O Conselho Deliberativo do Inter aprovou, nesta segunda-feira (27), aumento de 25% do valor das mensalidades dos sócios. A medida, aprovada pela maioria que compareceu à reunião no último dia 27 (118 a 92), gerou reclamações em redes sociais e descontentamento em movimentos políticos ligados ao clube. O Inove, grupo em que o conselheiro Luciano Davi e futuro candidato à presidência ao fim deste ano faz parte, por exemplo, chegou a emitir uma nota de descontentamento.
Os principais pontos de reclamação são o percentual aumentado, os motivos que levaram a direção tomar a decisão de levar ao Conselho Deliberativo neste momento e se a reunião, na noite de segunda-feira, respeitou o estatuto do clube.
A seguir, GaúchaZH explica ponto a ponto:
Por que o reajuste?
O Inter não fazia reajuste das mensalidades desde 2014, quando o Beira-Rio passava por obras e ajustes para receber a Copa do Mundo. Na gestão de Vitorio Piffero, também não aconteceu. Segundo o vice-presidente do Conselho de Gestão, Alexandre Chaves Barcellos, o fato do Beira-Rio ter passado por obras fez com que não se alterassem os valores. Com o clube na Segunda Divisão, em 2017, foi uma opção do clube em não aumentar o valor.
– A ideia do clube era aguardar que tudo se estabilizasse minimamente para prever essa receita. Já estava previsto no nosso orçamento no início do ano e decidimos optar. Se pensássemos na eleição do fim do ano, não faríamos. Mas estamos pensando no bem do Inter – explicou Barcellos.
Por que o valor de 25%?
Segundo a direção do clube, o número acompanha o aumento da inflação ano a ano – 2014 (6,56%), 2015 (10,67%), 2016 (6,29%) e 2017 (2,95%). O total do período chega a 26,47%, acima em relação ao definido pelo Conselho Deliberativo do Inter na segunda-feira.
– A gente acredita que não terá impacto negativo. Nesta semana, por exemplo, tivemos um aumento de 3 mil sócios. A mensalidade mais cara passa de R$ 100 a R$ 125. Nossas mensalidades estavam defasadas. Se pegar o Palmeiras, Flamengo, Grêmio, estamos com um valor bem abaixo. O próprio orçamento do ano já previa essa receita. Com a questão do Profut, precisamos ajustar receitas também (o Inter corria o risco de ser excluído em função de ter excedido os 10% permitidos pelo programa do Governo e precisou renegociar valores) – explica o dirigente colorado.
Houve desrespeito ao estatuto do clube na reunião do CD?
O grupo político Inove afirmou em nota que a presidência do Conselho Deliberativo não respeitou o estatuto, já que não foi autorizado que a Comissão de Relacionamento Social do Conselho Deliberativo atuasse no processo. A comissão referida cuida das demandas do associado (é o elo do sócio com o clube). E, segundo o artigo 29 inciso XI do estatuto do clube, compete ao Conselho Deliberativo "deliberar sobre propostas do Conselho de Gestão, fixando as obrigações sociais, constituídas de contribuições sociais e taxas de manutenção, bem como joias, anuidade e outras taxas".
– É normal, ninguém quer aumentar nada. A matéria foi bem debatida, houve contagem de votos. Foi uma reunião foi tensa, mas a maioria acabou vencendo. A justificativa para aprovar era o futuro do Inter – esclarece o presidente do CD, Sergio Juchem.
Veja trecho da nota do Inove:
"O Inove Inter votou em bloco pela reprovação do aumento. Mas a maioria do CD, composto pela situação e gestão passada, que nos rebaixou com o lamentável apoio da presidência da mesa do Conselho, impôs essa aprovação da maneira mais antidemocrática possível. Não respeitaram o estatuto, ao negar a participação da Comissão de Relacionamento Social do CD no processo, que era quem tinha as atribuições estatutárias para analisar e apresentar um parecer ao conjunto dos conselheiros do clube."
Como os conselheiros conhecem a pauta da reunião?
Oito dias antes da data da reunião do Conselho Deliberativo, os conselheiros são convocados e recebem, de forma eletrônica, a pauta que será discutida. Nenhum outro assunto que não estiver previsto será debatido no dia da reunião. O que pode acontecer, como de fato houve na última segunda-feira, foi a inversão das pautas. A votação sobre o reajuste era o último assunto a ser debatido e foi trocado para primeiro.
Qual será a arrecadação para o Inter?
A direção colorada estima que consiga um aumento de R$ 4 milhões no orçamento anual com o reajuste de 25%.
Como acontece no Grêmio
Em 2018, o Grêmio reajustou os valores do seu quadro social em 3%. No ano passado e em 2016, os índices ficaram pouco abaixo da inflação (6,29% e 2,95%). Em 2014 e 2015, o clube não aumentou os valores pagos pelos associados.