O Inter terá importantes decisões a resolver nos primeiros dias deste 2019. Uma delas é a situação de Valdívia. O meia-atacante de 24 anos teve confirmada a sua rescisão de contrato com o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, e inicia a temporada de volta ao Beira-Rio.
Apesar de ter saído no pior momento da história do Inter, Valdívia ajudou, e muito, os cofres colorados. Somados os três empréstimos (Atlético-MG, São Paulo e Al-Ittihad), o meia cabeludo e irreverente nas redes sociais rendeu cerca de R$ 20 milhões ao Inter desde maio de 2017, quando viajou para Belo Horizonte. Além disso, o clube colorado detém 40% dos direitos econômicos do jogador.
Direto da Arábia Saudita, onde também está o volante e ex-Inter Anselmo, Valdívia falou. Ao GaúchaZH, Valdívia deu sua versão dos fatos, pela primeira vez, sobre a saída do Inter após o rebaixamento e negou que tenha pedido para ser emprestado por recusar-se jogar a Série B. E reforçou ainda que jogar no clube que "ama imensamente" é, sim, uma realidade.
Como foi a decisão da rescisão de contrato com o Al-Ittihad? Clube chegou a discutir termos? Faltou oportunidade?
Sim, o clube não me dispensou nem resolveu antecipar o fim do contrato, como foi falado. Acontece que o treinador anterior, Ramón Diaz, foi quem pediu minha contratação, assim como a do Carleto, Romarinho e Jonas, os demais brasileiros. Ele tinha confiança no nosso futebol. Após a troca no comando, não tive sequência. O Carleto já fez acordo pra sair, o Romarinho não foi levado para alguns jogos. As coisas são confusas por lá, e a minha saída antecipada foi conduzida pelo meu empresário, Jair Peixoto. Não foi opção deles.
Voltar a jogar pelo Inter é uma realidade e vontade para você?
Tenho mais dois anos de contrato. O Inter me projetou como jogador, é um clube que amo imensamente e ao qual pertenço. Então é claro que é uma realidade. Vontade sempre tive e sempre vou ter, ao contrário do que algumas pessoas dizem. Mas essa possibilidade não depende só da minha vontade.
A reapresentação do Inter acontece quinta-feira. Você estará no Beira-Rio?
Meu empresário, que faz a gestão da minha carreira desde o começo, está vendo essa situação com a direção. Ainda não foi definido.
Enquetes com o torcedor colorado apontam uma certa mágoa por você. Isso incomoda? Prejudicaria o seu retorno ao clube?
Acho que não, porque o torcedor sabe do meu sentimento e reconhecimento pelo clube. Isso surgiu a partir de uma inverdade, de uma invenção. Falaram que eu me recusei a jogar a Série B pelo clube, e isso nunca aconteceu. Inclusive, esclareci isso quando saí em 2017 para o Atlético-MG. Não entendo por que essas coisas voltam à tona se não são verdadeiras.
Nesta época, se falou que você havia pedido para ser negociado, já que não gostaria de jogar a Série B. Isso aconteceu?
Não, nunca. O que aconteceu é que eu era quinta opção com o então treinador (Antônio Carlos Zago) e estava incomodado com aquilo. Precisava jogar, pegar ritmo, estava voltando da lesão.
Por que não ficar no clube para ajudar no pior momento da história do Inter?
Isso não existe, não tem nada a ver. Jamais eu cheguei e falei que não jogaria a B ou que queria sair do clube. Se isso fosse verdade, eu não teria renovado contrato no início de 2017 e teria saído no começo do ano, não no meio. O que houve foi uma oportunidade do Atlético-MG, que naquele momento foi muito boa para o Inter financeiramente e importante para mim, pela sequência. Essa é a verdade.
A lesão que tirou você dos Jogos Olímpicos acabou interferindo em campo. Prejudicou psicologicamente também?
Sim, claro. Uma lesão daquela gravidade prejudica em todos os sentidos. Inclusive, eu antecipei o retorno pra tentar ajudar em 2016, que é outra coisa que as pessoas não sabem. Voltei três meses antes do que estava previsto pelo protocolo médico. Havia risco de uma nova lesão, mas tomei a decisão de correr esse risco, pela necessidade do momento. Não conseguimos evitar o rebaixamento, infelizmente, mas tenho a consciência tranquila, pois fiz tudo pra ajudar.
Como você avalia as suas passagens de Atlético-MG e São Paulo?
Foram boas para o meu crescimento, consegui sequência nos dois em certos momentos. No São Paulo, eu vinha como titular, iniciamos muito bem o ano, e aí surgiu o interesse da Arábia no meio da temporada passada. A oferta do empréstimo foi trazida pelo Inter até meu empresário, e resolvi aceitar o novo desafio. Fiquei contente de também ajudar o clube fora de campo.
A direção do Inter chegou a conversar com você sobre 2019?
Ainda não, mas acho que é algo natural. A gente conhece as pessoas que hoje dirigem o clube e sabe da seriedade delas. Vamos aguardar.