Além da vantagem para o jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores, no Beira-Rio, a vitória por 1 a 0 sobre o Nacional, no Parque Central, na quarta-feira (24), ajudou a consolidar Wellington Silva como o 12º jogador do Inter. O atacante vem ganhando espaço após a pausa para a Copa América e mostrou, com a jogada para o gol de Paolo Guerrero, a resposta esperada por Odair Hellmann.
Wellington Silva foi pouco utilizado no primeiro semestre, sobrando inclusive do banco na maioria dos jogos. Nas seis rodadas da fase de grupos da Libertadores, ficou de fora dos relacionados em quatro. Contra o Palestino, no Beira-Rio, ficou na reserva, mas não entrou. Seu único jogo foi contra o River Plate, também em casa, quando ingressou aos 21 minutos do segundo tempo, no lugar de D'Alessandro. No Brasileirão, o atacante participou de apenas um dos nove jogos ocorridos antes da Copa América – na vitória sobre o Bahia, no Beira-Rio. E, ainda assim, entrando no segundo tempo. Em todas as outras partidas, sequer foi relacionado.
No segundo semestre, porém, a situação mudou. Dos cinco jogos realizados após a Copa América, Wellington Silva participou de quatro. Ficou no banco e não entrou no jogo de ida contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Foi titular contra Athletico-PR e Grêmio, pelo Brasileirão, e entrou no segundo tempo no jogo da volta contra o Palmeiras, antes de ser acionado também contra o Nacional, em Montevidéu.
O foco nos treinos foi um dos motivos que levaram Wellington a receber mais oportunidades após a intertemporada. Além disso, a insatisfação do jogador com a reserva e a busca por espaço agradaram Odair, que incentiva a disputa interna entre seus comandados.
— Jogador do Inter não tem de gostar de estar no banco. Aqui não é uma colônia de férias — disse o técnico colorado após a vitória sobre o Nacional.
O comentarista do Grupo RBS Diogo Olivier destaca que Odair nunca desistiu de Wellington Silva. O treinador foi importante para o Inter renovar o contrato do jogador, apesar das poucas participações que ele teve em 2018.
— Por mais que Wellington esteja demorando a se justificar, Odair nunca desistiu dele. Lembro de um Globo Esporte, da RBS TV, que fizemos ao vivo do CT Parque Gigante, véspera de rodada, reta final do Brasileirão. O treino terminou e todos foram para o vestiário. Só duas pessoas ficaram no campo: Odair e Wellington. O técnico trabalhou finalizações sozinho com ele. Pareceu-me um carinho, do tipo: "Olha, não te esqueci e ainda confio em ti". O que sempre ouvi nos bastidores é que tem uma parte psicológica e mental que o jogador precisa superar para ter sequência e consolidar o seu futebol de drible. O Arsenal não teria vindo atrás dele por nada — lembra Olivier.
Essa função de 12º titular é algo que Odair tem buscado consolidar desde o ano passado. Pela questão física que impede D'Alessandro de disputar todas as partidas – principalmente fora de casa –, o treinador normalmente recorre a atacantes para substituir o camisa 10. Em 2018, William Pottker foi esse jogador em diversos momentos. Mas nem os cinco gols marcados no Brasileirão fizeram o camisa 99 cair nas graças da torcida.
Em 2019, Odair tentou com Martín Sarrafiore, mas foi Guilherme Parede quem mais fez essa função no primeiro semestre. O atacante esteve em campo em oito dos últimos 10 jogos do Inter antes da Copa América. Na volta, Parede atuou apenas uma vez, no Gre-Nal. A assistência contra o Nacional consolidada ainda mais a vantagem de Wellington Silva nessa disputa.
— Daqui para frente, estou conseguindo oportunizá-lo, pois ele está conseguindo entrar bem. É um jogador de drible curto, de um contra um. O gol (contra o Nacional) surgiu nisso, em uma transição bem feita. Como resultado, ele encontrou no drible o espaço para o Guerrero. Que ele possa aproveitar esse bom momento — comemorou Odair, no Parque Central, após a vitória da quarta-feira.