Nem Roger Machado, nem Abel Braga, nem qualquer outro treinador distante do Beira-Rio. Empossado inicialmente como interino para as três últimas rodadas da Série B, Odair Hellmann foi confirmado após a vitória de 2 a 0 contra o Guarani, neste sábado, como o comandante do Inter no retorno à elite do futebol brasileiro.
O anúncio do técnico para a temporada de 2018 foi feito pela diretoria colorada na entrevista coletiva concedida logo depois do encerramento da partida que selou o vice-campeonato do time na Segunda Divisão. Odair havia assumido a equipe em substituição a Guto Ferreira, demitido após sucessivos jogos com mau desempenho em campo.
O vice-presidente de futebol do Inter, Roberto Melo, destacou as virtudes do novo comandante ao anunciá-lo:
— Tem capacidade de mobilização, de transmitir para os atletas, nos treinamentos, o que ele quer que seja feito. E (de fazer) os atletas entenderem, acreditarem e levarem pra campo. É uma decisão que já vinha sendo pensada, formatada. Será nosso treinador para 2018.
Melo afirmou que a pouca experiência de Odair à frente de clubes de grande porte como o Inter não é vista como um grande risco para o próximo ano.
— Muitos treinadores que têm mais tempo de carreira estavam brigando para fugir do rebaixamento ou não chegaram ao final do campeonato. O risco é inerente à profissão. Experiência não é certeza de nada, vale a capacitação e o trabalho no dia a dia. O Odair tem todas as condições de fazer um grande trabalho.
O dirigente colorado revelou que a decisão já estava tomada antes da partida final contra o Guarani e acertada com o novo treinador. Mas não revelou exatamente quando houve o acordo. Melo afirmou que o histórico recente de bons desempenhos do ex-auxiliar técnico favoreceu a confirmação do seu nome:
— Tenho total confiança nele. Já nos ajudou em diversos momentos. Desde 2013 que ele está no profissional do Inter, trabalhou com grandes treinadores, Dunga, Abel, Diego Aguirre. Aprendeu muita coisa boa, como fazer, mas também como não fazer. Está preparado, vinha se preparando para esse momento. Esse ano mesmo, contra o Palmeiras, assumiu o time e conseguiu fazer a equipe vir de jogos sem grande desempenho para fazer um grande jogo.
Líder do vestiário em negociação para renovar seu contrato, D'Alessandro já havia demonstrado satisfação com a possibilidade de efetivação do técnico. Mesmo antes da confirmação formal de Odair no cargo, fez questão de elogiar o ex-interino.
— É um cara de quem o grupo gosta, conhece a história do Inter. Tem totais condições de ser o treinador — declarou o capitão do Inter, logo depois de deixar o campo.
O meio-campista Edenilson também já havia considerado a opção pela solução caseira uma boa estratégia para a próxima temporada pela experiência acumulada no Beira-Rio:
— É um cara que conhece o clube.
Odair já havia recebido o comando provisório da equipe por três vezes. A primeira foi em agosto de 2015, entre a demissão de Diego Aguirre e a contratação de Argel Fucks. A estreia foi negativa: a goleada por 5 a 0 para o Grêmio em um clássico na Arena. O time se recuperou e conseguiu vencer o Fluminense por 1 a 0 no Beira-Rio no jogo seguinte. Depois, Argel assumiu a equipe.
Odair estava com a Seleção Brasileira sub-20 e foi chamado às pressas quando Antônio Carlos Zago deixou o cargo em maio. O interino comandou uma vitória por 2 a 1 com uma boa atuação diante do Palmeiras, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A terceira passagem temporária acabou lhe valendo, pela primeira vez, o posto efetivo de treinador do Inter.
Antes de estender o contrato do comandante da equipe para 2018, o clube havia cogitado nomes como Roger, que acabou no Palmeiras, e principalmente Abel, com quem chegou a iniciar negociações. A direção colorada e o técnico não chegaram a acordo em relação a valores e no número de pessoas que viriam com a comissão de Abel. Uma reunião entre o treinador do Fluminense e o presidente do clube carioca, Pedro Abad, definiu pontos que convenceram Abel a permanecer no Rio de Janeiro.