As histórias são diferentes, mas o reconhecimento é repetitivo. Cada um que teve a oportunidade de conviver com Fernandão nutre sentimentos diversos pelo centroavante. Todos de gratulação à grande pessoa que o capitão do Mundial de 2006 foi. Para Rafael Sobis, um segundo pai. Para Iarley, foi amor à primeira vista. Para Tinga, um homem de caráter íntegro. Para os torcedores, o responsável pela época de glória colorada. Já para Rodrigo Dourado, o sentimento é de gratidão eterna. A sexta-feira (7), dia do aniversário de cinco anos da morte do camisa 9, será especial para o volante de 24 anos. O atual dono da braçadeira do Inter apenas agradecerá, em oração, em pensamento, o primeiro técnico que confiou em sua capacidade de consolidar-se como uma das afirmações no Beira-Rio.
Foi Fernandão quem deu a primeira oportunidade para a jovem promessa colorada na equipe profissional do Inter. Dourado, na época, tinha 18 anos.
— Ele me chamou na sala dele, nem tinha me trocado ainda para o treino, e falou que eu tinha subido, que os volantes não iam conseguir jogar e a ideia dele era me colocar. Que ele confiava muito em mim — relembra emocionado Dourado. — Eu não esperava. Ele perguntou se eu estava pronto e eu disse: "Estou pronto, vamo embora!". É uma história muito bacana, tenho muita gratidão por ele — completa.
O ano de 2012 iniciou com o volante usando a braçadeira da equipe sub-23. Até atuou no Campeonato Gaúcho, quando o departamento de futebol decidiu que o time da base, comandado por Osmar Loss, jogasse o torneio. Mas sua estreia oficial no profissional aconteceu no segundo semestre da temporada.
Tenho muita gratidão por ele
RODRIGO DOURADO
Volante e capitão do Inter
Em 16 de setembro, a escassez de jogadores da função (Elton estava suspenso, Josimar e Ygor no departamento médico e Bolatti sem poder atuar devido ao excesso de estrangeiros), o então técnico Fernandão resolveu apostar na promessa contra o Sport, no Beira-Rio — aquele jogo acabou empatado em 2 a 2 .
— Quando ele era diretor da base, ele já me acompanhava bastante. Para esse jogo, a direção me ligou de noite, mandou eu me apresentar de manhã cedo e eu fui treinar sem expectativa nenhuma. O jogo era no domingo, e isso foi no sábado. A minha cabeça começou a girar quando ele me contou. A ansiedade estava muito grande. Eu treinei, concentrei e não consegui dormir de noite — detalha o centroavante.
Anos após o primeiro friozinho na barriga, quando Fernandão já havia nos deixado, Rodrigo Dourado marca seu primeiro gol como profissional, sai de campo visivelmente emocionado e o dedica a Fernandão. O confronto era justamente contra o Sport, no Brasileirão de 2015, no Beira-Rio.
— Na hora do jogo, eu nem pensei em gol. Nada. Só que saiu e naturalmente eu acabei lembrando do Fernandão. Um gol que me marcou, o primeiro como profissional, e homenageei ele. Ele tinha confiado muito em mim, em 2012, no início. É marcante na minha vida — conta.
Agora, sete anos depois, Rodrigo Dourado é um dos líderes do vestiário, como Fernandão era. Capitão, como Fernandão era. Mas ainda busca um grande título, como Fernandão fez. E revela saber o que dizer ao ex-centroavante se tivesse a oportunidade de encontrá-lo novamente:
— Eu agradeceria por ter confiado em mim. Ele como treinador, me colocou em um jogo difícil, sem ter treinado. Foi muito importante para mim. Também pediria para abençoar eu e todo o grupo para conseguirmos um título importante esse ano.