— Quem conhece o Renato, vê que fica diferente. Ele é gremista.
A frase acima é de Duda Kroeff. Alguém que viu de perto a rotina do técnico, como presidente e depois vice de futebol, e acompanhou a mudança de intensidade com a proximidade do clássico. Nem mesmo Renato Portaluppi escapa da tensão Gre-Nal. Ídolo, multicampeão como jogador e técnico e eternizado como estátua na Arena, Renato também vive a ansiedade para o clássico. Faz parte da rotina do filho de Francisco e Maria, pai da Carol, e esperança dos 100 mil sócios gremistas de que o domingo (21) terminará em vitória.
Momentos de instabilidade então, como é o do clássico deste domingo, cobram um preço maior na rotina dos profissionais.
A fase, obviamente, não é boa. O Grêmio vem de quatro jogos sem vencer. Nas últimas sete partidas, soma apenas uma vitória — contra o Cuiabá, fora de casa, pela 3ª rodada do Brasileirão. Uma queda de rendimento que ficou evidente contra adversários de maior investimento, mas que dava sinais ainda na reta final do Gauchão.
A turbulência, porém, não ameaça a permanência de Renato ou dos outros profissionais do departamento de futebol. Mas a desconfiança só precisa de um resultado ruim no domingo para se tornar algo maior. Ou desaparecer completamente e virar mobilização para a sequência da temporada com uma boa atuação. Esse é o poder do Gre-Nal na rotina de Grêmio e Inter.
— Gre-Nal afeta o Estado. São duas torcidas, a imprensa que valoriza o espetáculo. Tudo é superdimensionado. Acaba ficando um jogo diferente dos demais. Mesmo quando é uma rodada normal de pontos corridos. Esse Gre-Nal, os dois times estão mal, precisam de recuperação. Se não tiver esse tempero, o ambiente gera um ambiente diferente — aponta o ex-presidente Romildo Bolzan.
Em seus oito anos de gestão, talvez nem os títulos tenham contribuído tanto para a alegria do torcedor. A supremacia contra o maior rival foi marca importante do fruto da parceria com Renato. Na avaliação de Bolzan, saber interpretar os sinais vindos do clássico é mais importante do que o resultado no placar.
— São duas coisas. Uma coisa é a torcida e o ambiente. Outra coisa é o que formamos. O interno precisa se resolver sem se contaminar. O ambiente precisa ser resolvido por dentro. Não pode entrar euforia ou depressão. O ambiente que se gera depois tem impacto, mas precisa ser digerido internamente os diagnósticos do resultado. Se deixar se envolver pelo emocional, fica longe — disse.
A história do Renato versão técnico em Gre-Nais teve início em 2010. No antigo Estádio Olímpico, no dia 24 outubro, Grêmio e Inter empataram em 2 a 2. Mesmo com a expulsão de Fábio Rochemback, a equipe suportou a pressão colorada nos minutos finais e segurou o resultado em jogo válido pela 31ª rodada do Brasileirão. Mais tarde, ultrapassou o Inter e conquistou vaga na Libertadores do ano seguinte, terminando na quarta colocação na Série A.
— Concretamente, não muda tanto (semana Gre-Nal). O trabalho é parecido. Notamos que é uma coisa mais tensa na semana. As conversas são um pouco mais tensas, mas nada tão concretamente diferente. O que muda mesmo é o depois do jogo. A frase do Ibsen Pinheiro de que Gre-Nal arruma ou desarruma a casa é verdadeira — diz Duda Kroeff.
Vina, gripado, é dúvida. Nathan é alternativa principal, mas não a única para a vaga. Uma mudança que manteria o time no esquema com os três meias. Caso Renato queira optar por mais velocidade, Galdino e Zinho são as alternativas. Mas a tendência é de manutenção da estrutura tática atual.