantagem na semifinal da Copa do Brasil — perdeu o jogo de ida para o Inter, no Mineirão, por 1 a 0. Mas a chegada do novo comandante pode significar uma grande mudança.
Ainda que o Cruzeiro tenha de, antes de tudo, voltar a vencer – soma apenas um triunfo nas últimas 19 partidas –, e que a situação no Brasileirão seja delicada, Ceni falou sobre a Copa do Brasil em sua apresentação. Disse ser possível construir um resultado contra o Inter para avançar à final do torneio, ainda que considere um jogo difícil.
Em Belo Horizonte, a chegada do ex-goleiro ao comando cruzeirense parece ser animadora. Isso devido ao bom trabalho feito no Fortaleza, onde, em pouco mais de um ano e meio, foi campeão da Série B, em 2018, e do Campeonato Cearense e da Copa do Nordeste, em 2019.
— Com relação à chegada do Rogério, vi como algo positivo, porque ele é um cara que trilhou um caminho para ter consistência como treinador. No Fortaleza, pegou bagagem, ficou mais cascudo. Coloca o time para frente, (gosta) de velocidade e de explorar jogadas pelos lados — destaca Junior Brasil, comentarista da Rádio Itatiaia-MG.
— O calcanhar de Aquiles do Cruzeiro tem sido o ataque, que faz poucos gols. Alguns jogadores precisam ser recuperados. Dá para acreditar que o Ceni, por tudo o que representa, pode reabilitar esses jogadores e vir a ser um escudo para o clube diante de tanta turbulência — acrescenta.
O jogo de volta da Copa do Brasil contra o Inter, no Beira-Rio, ocorrerá no dia 4 de setembro. Até lá, o Cruzeiro terá três partidas pelo Brasileirão, contra o líder Santos, em casa, o CSA, fora, e o Vasco, novamente como mandante.
— Existia um clima aqui em Belo Horizonte depois do jogo contra o Inter, mesmo depois da saída do Mano, de resignação até, com a possibilidade de derrota, por ter de vencer o adversário fora de casa. O discurso do Rogério, desde a chegada, esteve alinhado com a ideia de dar esperança ao torcedor, o tempo todo citando o jogo do qual o torcedor poderia esperar alguma coisa. Acho que a chegada dele aumenta a possibilidade do Cruzeiro conseguir um grande resultado — afirma Henrique Fernandes, comentarista da TV Globo Minas.
Um aspecto que chama a atenção em Rogério Ceni é sua metodologia de trabalho. Suas ideias implantadas no Fortaleza, de futebol ofensivo, foram uma novidade em relação ao que o clube cearense estava historicamente acostumado a apresentar. Isso vai de encontro ao que o Cruzeiro demonstrava em campo com Mano Menezes, um técnico com visão mais defensiva. Por isso, a mudança de ideologia e, consequentemente, de comportamento tático, alterará a maneira de o time mineiro jogar.
— Em relação a sistema tático, Ceni sempre teve linguagem inovadora. O Fortaleza é um time tradicional do Nordeste, mas não jogava de forma tão ofensiva, priorizando o toque de bola. Com a chegada dele, isso mudou. O time joga mais ou menos em um 4-2-4, com dois volantes de marcação e quatro de ataque quando tem a bola. Quando não tem, os dois pontas voltam para marcar — analisa Rodrigo Cavalcante, do Portal Artilheiro, de Fortaleza.
— Times completamente compactados. É isso que o torcedor do Cruzeiro pode esperar. Time que trabalha bem a bola e, principalmente, ofensivo — completa.
O desafio de Rogério Ceni à frente do Cruzeiro será em duas frentes. No Brasileirão, terá de sair do incômodo 18º lugar na tabela, com 11 pontos e apenas duas vitórias após 14 rodadas. Além disso, tentará reverter a vantagem do Inter na Copa do Brasil, no Beira-Rio, onde os comandados de Odair Hellmann demonstram muita força. Mas, aparentemente, a chegada do técnico pode servir de motivação para que os mineiros tentem cumprir seus objetivos.