- Tricolor luta para espantar uma má fase que já dura dois meses no Brasileirão;
- Renato está insatisfeito com o que considera uma demora do Grêmio em contratar;
- Como está a situação de outros integrantes da direção gremista.
Entre 13h46min e 13h49min de segunda-feira (24), duas imagens simbolizam o momento do Grêmio. Primeiro o presidente Alberto Guerra, depois Renato Portaluppi, ambos sozinhos, desceram as escadas do hotel que tem servido de concentração em Curitiba desde quinta-feira (20). O dirigente de cabeça baixa, mãos no bolso, o técnico com expressão contrariada, mandando áudio pelo celular. É um clube, mais até do que um time, sob tensão. E que viaja a Goiânia precisando ganhar para espantar uma má fase que já dura dois meses no Brasileirão.
Em 20 de abril, ao vencer o Cuiabá por 1 a 0, o Grêmio somou o sexto ponto na competição. Passados 64 dias, e seis jogos, permanece com a mesma pontuação. Só não está na lanterna porque o Fluminense ganhou apenas uma partida em 11 disputadas.
Adicione-se a isso a derrota para o Inter. Pela primeira vez sob comando de Renato Portaluppi, o Grêmio perdeu três vezes seguidas para o maior rival. Na cultura gaúcha, isso é tão grave como iniciar mal um campeonato.
Impossível ter um ambiente leve ou bem-humorado. Todos os jogadores que passaram dos quartos ao ônibus, cruzando o saguão pela escada rolante, ficaram em silêncio. Não tinha risada, não tinha caixa de som, não tinha brincadeiras. Os únicos sorrisos, e meio amarelos, foram para tirar fotos com torcedores e curiosos que passavam em frente ao hotel na hora da saída para o treino. Só teve um momento de descontração. No final da tarde, a reportagem foi surpreendida pela presença de Renato já subindo as escadas, ao lado de Alberto Guerra. Ao perceber que os jornalistas não o notaram, o treinador brincou:
— Estão dormindo?
É que o presidente e o técnico voltaram antes dos atletas, em um carro. Trata-se de uma rotina normal do clube. Após o treino, jogadores costumam fazer algum tratamento ou sauna. Por isso, quem pode costuma sair mais cedo.
Renato e Guerra têm muito a conversar. Uma das pautas é reforços. No final do Gre-Nal, espremido no corredor onde deu uma entrevista improvisada, o presidente garantiu a busca por novos nomes:
— Todo mundo sabe que estamos atrás de um centroavante e esperamos anunciar no início da janela de julho.
O treinador quer alguém que chegue antes de 10 de julho, data da abertura da janela. Que esteja pronto para estrear contra o São Paulo no dia 17. Renato não esconde a insatisfação com o que considera uma demora do Grêmio em contratar. E que já vem de anos e gestões anteriores. Nomes como Pedro, que fechou com o Flamengo, e Pitta, que está no Cuiabá, foram relembrados.
Na atual janela, a frustração até agora foi com Matheus Henrique. O volante que esteve no clube saiu do Sassuolo e foi contratado pelo Cruzeiro. Renato chegou a conversar com seu ex-jogador, mas as negociações não evoluíram, especialmente pela parte financeira. Meias também estão no radar tricolor, ainda que a óbvia prioridade seja por um centroavante.
Apesar da irritação de Renato, não há, ao menos por ora, perspectiva de mudança no comando do futebol. O vice da pasta, Antônio Brum, é um dos grandes aliados políticos de Alberto Guerra. E por mais que sofra pressão, continua no cargo. O executivo Luís Vagner Vivian tem situação parecida. Claro que esse cenário pode mudar em caso de novo insucesso na quarta-feira (26), contra o Atlético-GO, em Goiânia. Em caso de vitória, o Grêmio pode até sair do Z-4, dependendo de resultados paralelos. Mas se perder, o time de 2024 se isolará como pior sequência de derrotas da história do clube em Brasileirão.