A vitória sobre o Flamengo ajudou o Grêmio na tabela de classificação do Brasileirão, mas não colaborou para apagar as dúvidas quanto ao rendimento do time. Desde as eliminações nas copas, a equipe passou a repetir os momentos de instabilidade que custaram as vagas na Copa do Brasil e na Libertadores. Um sinal de alerta que não passou despercebido para o treinador gremista.
Em seu perfil no Instagram, Renato Portaluppi reconheceu o que ficou evidente para quem acompanhou a vitória por 3 a 2 do Tricolor sobre um time alternativo do Flamengo.
"Tínhamos plena consciência da grande responsabilidade de enfrentar o Flamengo. Mesmo com time alternativo, a equipe tem uma qualidade muito grande. Não fizemos nossa melhor partida, mas garantimos os três pontos, trazendo mais tranquilidade para seguir trabalhando e mirando objetivos maiores. Jogar na nossa arena faz toda a diferença. Somos mais fortes em casa. Se tivéssemos disputado o campeonato inteiro em nosso estádio, hoje estaríamos brigando pelo G4", comentou o treinador.
De acordo com dados do FootStats, o Grêmio é o 15º colocado no ranking de times com maior posse de bola no Brasileirão. Em média, após 25 jogos, o Tricolor fica com a bola apenas 47,83% do tempo, número que o coloca acima apenas de Atlético-GO, Cuiabá, Criciúma, Vitória e Fortaleza. O time de Vojvoda é quem tem menos a bola no Brasileirão, com só 44,15% de posse. Um número que sozinho não explica todas as causas das dificuldades gremistas na competição, mas aponta um caminho.
— Para todo número, sempre há um contexto. Pode ter uma posse de bola imensa e isso não ser um ponto positivo. Há os times com pouca posse, mas com ótima produção. O exemplo do Fortaleza, com pouca posse, mas muito efetivo. Depende do executor do projeto. O calendário do Fortaleza é terrível, com as maiores distâncias a percorrer. Enxergamos um baita trabalho. Não dá para dizer o mesmo do Grêmio, que é um time que não é contundente e que cede oportunidades. É uma equipe que fica devendo — explicou Paulo Calçade, comentarista do grupo Disney.
A falta de efetividade, quando tem a bola, também é observada nos números. O Grêmio é o oitavo time que menos acerta o gol dos adversários. Em média, são 4,75 finalizações corretas por partida. No ranking de finalizações certas concedidas, o Tricolor é o 12º clube que mais cede oportunidades aos adversários. São 4,96 em média contra a sua meta. Em outras métricas, no entanto, o Grêmio aparece em situação ainda pior. O clube é o 16º que mais troca passes certos, com 311.76 por jogo, e o quinto que mais permite que os adversários troquem a bola, com 376,36
— Se a gente somar isso à forma de marcar do time, que muitas vezes, na maioria dos jogos, marca por encaixes e perseguições, então você acaba exigindo mais participação dos jogadores na parte defensiva. Ao invés de proteger só o espaço, eles têm alvos a serem perseguidos. Isso dificulta bastante também um bom desempenho, um bom posicionamento, um sistema de coberturas mais confiável. A troca constante na defesa também, no miolo de zaga, é um problema. É algo que acaba dificultando, gerando insegurança — apontou o comentarista Rodrigo Coutinho, do Grupo Globo.
Outro número que também liga um alerta na comissão técnica é a dificuldade de roubar a bola dos adversários. No quesito desarmes, o Grêmio é o time que menos rouba a bola no Brasileirão. Em média, são apenas 8,8 desarmes. O Vasco, líder no fundamento, recupera a bola, em média, 12,4 vezes por partida.