O compromisso firmado entre jogadores, comissão técnica e diretoria do Grêmio para alcançar a vaga na fase de grupos da Libertadores voltou a ser destacado após a vitória sobre o Coritiba — terceira seguida depois de o pacto azul ser consolidado. Um fato que demonstra a união da equipe gremista para atingir o G-4, impulsionando a motivação e desempenho dos jogadores para, mesmo que seja improvável, ainda ter condições matemáticas de disputar o título do Brasileirão.
Depois de notar uma diminuição na mobilização do vestiário nos jogos que antecederam a vitória sobre o Flamengo, a direção e a comissão técnica tiveram duas reuniões com os jogadores para reavivar o espírito competitivo antes do confronto com a equipe carioca. A avaliação é de que essas medidas tiveram um impacto positivo, já que a sequência também foi de êxitos sobre América-MG e Coritiba.
Após o revés por 3 a 0 contra o São Paulo, no Morumbi, o Grêmio reconheceu que a concentração da equipe não estava no mesmo nível de outros momentos do ano. A perda de foco já havia afetado negativamente o desempenho do time nas derrotas para Inter e Athletico-PR. Em três rodadas, o Tricolor havia saído do G-4 e corria risco de perder inclusive um lugar no G-6, que classifica para as etapas preliminares da Libertadores.
Em busca de reação, foram conduzidas duas reuniões privadas com os jogadores. Uma primeira apenas entre Renato e os atletas, com um tom de cobrança, remobilização e apoio. A outra, além da comissão técnica e jogadores, envolveu todo o departamento de futebol e o presidente Alberto Guerra.
Durante o diálogo, a diretoria gremista enfatizou a importância de uma maior dedicação por parte dos atletas, ao mesmo tempo em que reiterou a confiança absoluta do clube na equipe. O propósito foi tanto instigar um esforço adicional quanto transmitir calma aos jogadores em um momento de pressão e instabilidade.
— Combinamos que iríamos devolver o Grêmio para a Libertadores. E esse era o pacto que estamos cumprindo. Mantivemos a cabeça no lugar, o Renato fez a parte dele e o grupo reagiu — destacou o vice de futebol Antonio Brum.
Reflexo em campo
Durante o período de instabilidade, a exceção da regra sempre foi Luis Suárez, que jamais deixou de cumprir seu papel de extrema dedicação ao ataque e ainda marcou gols, contra Fortaleza e Inter, e uma assistência diante do Athletico-PR. Nas vitórias, então, nem sem fala. Ausente contra o Flamengo, por suspensão, ele retornou diante do América-MG e participou dos quatro gols gremistas no Independência — fez um, deu passe para dois e sofreu o pênalti que gerou outro. Na última partida, no Couto Pereira, foi decisivo ao preparar a jogada e servir Ferreira para garantir o gol do êxito por 2 a 1.
Entretanto, além de Suárez, outros jogadores também cresceram através do pacto azul. Villasanti, outrora o único marcador do meio-campo, teve retaguarda através do esquema com três zagueiros e liberdade para voltar a contribuir com o ataque. Assim vieram duas assistências diante do Flamengo e o gol de abertura do placar contra o Coxa.
Outra figura que ganhou destaque foi Ferreira. Contra o Athletico-PR, na 27ª rodada, um erro seu causou uma falta próxima da área gremista, que na sequência significou o gol da virada dos paranaenses, que saíram da Arena vitoriosos por 2 a 1. O atacante deixou o gramado sob vaias e parecia ali ter encerrado seu ciclo com a camisa tricolor. Contudo, ainda tinha créditos com Renato e comprovou sendo um reserva de luxo, entrando no segundo tempo e fazendo a diferença, com gols contra Flamengo e Coritiba.
Por fim, Everton Galdino. Contratado no início da temporada como uma aposta, alguém para compor o grupo, conquistou seu espaço como meia-atacante pelo lado direito, em uma dinâmica de ataque que permite trocas de posição com Cristaldo e Suárez. Galdino marcou um dos gols gremistas diante do América-MG e assistiu Villasanti no Couto Pereira.