Foram três dias de protagonismo de D'Alessandro no momento de maior turbulência do Inter em 2018. Desde o fim da partida na Arena, quando apresentou um discurso resignado e de reconhecimento da superioridade do Grêmio após a goleada sofrida na partida de ida, a terça, quando mudou o tom do papo, voltou a ser esperançoso, disparou contra ex-dirigentes e assumiu as rédeas do clube, chamou para si os holofotes de um Gre-Nal cuja virada era improvável.
Mas foi na noite desta quarta-feira, no gramado, que realmente fez o que acostumou aos colorados na última década: comandou a reação de um time que demonstrou uma valentia ainda não vista no ano, diante de um adversário bem mais preparado.
D’Alessandro estava tão pilhado que ferveu a torcida já no aquecimento. Quando finalizou suas atividades, foi à beira do campo e sacudiu os braços, pedindo apoio, gritos, incentivo. A arquibancada respondeu imediatamente. O Inter entrou em campo como se fosse um Gre-Nal em 0 a 0, quando na realidade era 0 a 3.
Depois do apito de Vuaden, posicionado pelo lado direito, ficou encravado entre Kannemann e Cortez. Sua discrição durou 10 minutos. Quando percebeu que a bola não chegaria onde estava, desprendeu-se e circulou pelo setor de criação.
Viu Rodrigo Dourado comandar o arranque do time, que foi criando coragem e, aos poucos, pressionando o Grêmio. Bateu o escanteio que gerou a falta de Bressan sobre Moledo. E, surpreendentemente, permitiu que Nico Lopez batesse o pênalti.
No segundo tempo, quando o Inter realmente acreditou que era possível vencer, foi o dono do jogo. Preferencialmente pela direita, armou os ataques, arremessou laterais, bateu escanteios e cobrou falta. Aliás, que falta. Quase do bico da área, acertou o ângulo. Dali em diante, o Inter não teve mais forças. Principalmente porque o capitão não teve mais forças.
Sua atuação foi tão boa que mereceu elogios rasgados do técnico adversário.
— A qualidade do D'Alessandro para bater na bola é muito grande. Sou admirador dele em todos os sentidos — disse Renato.
Odair também teve palavras positivas ao capitão, mas preferiu dividir os méritos com o resto do grupo. Optou pelo tom político, ainda que tenha evitado falar sobre política (de clube).
No fim das contas, D'Alessandro viveu seus dias de protagonismo e cumpriu aquilo que seus possíveis alvos o cobraram: jogou mais do que falou.