O ambiente do Grêmio em Belo Horizonte está tenso. A pressão natural pelo mau momento no Brasileirão foi agravada pelos resultados de terça (26) e escancarada em uma entrevista concedida pelo presidente Alberto Guerra na chegada à capital mineira. Em meio à turbulência, o clube toma medidas para destensionar o grupo antes da partida decisiva contra o Cruzeiro, nesta quarta (27).
Uma das providências foi a presença do zagueiro Kannemann na delegação. Mesmo que o defensor esteja fora dos gramados até o meio do ano que vem, por conta de uma cirurgia no quadril, houve o entendimento de que a liderança do argentino seria importante no ambiente da concentração e do vestiário do Mineirão.
— A vinda do Kannemann é para mostrar que estamos todos juntos neste momento para conseguir um bom resultado amanhã. O grupo é muito bom, e os os jogadores se dão bem. Eles entendem a situação e sabem que precisam de uma vitória. É claro que essa posição incômoda deixa a tensão acima da média, mas já passei por outras situações no Grêmio, não tão ruins como essa, mas o clima é muito bom. Nos últimos cinco jogos, só não pontuamos contra o Palmeiras e esperamos pontuar aqui também — explicou Guerra, em manifestação logo na chegada a Belo Horizonte.
A entrevista foi marcada por embates com a imprensa, com o presidente utilizando palavras fortes para desmentir com veemência uma informação divulgada pelo jornalista Diogo Rossi de que o atacante Braithwaite teria procurado o mandatário para fazer críticas aos treinos de Renato Portaluppi e à rotina do CT Luiz Carvalho. O tom explosivo do mandatário surpreendeu outros integrantes da delegação.
Guerra foi questionado ainda sobre uma entrevista concedida pelo atacante Matías Arezo ao jornal El País, de Montevideu, em que o uruguaio revelou frustração pelas poucas oportunidades recebidas no Tricolor.
— Acho o Arezo um grandíssimo jogador, que vai dar muitas alegrias pro Grêmio. Temos três grandes opções (Arezo, Braithwaite e Diego Costa), o que chega a ser contraditório com a situação do Grêmio. Mas fizemos questão de fazer um contrato longo com ele porque temos esperança na continuidade do Arezo. É normal, todos querem jogar, e a hora dele vai chegar — contemporizou Guerra.
Para aliviar o clima de tensão e reforçar a ideia de mobilização, a direção também foi a Belo Horizonte reforçada, aproveitando o voo fretado cedido sem custos pela empresa da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, o que permite o incremento na delegação sem custos significativos adicionais.
Além do presidente Alberto Guerra e do vice de futebol Antonio Brum, estão presentes na capital mineira os vice-presidentes do Conselho de Administração Eduardo Magrisso, Fábio Floriani, Luciano Feldens e José Carlos Duarte. A ideia é dar suporte ao departamento de futebol e reforçar a ideia de mobilização do grupo.
Na noite de terça (26), os seis dirigentes permaneceram mais de cinco horas no saguão do hotel Ouro Minas em frente a uma televisão acompanhando os jogos que interessavam ao Grêmio — e cujos resultados não foram bons. Afinal, o empate entre Fluminense e Criciúma e, principalmente, a vitória do Juventude sobre o Atletico-MG pressionaram ainda mais o Tricolor a vencer o Cruzeiro. E elevaram o nível de tensão.