Dos reforços contratados pelo Inter para 2018, apenas um deles obteve a titularidade imediata: o lateral-direito Dudu. Mas há outros dois recém-chegados que começam a espreitar uma vaga no time de Odair Hellmann ainda nos primeiros jogos da temporada: Roger e Gabriel Dias.
O atacante Roger começa a surgir como uma escolha quase óbvia. Tem feito gols em treinos e marcou três no trabalho desse sábado diante do Lajeadense, no CT Parque Gigante. O outsider da turma, porém, e que aparece como sombra a Rodrigo Dourado e a Edenilson, é Gabriel Dias.
O volante de 23 anos foi contratado de maneira quase anônima. Formado pelo Palmeiras, ele passou a rodar por diversos clubes a partir de 2015: Boa, Bragantino, Mogi Mirim e Paraná. Em Curitiba, foi visto pelo Inter.
Como estava em final de contrato com o Palmeiras, após sucessivos empréstimos, o Beira-Rio não encontrou dificuldades em contratá-lo. E, como por enquanto Gabriel não passa de uma aposta, o Inter foi prudente ao assinar por apenas duas temporadas e não quatro anos, como ocorreu com os hoje encostados pelo clube Anderson, Seijas, Marquinhos e Fernando Bob, por exemplo.
No jogo-treino com o Lajeadense, Gabriel Dias foi uma das gratas surpresas da segunda parte do trabalho. Ainda que diante dos reservas de Daniel da Costa Franco, o volante se mostrou um marcador confiante e se desprendeu sempre que pôde a fim de se juntar ao ataque. Chegou a fazer um bom cruzamento para Roger, quase como um ponta pela direita.
— Gabriel Dias é um jogador essencialmente físico — analisa Nicolas França, repórter da Rádio Transamérica, de Curitiba. — Ele dá boas arrancadas desde o meio-campo, pela direita. Consegue surgir com facilidade no ataque, mas, por vezes, é afoito ao tentar subir e acaba deixando a posição descoberta. Nem todos os treinadores gostam disso. Lisca, por exemplo, exigia que ele permanecesse mais na defesa. No Inter, dependerá do que a equipe necessitar. Se o time precisar um jogador técnico, Gabriel talvez não se encaixe tão bem. Não tem uma boa saída de bola. No Paraná, era o Vilela quem saía, enquanto que o Gabriel ficava na caça — emenda o radialista.
Com o Inter ainda em período de pré-temporada, até mesmo durante as primeiras partidas oficiais da equipe em 2018, como assim foi dito pelo técnico Odair Hellmann, após o jogo-treino desse sábado, é provável que Gabriel Dias ganhe chances na sequência de compromissos da equipe, contra Veranópolis, Novo Hamburgo, Caxias, Avenida, Boavista e Brasil-Pel, no prazo de apenas 18 dias. Odair terá de promover um rodízio logo na largada da temporada para cumprir a meta de um jogo a cada três dias — com viagens a Saquarema, Pelotas, Caxias do Sul e Novo Hamburgo.
Assim, Gabriel Dias terá a chance de mostrar que tem condições de brigar por vaga entre os titulares colorados. No ano passado, o Paraná de Gabriel foi um tormento para o Inter. No Beira-Rio, empate em 0 a 0. Na Arena da Baixada, vitória do Paraná por 1 a 0. Gabriel Dias teve boa participação em ambos os jogos.
— Gabriel chegou ao Paraná sem ser muito conhecido, como parte da reformulação que o Paraná promoveu no elenco. Se firmou como titular ainda no Estadual, jogando como primeiro ou segundo volante. Até marcou alguns gols. Trata-se de um jogador muito raçudo, mas com alguma limitação técnica. O seu final de temporada 2017 não foi bom. Tem grande dificuldade para finalizar ou mesmo para dar assistências. Ao final da Série B, perdeu a posição para Leandro Vilela e também para Vinícius — adverte Júlio Filho, repórter do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba.
Apresentado pelo Inter com a camisa número 30, o volante lembrou que começou a carreira como zagueiro do Palmeiras, mas, na época, o clube desejava atletas mais altos para a função (ele tem 1m83cm), e foi aconselhado pelo então treinador Dorival Júnior (ex-Inter) a jogar no meio-campo.
— Minha mudança de posição foi mais por conta da altura. Eles consideravam que não era muito alto para zagueiro. Resolveram me adaptar como volante - contou Gabriel. - Gosto de ver o Paulinho (Barcelona, Seleção Brasileira) atuar. É um jogador da minha característica. Está sempre chegando na área. Minha característica é essa. Sou um jogador de área a área, que ajuda os companheiros da frente e os de trás. Meu objetivo é dar meu melhor aqui e conseguir coisas grandes. Não só eu, mas para o Inter. É um ano de reconstrução. A gente sabe. O ano passado foi difícil. Esse ano vai ser diferente — finalizou o volante.
De volta a um dos grandes do país, Gabriel Dias agora terá uma dura disputa por vaga na equipe de Odair. Afinal, para a função de volante há Rodrigo Dourado, Edenilson, Patrick, Fabinho e Charles.