Havia um paredão de 1m88cm no caminho do Grêmio no Gre-Nal 416. O carioca Rodrigo Moledo, que voltou ao Inter no início do ano, depois de atuar desde 2016 no grego Panathinaikos, assumiu com vigor a tarefa de evitar uma derrota que poderia abrir uma crise no Inter.
Numa tarde em que a maioria dos torcedores, inclusive colorados, imaginava uma nova goleada do Grêmio, tamanha a sua superioridade técnica em relação ao adversário, o defensor colorado foi o melhor jogador em campo. E, convenhamos, não é tarefa fácil ser eleito o melhor zagueiro em campo numa partida quando também estão em campo os majestosos Geromel e Kannemann.
— Sabíamos que, no momento em que estivesse bem fisicamente e adaptado, ele jogaria nesse nível — elogiou o técnico Odair Hellmann.
Moledo foi bem por cima e por baixo. Quando o Grêmio propunha seu jogo com tabelas rápidas, era sempre dele o último pé a surgir no momento em que os atacantes preparavam o arremate contra a meta do goleiro Danilo Fernandes. Nas vezes em que a investida era aérea, em cruzamentos que vinham dos dois lados, Moledo sempre foi soberano no combate a André.
Tanto que o centroavante gremista acabaria substituído por Thonny Anderson aos 33 minutos da segunda etapa. Envolveu-se em pelo menos um lance polêmico. Foi numa disputa corpo a corpo, dentro da área, com Everton. O atacante caiu, mas não houve pênalti de Moledo, que levou vantagem pela diferença física entre os dois jogadores.
— Foi num grande clássico, mesmo sem ter saído gol. As duas equipes jogaram muito bem. Estamos de parabéns pela determinação dentro de campo — resumiu Moledo, quando os repórteres de rádio e televisão o cercavam para as primeiras impressões sobre o jogo, em um tumultuado trajeto até os vestiários, que forçou os seguranças a entrar em ação.
Mais do que isso, não falou. Por orientação dos seguranças, nenhum jogador do Inter parou para falar com jornalistas na zona mista. O trajeto até o ônibus foi feito em silêncio e com passos rápidos, certamente com o objetivo de escapar de um ambiente que ainda era explosivo, tantas foram as discussões logo depois do encerramento da partida.
— Moledo é uma convicção nossa, porque ficamos quase um ano negociando, pelo fato de não termos dinheiro. Esticamos a corda ao máximo. Escutou muita crítica no começo. Acho que a dupla com o Cuesta está trabalhando muito bem, estamos tomando poucos gols. Foi muito bem no clássico — avaliou o vice de futebol Roberto Melo.
Na primeira passagem pelo Inter, entre 2010 e 2013, Moledo havia participado de uma era vitoriosa, com títulos regionais e sul-americanos. Por sua atuação neste sábado, já começa a ser considerado uma peça decisiva para a reconstrução da equipe.