Dono da segunda defesa menos vazada do Brasileirão (ao lado do Flamengo), o Inter está consagrando um trio de cães de guarda no primeiro turno da competição. Foram 12 gols sofridos em 18 jogos — só o Grêmio levou menos, oito —, que deram destaque principalmente aos zagueiros Rodrigo Moledo e Victor Cuesta e ao volante Rodrigo Dourado.
Os três fazem parte do time ideal da Bola de Prata, o mais tradicional troféu individual do campeonato, entregue pela Revista Placar desde 1971. O prêmio tem sabor especial porque acompanha os jogos e dá notas rodada a rodada, diferentemente da seleção dos melhores da CBF, que revela os escolhidos apenas no final do torneio — o que normalmente dá mais ênfase aos desempenhos das últimas partidas.
Um dos especialistas em Bola de Prata é Mauro Galvão. O ex-zagueiro ganhou duas pelo Inter (1979 e 1985) e uma pelo Vasco (1997).
— Não tenho dúvidas de que é uma honra especial, um prêmio muito ligado ao Brasileirão, que revela o campeonato a cada dia de jogos. Dá um ótimo panorama do momento — afirma o ex-jogador.
Pois o momento da defesa do Inter é o melhor da temporada. O time não toma gols há três partidas (ou 325 minutos). E quando levou, não contava com o trio: diante do América-MG, Rodrigo Dourado estava suspenso.
— O Inter é pouco vazado porque o técnico Odair Hellmann acertou uma forma de jogar que protege bem, com participação dos meias e até dos atacantes, cobertura bem feita — atesta o comentarista Mário Marra, da ESPN, uma das parceiras da Placar na premiação.
Mas além da Bola de Prata, a dupla de zaga colorada forma a defesa também de outra seleção do campeonato. O site WhoScored, especialista em estatísticas, coloca Moledo e Cuesta em seu time ideal. O outro jogador do Inter na equipe é o volante/meia Patrick.
De fato, alguns números explicam a solidez defensiva. O Inter tira muito a bola dos adversários. São 18 roubadas e 17 interceptações de passes por jogo. Ou seja: pelo menos 35 vezes em cada partida a posse é retomada pelos jogadores colorados.
— O Inter tem uma consistência defensiva e que é respaldada pelo momento dos jogadores também. Rodrigo Moledo encontrou o melhor ritmo, Victor Cuesta se encaixou no time e o Dourado fecha um tripé que dá segurança e tranquilidade para os demais jogadores — analisa Mauro Galvão.
Para o jogo contra o Paraná, domingo, um dos vértices deste triângulo não estará em campo. Suspenso, Victor Cuesta dará lugar a Emerson Santos. O jogador, na análise de Mário Marra, não deixou saudade no Palmeiras, de onde chegou por empréstimo. Apesar disso, não crê que a troca de uma peça possa desestabilizar o time.
— Aqui em São Paulo tivemos um caso assim no Corinthians. Balbuena chegou, demorou a se adequar e só depois deu certo. Pablo formou a primeira defesa, depois mudou. E os números da defesa foram bons. É encaixe mesmo — diz Marra, que completa: — Sou comedido ainda com elogios. Acho que o que o Inter vive ainda precisa ser chamado de um bom momento. Não tem nada de time imbatível. O que tem é uma equipe que se dedica exclusivamente a um campeonato e que tem a confiança alta.
William Pottker, na entrevista coletiva concedida após o treino no CT Parque Gigante, foi na mesma direção:
— O campeonato é longo, e o mais importante é ter um ambiente bom, respeitar um ao outro, não só entre os jogadores, mas com o professor Odair.
NÚMEROS DA DEFESA NO BRASILEIRÃO
- 12 gols no campeonato (segunda melhor)
- 12 chutes permitidos por jogo (oitava melhor)
- 18 roubadas de bola por jogo (sexta melhor)
- 17 intercepções (melhor)
- 14 faltas (8ª menor)