A pequena tragédia ocorrida no encontro do punho de Klaus com o gramado do Alfredo Jaconi, no sábado último, deve separar até o final da temporada a melhor dupla de zaga do Brasil. Klaus e Cuesta. Cuesta e Klaus. Que junção sonora, melodiosa, quase musical. Dois nomes que inspiram confiança para os de vermelho enquanto lançam temores e caos para os adversários. Klaus e Cuesta, Cuesta e Klaus. A melhor combinação possível entre um argentino e um brasileiro na última linha de defesa. A mais encaixada e eficiente dupla de zaga deste país.
Dupla de zaga precisa ter uma química especial para dar certo. É das poucas coisas lúdicas presentes em um esquema tático futebolístico nestes tempos modernos. Não basta ter dois zagueiros bons, nem que ambos sejam fortes, com grande impulsão ou qualidade técnica para sair jogando. A combinação de uma dupla de defensores eficiente dá-se como que por mágica. Mesmo o zagueiro que não funcionava de jeito nenhum, em time algum, pode virar um Lúcio quando acompanhado pelo camisa 4 correto.
O que aconteceu com o Inter foi exatamente isso: mágica. Klaus e Cuesta, Cuesta e Klaus formaram a única defesa capaz de retirar o Colorado do buraco em que estava se metendo neste ano. Nenhuma outra dupla teve de enfrentar tamanho desafio. Nenhuma outra foi tão bem-sucedida em sua missão de proteger o seu gol. E, além disso, não há como comparar a eficiência no ataque destes dois com outra soma qualquer de jogadores defensivos.
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Quando Klaus entrou no time de Guto Ferreira, ainda antes da primeira metade do primeiro turno deste infame campeonato em que nos metemos, tudo era escuridão. O Inter não engrenava, o Inter empatava, o Inter perdia. Os mais desesperançosos já falavam em Série C, os otimistas trabalhavam com mais um ano de Bê. Não parecia haver uma nesga iluminada sequer para nos nortear enquanto patinávamos no lamaçal segundino.
Aí o zagueiro de 23 anos que veio do Juventude foi alçado à equipe titular. O Colorado conseguiu, a partir da sua entrada, algo que até então parecia improvável: fechar a casinha. Klaus e Cuesta, Cuesta e Klaus passaram a patrulhar a nossa área de defesa quando estávamos na sexta colocação, distantes do G-4 e muito — mas muito — longe da liderança que beliscamos na rodada passada.
Para além da proteção do nosso arco, os dois ainda foram terríveis para os adversários quando se aventuraram no ataque. Cuesta marcou dois gols na Série B, enquanto Klaus tem números de atacante: foram quatro tentos anotados pelo agora afastado zagueiro.
Definir a "melhor dupla" poderia parecer uma escolha subjetiva, questão de gosto, clubismo até. Mas não aqui. Afinal, qual outra dupla de zaga no Brasil marcou três gols em um mesmo jogo? Qual outra dupla foi capaz de levar um time que enfrentava a maior crise técnica, tática e anímica da sua história para a liderança do certame? Klaus e Cuesta, Cuesta e Klaus. Nenhuma outra.
Daqui, enquanto — não sem lamentar — nos despedimos d'A Melhor das Duplas, torcemos por uma tranquila e rápida recuperação do nosso camisa 44.
Volta logo, Klaus e Cuesta, Cuesta e Klaus!
*ZHESPORTES