No final de 2017, Abel Braga foi procurado pela direção do Inter. Após a demissão de Guto Ferreira, ele era o nome preferido de Marcelo Medeiros para comandar a casamata colorada. Entretanto, o treinador preferiu manter o contrato com o Fluminense - até dezembro deste ano - e seguir no Rio de Janeiro. Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, o carioca falou pela primeira vez sobre os motivos que o fizeram recusar a proposta gaúcha e também de outros clubes, como o Palmeiras.
— Foram dois motivos que me mantiveram no Rio de Janeiro. O primeiro, é que eu tinha contrato em vigor até 2018. O segundo motivo é que, mesmo que eu tenha uma história com o Inter, eu tenho uma gratidão com o Fluminense por conta da minha formação, sempre falo isso. A minha infância e juventude - uma época difícil - eu passei aqui. Tenho uma relação muito boa com o presidente e o torcedor — afirmou, antes de completar:
— No lado pessoal, eu tive a perda do meu filho e eu precisava, depois de 26 anos, dar à Cláudia (esposa) a opção de escolher. Eu falei para ela: tenho proposta daqui, daqui e dali. Ela me disse: "Eu quero ficar no Rio de Janeiro". Nós tínhamos perdido um filho e a prioridade tinha que ser dela. Ela decidiu que não era a hora ainda de sair e nós ficamos com a opção de manter o contrato com o Fluminense. Aqui nós temos nossa família e amigos. É tudo muito recente. Vai fazer apenas seis meses que tudo isso aconteceu — revelou Abel.
Com o nome favorito permanecendo no Fluminense, a direção do Inter preferiu efetivar o interino Odair Hellmann assim que a Série B terminou. De acordo com o campeão do mundo em 2006, Medeiros e o vice de futebol, Roberto Melo, fizeram uma boa escolha.
— O Inter está muito bem servido na casamata. É um cara adorado pelo grupo. Vai pagar um pouco o preço de todo o jogador que sobe de divisão também, mas ele é um cara campeão olímpico. O Inter está muito bem representado e eu fico muito feliz. Eu tenho uma adoração enorme por ele. É um torcedor e pode ter certeza de que a direção acertou em cheio em apostar nele — disse.
Um dos reforços de Odair para a temporada é Wellington Silva, ex-jogador do Flu. O atacante veio para o Beira-Rio cedido pelo clube carioca, por empréstimo. Abel Braga também elogiou — e muito — o atleta.
— O Wellington é um jogador moderno. Saiu muito cedo do país. Ajuda muito a equipe. Taticamente, é um jogador muito importante. Ele só precisa ajustar um pouco na cabeça o emocional, porque ele é um jogador diferenciado. Joga nas duas, não tem preferência. Ele ajuda a equipe da mesma maneira, corre com o lateral e, quando ele avança, é um terror. Ele é diferente — analisou.
Dentro de campo, no Rio de Janeiro, o ano de 2018 promete dificuldades para o "Abelão". O Fluminense está em uma crise financeira, com salários atrasados, perdendo jogadores e fazendo poucas contratações. Além disso, os resultados de início de temporada não são os esperados. Nesta quinta-feira (25), o diretor esportivo Paulo Autuori deu um ultimato ao presidente Pedro Abad para que o pagamento dos funcionários seja quitado até o fim de janeiro, ou o dirigente pedirá demissão.
— Nós terminamos o ano de uma maneira que não gostaríamos. Começamos sem oito jogadores que eram titulares no ano passado. A verdade é que estamos procurando a melhor maneira para a nossa equipe e a formação tática. Ainda não conseguimos êxito — preocupou-se.