Escrevo este artigo no final no jogo entre Internacional x Ypiranga ocorrido no último 1º de abril. Sim; o dia foi 1º de abril. Também escrevo o artigo na condição de colorado, desportista e professor de Direito do Trabalho. No momento em que escrevo, final do dia do referido jogo, não sei que decisão terá tomado a direção do meu Internacional acerca do ocorrido.
Jamais vi algo igual. O jogador Fabrício, vaiado em determinado momento do segundo tempo, simplesmente largou a bola e se dirigiu à torcida fazendo gestos obscenos, motivo que, por si só, já seria suficientemente grave. Os demais jogadores tentaram acalmá-lo, em vão. O árbitro da partida, em decisão absolutamente correta, imediatamente o expulsou. Veio o pior. O jogador tirou a camiseta e atirou-a no chão! Os adversários o observavam atônitos. Ao sair de campo em direção ao vestiário, os gestos obscenos continuaram. Os companheiros e o treinador, sem sucesso, tentaram amenizar os efeitos do trágico e inusitado acontecimento.
Como colorado me senti duplamente desrespeitado. Pelos gestos à torcida (aliás, reincidente) e, principalmente, pelo fato do jogador tirar a camiseta e jogá-la no chão quando ainda estava em campo. Me senti desrespeitado também como desportista. Os fatos, gravíssimos, ofenderam o clube que o emprega e paga o seu salário, à torcida, aos adversários, aos companheiros e a todos que acompanham o futebol.
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Como professor, o que direi aos meus alunos? Direi que classificaria o ato como de improbidade (ato inconfiável que quebra o elo de confiança entre empregado e empregador), incontinência de conduta, mau procedimento, desídia do desempenho da função, ato de indisciplina e ato lesivo da honra e da boa fama praticado contra o empregador e contra outras pessoas. Precisa mais? Sim. A despedida por justa causa teria que ser imediata, no vestiário, sem esperar o dia seguinte, sob pena de perdão tácito.
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Não fosse apenas pelos dois gravíssimos atos, nestes dias de valores discutíveis e relativizados, a decisão do clube deveria servir para mostrar a todos que com valores e com ética não há negociação.
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