O adversário do Inter neste sábado, às 16h30min, no Beira-Rio, é dos clubes que mais despertam curiosidade na longa jornada colorada na Segunda Divisão. Fundado nos anos 1940, na cidade de Ituiutaba, com o nome de Boa Vontade Esporte Clube, o clube ficou sediado na cidade até 2011. Recebeu uma oferta de incentivo da prefeitura de Varginha – município distante quase 700 quilômetros de Ituiutaba-MG – e acabou transferindo o seu CEP. Além de jogar em um estádio maior, o Municipal Melão (Prefeito Dilzon Luiz de Melo), com capacidade para 15,5 mil torcedores, a cidade de Varginha-MG é mais central e fica perto da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Clube com um nome simpático, o Boa foi notícia internacional, em fins de fevereiro, ao contratar o goleiro Bruno, que havia sido solto da prisão graças a uma liminar do Supremo Tribunal Federal. O ex-Flamengo, preso desde 2010 acusado pelo assassinato de Eliza Samúdio, chegou a jogar na Segundona mineira. Dois meses depois de ser solto, Bruno foi preso novamente, agora, no Presídio de Varginha.
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1. O craque do time
Muito antes de ganhar uma má fama pela presença de Bruno, a cidade de Varginha ficou conhecida como a terra do ET. No verão de 1996, três crianças alegaram ter visto um extraterrestre em um terreno baldio (ele foi descrito como um ET de cinema, cabeça grande, baixinho, olhos vermelhos e de pele marrom). A lenda criada ao redor do suposto alienígena fez da cidade um ponto turístico para ufólogos e afins. Hoje, boa parte do turismo da cidade gira entorno do ET. Nas ruas e nas praças, há bancos e orelhões temáticos, além de monumentos erguidos em homenagem ao visitante ilustre. Até um Memorial do ET, uma espécie de nave gigante, está sendo construída pela prefeitura – desde 2010. Nunca nada foi comprovado sobre a existência do ET. O Boa ocupa a 16ª colocação na Série B. Se há uma certeza, é que esse time não é de outro planeta.
2. A torcida foi abduzida?
Parece que a espaçonave do ET de Varginha levou a torcida do Boa para outro lugar. A média de público do clube na Série B é um tanto constrangedora: 908 torcedores. Em seis jogos como mandante na temporada (cinco pela Segunda Divisão, um pela Copa do Brasil), o clube vendeu um total de 5.450 ingressos. E obteve uma bilheteria total de R$ 72 mil. Na Série B, a renda do Boa por jogo é de apenas R$ 11.029. A média de ocupação do Melão, a casa do Boa, é de 5% da capacidade do estádio e o recorde de público do time em casa na Segunda Divisão de 2017 foi de 1.992 torcedores, na estreia, quando perdeu para o Vila Nova. Apesar disso, o Boa tem uma torcida organizada, a Garra Jovem Boveta, com cerca de 130 integrantes cadastrados.
3. Ah, os gaúchos...
Time que se preze sempre tem uma colônia gaúcha no elenco. Mas o Boa exagerou: tem um time inteiro que já passou pelo futebol gaúcho. A República Rio-grandense de Varginha é a seguinte:
Reis e Jair – ex-Inter
Ramon e Felipe Mattione – ex-Grêmio
Laércio – ex-Caxias
Júlio Santos e Escobar – ex-Novo Hamburgo
Eduardinho e Gil Mineiro – ex-Veranópolis
Radamés – ex-Juventude
Wesley – ex-Cruzeiro-RS
4. 49 dias
Foi o período que durou o contrato de Bruno com o Boa. Em 27 de abril, enquanto seguia treinando para a estreia na Série B, o goleiro foi preso, depois que o Supremo Tribunal Federal revogou a liminar que o libertou. Nesse período, disputou cinco partidas pela Segunda Divisão mineira. Na estreia, cometeu um pênalti no empate de 1 a 1 com o Uberaba. Saiu de campo sob aplausos. Mas a aventura do Boa com o goleiro causou dissabores ao clube. Além de ver nas redes sociais uma repercussão negativa, o Boa perdeu cinco de seus nove patrocinadores.
5. Baixo orçamento
Mais um adversário colorado com um orçamento ínfimo se comparado aos R$ 7 milhões mensais de folha do Beira-Rio. O custo do futebol do Boa é de cerca de R$ 400 mil. Sem categorias de base, o clube aposta em contratar jovens a um custo baixo (geralmente somente pelo salário), promovê-los e negociá-los. Além disso, recém-promovido à Primeira Divisão mineira (que disputará em 2018), o clube conta com a verba da TV para manter os pagamentos em dia.
6. Interinato
O gaúcho Julinho Camargo (ex-treinador das categorias de base da dupla Gre-Nal e dos profissionais do Grêmio) colocou o Boa na Primeira Divisão mineira do ano que vem, ao ser vice-campeão da Segunda Divisão em 2017. Mas foi demitido após a derrota para o Goiás, na sétima rodada da Série B. Em seu lugar, assumiu o interino coordenador de Futebol do Boa, Nedo Xavier. Aos 64 anos, ele já treinou o Boa em temporadas anteriores. Apesar de ter tirado o time do Z-4 da Série B, Nedo ainda tem o status de "interino" no comando do time.
7. Irmãos Coragem
Os irmãos Rone, Rildo e Roberto comandam o Boa. O trio chegou a atuar de forma incipiente no futebol do interior de Minas Gerais. Em 1998, ainda em Ituiutaba, assumiram o Boa Vontade e o tornaram um clube-empresa. Filhos da classe média, os irmãos precisavam de uma cidade maior para ver a empresa crescer – basicamente contratando barato e fazendo boas vendas, já que o clube não tem categorias de base. Foi aí que, em 2011, surgiu Varginha na vida dos Moraes. A cidade do ET desejava se tornar uma das subsedes da Copa de 2014 e, para isso, precisava ocupar o Estádio Municipal Melão. A mudança de cidade revoltou a comunidade ituiutabense. Ainda que o comando seja feito em forma de triunvirato, quem fala pelo Boa é o primogênito Rone.
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