Quando a direção do Inter anunciou, no dia 25 de novembro de 2017, que efetivaria o técnico interino no cargo, era difícil imaginar que um recorde seria batido. Nesta quinta-feira (25), 516 dias depois, Odair Hellmann completa um ano e cinco meses à frente da equipe principal e se torna o profissional que ocupou o cargo por mais tempo nos anos 2000, superando nomes como Abel Braga, atualmente no Flamengo, e Tite, hoje na Seleção Brasileira.
— Ele não alcançou essa marca por acaso. Soube montar uma equipe competitiva, aproveitando as melhores características do grupo de atletas. E tenho certeza que, assim como todos nós, ele tem muito a evoluir ainda. Não se esqueçam que é o seu primeiro trabalho como treinador — analisa o atual vice de futebol colorado, Roberto Melo, que apostou em Odair após o término da Série B.
A estatística não leva em consideração os últimos três jogos de 2017, quando Odair ainda era considerado interino após a demissão de Guto Ferreira. Ainda assim, o catarinense de Salete comandou o Colorado 79 vezes, obtendo 43 vitórias, 20 empates e 16 derrotas. Um aproveitamento de 62,8%, com a equipe marcando 105 gols e sofrendo 56. Os números positivos fizeram com que ele ressaltasse em sua última entrevista coletiva os resultados obtidos neste ano, não perdendo nenhuma partida pela Libertadores (quatro vitórias e um empate) ou na decisão do Gauchão (Grêmio venceu nos pênaltis, após dois empates em 0 a 0).
— Logo que assumi, iniciamos um trabalho de reconstrução, para ajudar a recolocar o Inter na primeira divisão, lugar de onde não era para ter saído. Depois, tivemos uma afirmação do trabalho, ficando entre os três primeiros no Campeonato Brasileiro, para que pudéssemos estar disputando competições internacionais novamente neste ano. Foi uma caminhada de muito trabalho, o que muito me honra, e ao mesmo tempo traz mais responsabilidade. De trabalhar forte e focado, para que consigamos coroar esse processo com êxito e títulos. Essa é a nossa busca constante — afirma o próprio treinador.
O mais interessante é que ele supera nomes expressivos da história recente colorada mesmo sem ter conquistado estes títulos. Entre os 10 profissionais que mais comandaram o vestiário colorado, além dele, somente Zé Mário (técnico entre 2000 e 2001) não levantou taças. Imediatamente abaixo de Odair, aparecem: Abel, quando venceu a Libertadores e o Mundial de Clubes de 2006; Tite, campeão da Copa Sul-Americana de 2008 e Gauchão de 2009; e Muricy Ramalho, campeão gaúcho e vice-campeão brasileiro de 2005. Alguns deles, inclusive, passaram mais de uma vez pelo Beira-Rio, mas nunca obtendo um ciclo superior ao do atual chefe do vestiário.
— Primeiro, claro que tem o mérito do treinador, que está fazendo um bom trabalho. Oscilou algumas vezes, mas isso é natural em um time grande e com um técnico jovem. Também é preciso dar os parabéns à diretoria, que segurou ele no momento em que sofreu uma pressão forte por sua saída. Estas duas coisas são importantes. Mas ele tem que saber que, em um time do tamanho do Inter, tem que conquistar títulos. Só um bom trabalho não segura treinador no Brasil. Mas ele está mostrando que, quanto mais o tempo passa, melhor o trabalho dele fica — avalia Muricy Ramalho.
E a conta de Odair segue somando. Classificado às oitavas de final da Libertadores com uma rodada de antecedência, ele se prepara agora para comandar o time colorado nas disputas do Brasileirão e Copa do Brasil que se avizinham para o segundo semestre.
— Odair tem tudo pra se tornar um dos melhores treinadores do Brasil. Ele foi jogador, trabalhou nas categorias de base, foi auxiliar no profissional, onde trabalhou com grandes treinadores, está se qualificando, é inteligente e correto. Tem liderança, bons treinamentos e fala a linguagem dos jogadores. Qual outro treinador, em seu primeiro trabalho, conseguiu ajudar o clube a sair da Série B, no ano seguinte brigar pelo título brasileiro e no ano seguinte se classificar em primeiro lugar, com uma rodada de antecedência, para as oitavas da Libertadores, no mesmo grupo do atual campeão? — questiona Melo.
