Uma audiência da Comissão de Ética do Inter realizada na noite de quinta-feira (18) determinou a exclusão do conselheiro Eduardo Fritsch do Conselho Deliberativo do clube. O torcedor havia sido denunciado pelo meia D'Alessandro por disseminar um vídeo envolvendo Fernandão. Com a pena, Fritsch foi ainda suspenso do Quadro Social por 12 meses. Cabe recurso da decisão em até 10 dias úteis.
A alegação do camisa 10 é de que Fritsch foi o responsável por disseminar um vídeo de Fernandão falando de uma "contaminação" no vestiário colorado e dando a entender que D'Alessandro seria a causa. O ex-conselheiro, porém, nega a acusação.
— D'Alessandro é o jogador mais empoderado que os outros. Ele tem mais poderes do que deveria ter no Inter. E eu sempre achei que esses poderes excessivos são prejudiciais ao clube. Mas nunca insinuei nada — declarou Fritsch, em contato com a reportagem.
O ex-conselheiro diz sentir-se perseguido dentro do clube. Para ele, a punição ocorreu por seus questionamentos "incomodarem o Inter de alguma forma".
— Primeiro, me sinto perseguido politicamente porque comecei a questionar a direção sobre um camarote que foi comprado pelo Inter de maneira descabida em 2016. Comprado de uma empresa na qual Medeiros seria sócio. O Inter não pode alugar camarotes, ele está lá encostado. Eu só peço que investiguem — afirmou.
O camarote ao qual Fritsch se refere, segundo o Inter, foi comprado pelo escritório de advocacia em que Marcelo Medeiros é sócio (Campos Advogados Associados) por R$ 1,24 milhão em 1º de julho de 2010, quando Vitorio Piffero lançou a campanha de venda de 20 setores VIPs no Beira-Rio, a fim de que a construção do estádio fosse feita com recursos próprios. Todos os compradores, na época, tiveram o mesmo contrato, em que a cláusula 6ª (feita pelo Inter) estabelece o direito de recompra ao clube, sem que o comprador tenha "justo motivo", sem questionamento, na hora do negócio.
Em 2016, também na gestão Piffero, o escritório, atendendo aos requisitos da cláusula 6, revendeu o camarote ao clube. O valor do negócio foi fechado em nove parcelas (uma de R$ 200 mil e oito de R$ 100 mil), abaixo do pago em 2010 pelo escritório de advocacia. Uma parcela e mais parte de outra, porém, ficaram em aberto. Medeiros, hoje presidente do Inter, poderia quitar o prejuízo de seu escritório, mas não o fará.
Em contato com a reportagem, o presidente Marcelo Medeiros confirmou os valores e garantiu que fará uma doação do restante em aberto, de aproximadamente R$ 200 mil, ao clube. Além disso, deixou claro que em nenhum momento o camarote em questão teve qualquer tipo de relação com a Brio (gestora do Beira-Rio). Hoje, o espaço é usado pelo futebol do clube em questões institucionais.
Sobre o conselheiro excluído, Medeiros afirma que já há outros processos criminais na Justiça contra Fritsch:
– No dia 30 de julho, os demais membros da gestão e eu entramos com queixa-crime por ofensas feitas contra nós por esse conselheiro. Outras medidas judiciais estão sendo estudadas – revela.
O que diz a defesa de D'Alessandro
O advogado de D'Alessandro, Mateus Marques, explica que o jogador entende que o conselheiro ultrapassou "os limites de urbanidade e educação" e garante que foram movidos outros dois processos criminais contra Fritsch:
— Recebemos com muita tranquilidade a decisão desta quinta-feira. Os fatos merecem atenção, pois conselheiro utilizar a rede social para caluniar e difamar o atleta do clube que ele representa nada mais é do que vilipendiar o patrimônio do Inter. O D'Alessandro entendeu que o conselheiro ultrapassou os limites de urbanidade e educação. Mais do que isso: refere que D'Alessandro é nefasto para o Inter — disse Marques, para emendar: — Não restou outra alternativa a não ser buscar via Comissão de Ética a reparação da ofensa. A representação foi apresentada, e o conselheiro, ciente dos fatos, sequer procurou oferecer qualquer tipo de defesa, tanto que esteve ausente da audiência de instrução (onde são ouvidas testemunhas e apresentados documentos pertinentes aos fatos representados). Ainda tramita, junto à Comissão de Ética. outro processo disciplinar que reúne outras diversas ofensas ao atleta e sócio D'Alessandro. Ainda, já foram distribuídas duas ações criminais contra o mesmo conselheiro referente aos fatos narrados nas representações perante a Comissão de Ética.
Recentemente, o agora ex-conselheiro foi um dos identificados pela Polícia Civil por difamação contra o meia. Morador de Caxias do Sul, ele será ouvido em uma delegacia na Serra.
— É uma exclusão injusta e vou recorrer dentro dos prazos legais que o estatuto do clube permite — finalizou.