Foi proporcional à expectativa criada para vencer o Ceará e encaminhar o acesso virtual à Série A o tombo que o Inter levou ao perder por 1 a 0 na tarde/noite de sábado, em partida válida pela 32ª rodada da Segunda Divisão. Mais de 38 mil colorados foram ao Beira-Rio na esperança de ver a equipe chegar aos 64 pontos — que devolvem virtualmente à elite —, mas saíram frustrados ao ver um time sem inspiração ser batido pelo adversário que agora está na vice-liderança.
Na sexta-feira, 19h15min, o Inter tem nova chance de chegar ao número mágico de 64 pontos. Precisa, para isso, vencer o CRB, atual 16º colocado, às portas do Z-4. A possibilidade de acesso matemático, porém, foi adiada: não há qualquer combinação de resultado que devolva o time à Série A na próxima rodada. Para alcançar seu objetivo contra o Luverdense, daqui a exatamente uma semana (6/11), precisa torcer para que Oeste e Vila Nova não vençam seus jogos da próxima semana. O time paulista enfrenta, fora de casa, o Paraná, enquanto os goianos visitam o Paysandu. Se não ganharem, permitem que o Inter volte à Primeira Divisão ganhando em Lucas do Rio Verde.
Apesar da situação relativamente cômoda, houve até um princípio de tumulto no final do jogo de sábado. D'Alessandro se irritou com as vaias de torcedores, irritados com a derrota, e esbravejou contra eles. O assunto, no fim das contas, dominou a repercussão do jogo. O próprio capitão foi à zona mista e concedeu uma longa entrevista, explicando sua reação:
— Saí de cabeça quente. Cobrei o torcedor. Achei que a vaia foi injusta. O resultado não foi o que a gente esperava. Eu cobro o torcedor como sou cobrado. Saí de cabeça quente como o torcedor saiu. Torcedor poderia ter valorizado o empenho do grupo. Não é por marketing que eu faço isso, nesse momento da carreira, não preciso mais aparecer — disse o argentino, que chegou no sábado ao histórico top 10 de jogadores que mais vestiram a camisa do Inter, com 387 jogos, alcançando nomes como Paulo Roberto Falcão e Carlitos.
Segundo o argentino, apesar do mau resultado, "não há crise":
— Temos mais um jogo em casa, no qual vamos decidir nosso acesso, com o CRB. Esperávamos o apoio pela campanha que fizemos. Obviamente, o torcedor deixa se levar pelo comentário da imprensa, que o Inter iria ganhar a Série B com o pé nas costas, pelo salário do D'Ale... Eu vi o gesto. Não queriam que eu aliviasse para o Inter? Eu aliviei o ano passado. Não saí por dinheiro.
O técnico Guto Ferreira também tentou colocar panos quentes em qualquer possibilidade de mal estar pelo resultado:
— Faltando seis jogos, ainda temos três vitórias a mais que os adversários e hoje (sábado), isso não foi possível. Paciência, nós não vamos acertar sempre. Erramos hoje. Vamos levantar a cabeça e trabalhar para mudar isso.
Mesmo assim, o treinador reconheceu que a equipe teve um rendimento inferior àquele esperado. As opções por Alemão e, principalmente, Roberson, não funcionaram.
— Roberson brigou e conseguiu algumas coisas importantes, mas ainda assim, desde o início, a gente sabia que ele não seria o Leandro Damião, que tem experiência, força e foi decisivo em vários jogos. Ter um centroavante do nível dele é sempre muito importante. A nossa campanha passa muito por isso. Quando ele não está, temos de buscar soluções. Não conseguimos encontrar, principalmente por ter levado um gol antes — justificou o treinador.
Um aspecto a ser "comemorado" para o próximo jogo, além do provável retorno de Damião e do certo retorno de Dourado é a melhor condição do gramado. Castigado pelos constantes shows que o Beira-Rio recebeu, o campo deixou um dos lados irregular, dificultando até a saída de bola do time. Uendel reclamou:
— O passe chega quadrado.