O Grêmio tem uma semana dividida entre a estreia na Copa Libertadores e a preparação dos titulares para a decisão do Gauchão. Na busca pelo hepta estadual, o início dos treinamentos ficou sob o comando do auxiliar Alexandre Mendes. Há pontos que a comissão técnica buscará aprimorar para tentar superar o Juventude e manter a hegemonia estadual.
Se por um lado o empate foi tratado como bom resultado, pela chance de conquistar a taça com uma vitória simples na Arena, o jogo no Alfredo Jaconi apresentou dificuldades para o Grêmio. São pontos que Renato Portaluppi e sua comissão técnica tentarão corrigir para conquistar o título no próximo sábado, diante de sua torcida.
Saída de jogo
A saída de bola foi uma dificuldade do Grêmio no Alfredo Jaconi. Não por acaso, a principal chance gol do Juventude veio aos 44 minutos do primeiro tempo, em lance no qual o goleiro Caíque deu um passe errado para Rodrigo Ely, que caiu nos pés de Rildo. Esse, no entanto, foi uma das poucas jogadas do Tricolor tentando sair com passes de trás.
O Juventude apostou em marcar os volantes Villasanti e Pepê e os laterais João Pedro e Fabio sempre que o Grêmio iniciava suas jogadas. Com a bola nos pés, os zagueiros Rodrigo Ely e Walter Kannemann apostaram em saídas longas. O Tricolor deu ao todo 37 lançamentos longos na partida, repetindo uma estratégia adotada diante do Caxias na semifinal.
A diferença, no entanto, foi o principal alvo dessas jogadas, o centroavante Diego Costa, que teve dificuldade para ganhar as disputas com os zagueiros do Juventude. O camisa 19 esteve envolvido em 10 duelos aéreos no Jaconi e venceu apenas um, de acordo com dados do Sofascore. Repetindo essa dificuldade, o Grêmio precisará encontrar caminhos de sair da marcação do Juventude pelo chão na Arena.
— O Grêmio não tem muita proposta para sair com passe curto sob pressão. O Juventude ganhava a primeira bola e acelerava. Essa foi a principal dificuldade do Grêmio no jogo. Isso aconteceu muitas vezes nos dois tempos. O Grêmio conseguiu dar uma controlada em alguns momentos, mas as melhores chances foram do Juventude — avalia Rodrigo Coutinho, comentarista do SporTV.
Produção ofensiva
Se conseguiu sair do Jaconi sem sofrer gol, ofensivamente o Tricolor teve apenas dois chutes defendidos pelo goleiro Gabriel Vasconcelos, ambos de fora da área. Ou seja, ao longo de 90 minutos, a equipe não finalizou nenhuma vez no alvo de dentro da área do Juventude. A equipe, assim, igualou seus piores desempenhos ofensivos no Gauchão. O Grêmio teve outros dois jogos com apenas dois chutes certos no Gauchão.
Um deles foi contra o Ypiranga, quando Renato escalou reservas. O outro foi justamente a vitória sobre o Juventude, na Arena, na fase de classificação. Esse dado mostra como a forma de marcar de Roger Machado tem surtido efeito diante da forma de atacar do Tricolor, que teve um trio de ataque todo novo no Jaconi em relação à Arena. No primeiro jogo, o setor ofensivo formado por Galdinho, JP Galvão e Soteldo, enquanto Pavon, Diego Costa e Gustavo Nunes atuaram no Jaconi.
— O Juventude fez contra o Inter e repetiu diante do Grêmio uma marcação bem firme, com faltas, até faltas demais em alguns momentos. O grande ponto para a final do Gauchão é o Grêmio conseguir circular a bola com velocidade, tentar sair jogando de forma rápida. O Grêmio se aproveitou de virtudes físicas de alguns jogadores para ganhar disputas, ganhar duelos. Acho que o Juventude não vai manter a postura tão agressiva na Arena como foi em casa, isso pode dar mais espaço para o Grêmio pelos lados do campo — observa o analista tático Gabriel Corrêa.
Bolas paradas
Em um jogo de poucos espaços como tem sido os confrontos com o Juventude, a bola parada pode ser decisiva para conquistar o título. Na fase de classificação, o Tricolor conseguiu surpreender o time da Serra ao marcar o gol da vitória com o lateral Fabio após um escanteio. O Grêmio teve no Jaconi apenas um escanteio. Com maior volume na Arena, a tendência é de que mais jogadas desse tipo apareçam.
Defensivamente, também é preciso o Grêmio aprimorar a sua marcação nas bolas paradas. No Jaconi, o Juventude conseguiu duas finalizações após escanteios. O Tricolor também sofreu em jogadas de bola parada na semifinal, quando o Caxias marcou um gol a partir de uma falta no Centenário e outro depois de um escanteio na Arena.