César, campeão da Libertadores e do mundo pelo Grêmio em 1983, morreu nesta terça-feira (17), aos 68 anos. O ex-atacante foi o autor do gol que deu o primeiro título da América ao Tricolor. A morte foi confirmada em nota divulgada pelo clube, que lamentou o ocorrido.
"Hoje, o céu ganhou mais uma estrela. Lamentamos profundamente o falecimento de César, atacante que fez história pelo Tricolor. Ele marcou o gol do título da nossa primeira Libertadores e também conquistou o Mundial em 1983. Está imortalizado na Calçada da Fama e em nossos corações. Desejamos forças aos familiares e amigos", publicou o Grêmio nas redes sociais.
Natural de São João da Barra, Rio de Janeiro, César estava internado no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Campos dos Goytacazes, também no Rio, desde 25 de agosto. Ele estava hospitalizado devido a problemas de saúde, em decorrência de um câncer de próstata.
"Sempre serei grato pelo que vivi no Grêmio"
Cesár chegou ao Grêmio em janeiro de 1983, vindo do Benfica, aos 26 anos, comprado por 30 milhões de cruzeiros. Na época, foi tratado como um importante reforço para o time de Valdir Espinosa.
Dias antes da estreia do atacante pelo Tricolor, muito esperada pelos torcedores e pela imprensa, Zero Hora noticiou que o Grêmio vivia "a Semana César". No texto, foi destacada a impulsão do jogador como uma de suas principais características, e ele mesmo afirmou, quase como uma premonição do que aconteceria meses depois:
— Desde os tempos do América (onde foi revelado), eu já marco gols de cabeça. Tenho uma boa impulsão pois fiz um excelente trabalho de base. Depois foi só aperfeiçoar. Com o Renato, ou mesmo com o Lambari, as jogadas de ponta podem ser executadas com perfeição aqui no Grêmio, facilitando a ação do centroavante.
Dito e feito. Na decisão da Libertadores contra o Peñarol, ele marcou o gol que deu o título ao Grêmio. Esse momento, que foi dos maiores êxtases que o Olímpico Monumental já viveu, ocorreu aos 32 minutos do segundo tempo, quando o placar estava 1 a 1. Renato fez um balãozinho pela direita e deu um chutão para a área, César, que havia entrado a menos de 15 minutos, mergulhou de cabeça para recolocar o Tricolor na frente.
— Eu acreditava no título, que eu poderia ajudar. Mas não sabia se faria o gol ou não. Nós queríamos muito aquela Libertadores. Dificilmente eu e outros tantos naquele grupo teriam a chance de chegar até a final de novo. Conseguimos aproveitar a oportunidade que tivemos, e isso me deixa muito feliz — relembrou César, em entrevista a Zero Hora em 2020.
Após a conquista da América
No Mundial, contra o Hamburgo, o atacante acabou ficando no banco. Ele ficou até o ano seguinte no clube e anotou 14 gols em 48 jogos com a camisa tricolor.
Ainda na entrevista de 2020, César salientou seu carinho pelo Grêmio, que marcou sua vida, assim como ele marcou a do clube:
— Agradeço por ter passado por vários momentos dentro do Grêmio. A torcida sempre foi maravilhosa comigo. Sinto saudade daquela época. Até eu morrer, sempre serei grato pelo que vivi no Grêmio.
Além do Tricolor e do Benfica, César teve destaque pelo América-RJ, onde terminou como artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1979, com 13 gols. Também teve passagens por Palmeiras, São Bento e Pelotas. Se aposentou no interior gaúcho no final dos anos 1980.
Ouça o gol de César no título da Libertadores de 1983
*Produção: Leonardo Bender