Os 32 times classificados para a fase de grupos da Libertadores 2024 foram caracterizados por seus mascotes em um card publicado pela Conmebol nesta semana. Para o Grêmio, o feito representou uma estreia simbólica, já que é a primeira vez que o clube foi representado pelo Flecha Negra, o novo mascote oficial anunciado no aniversário de 120 anos do clube. A arte em questão é de Gonza Rodríguez, argentino radicado em Porto Alegre.
Já o desenho do Flecha Negra, que está sendo utilizado pelo Grêmio em produtos e nas redes sociais (como a capa do X, antigo Twitter), tem outra autoria. O responsável pela arte mora em João Pessoa, na Paraíba, se chama Caio Barbalho e nunca pisou no Rio Grande do Sul.
O ilustrador de 27 anos é formado em Design Gráfico pelo Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB) e trabalha há 10 anos com ilustração, criação de marcas e identidade visual. Ele descreve a arte criada para o concurso que escolheu o novo mascote do Grêmio, inspirado no ídolo Tarciso, como "o maior trabalho" de sua vida.
Ele foi escolhido entre mais de 80 projetos apresentados de artistas de todo o Brasil. Caio decidiu participar duas semanas antes do prazo final.
— Tive que trabalhar algumas noites depois do meu expediente — conta.
A ligação de Caio com o Grêmio começou lá por meados de 2014, quando virou amigo de gremistas gaúchos pela internet. Na pandemia, a troca virtual ficou mais constante e a relação foi intensificada por campeonatos de videogame, que culminaram na criação de um grupo. Foi esse elo que o impulsionou a se inscrever no concurso.
— Minha amizade com eles foi fundamental para isso. Se não fosse por eles, talvez eu visse a proposta e nem me interessasse em mandar, sabe? Foi o que pesou mais, poder me conectar mais com eles e agregar o que eu sei profissionalmente. Não era a intenção mandar pensando que o meu seria escolhido. Era mais a questão de: "Vou mandar a minha opção para o pessoal ver".
Foi a própria Gabriela Andrade, filha do ídolo tricolor que morreu em 2018, que ficou responsável por comunicar a escolha a Caio.
— Eu fiquei em choque, né? Custei a acreditar que isso estava acontecendo — lembra ele, que precisou guardar o segredo dos amigos por cerca de um mês.
Quando o Grêmio anunciou a novidade nas páginas oficiais, a caixa de entrada de mensagens de Caio lotou.
— Eles celebraram, disseram que eu estava fazendo parte da história do Grêmio. Foi muito bom, eles gostaram. E não só eles, eu vejo pelo feedback que a torcida recebeu bem o mascote. Às vezes é complicado, o torcedor acaba sendo exigente demais em alguns pontos, mas eu percebi, pelos comentários, que o pessoal recebeu bem.
Em relação aos traços do mascote, Caio explica que estava nas orientações do edital do concurso que o Flecha Negra tivesse um aspecto infantojuvenil.
— Dei uma estudada nesse estilo para tentar me adaptar ao máximo. E é um tipo de estilo que eu também costumo fazer já nos meus outros trabalhos. Então foi mais tranquilo, com a ajuda de referências fui tentando trazer isso para o meu estilo e para o que eu achava que poderia ser adequado e ficasse legal — relata ele, acrescentando que, depois de escolhido, fez alguns ajustes a pedido do clube.