Um jogo pode mudar a carreira de um jogador de futebol. Foi isso que aconteceu com Gabriel Grando, goleiro do Grêmio, neste ano. Até o dia 22 de abril, contra o Cruzeiro, pela segunda rodada do Brasileirão, Grando era o terceiro na hierarquia e brigava com Brenno, partida por partida, por uma vaga no banco de reservas. Enquanto isso, Adriel conquistava cada vez mais a confiança da torcida e parecia ser o dono da posição.
No entanto, o imbróglio do antigo titular com Renato Portaluppi fez com que Grando ganhasse a titularidade diante do time mineiro quase que fortuitamente. No rodízio de suplentes, era ele quem estava como reserva imediato em Belo Horizonte.
Até aquele momento, ele havia atuado uma vez no ano, pela terceira rodada do Gauchão, contra o São José. Entre sondagens do futebol europeu e a reserva, o jogador recebeu sobrevida no elenco gremista e ganhou chance para recuperar a titularidade.
Algo que Grando já havia vivido em 2021, ano do rebaixamento do Tricolor, e também em 2022. Desde a partida em Minas Gerais, o camisa 12 nunca mais deixou de ser o titular, fazendo com que Brenno e Adriel o vissem jogar todas as partidas desde então.
— A gente sabe que na nossa posição (goleiro) só um joga. Sempre trabalhei como se fosse jogar, sempre levei os treinos a sério. Sabia que a chance ia chegar e, quando chegou, eu pude agarrar a oportunidade. Renato passa confiança para todo mundo. Como ele falou, ninguém se prepara em dois, três dias, tem de estar preparado sempre que a camisa chega — disse o titular do gol gremista.
Mesmo com a confiança depositada pelo treinador, Grando tem convivido com críticas da torcida desde que assumiu a titularidade. Ainda que não tenha falhado, o goleiro não tem transparecido confiança para alguns torcedores. O lance contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, quando furou em bola, mas Bruno Rodrigues não fez o gol por intervenção de Kannemann, trouxe desconfiança. Nem isso o abala:
— Tudo isso entra na parte do amadurecimento. A gente aprende com os erros, as falhas e também com os erros dos outros. O torcedor está no direito (de reclamar), todo mundo tem opinião. Aprendi com os meus erros e estou retomando a confiança.
Renascimento
Aos 23 anos, Grando já fez nove partidas na temporada — seis pelo Brasileirão, duas pela Copa do Brasil e uma pelo Gauchão, quando ainda era reserva, com 12 gols sofridos (1,3 gol por jogo). Essa é a pior média do goleiro desde que estreou pelo elenco profissional em maio de 2021, pela Copa Sul-Americana.
Grando não vivia sequência tão longa na titularidade desde o ano passado. À época na Série B, ele disputou 11 jogos seguidos entre junho e julho (da 11ª a 21ª rodadas) por uma lesão de Brenno. De volta à reserva depois do retorno do titular, ele chegou a disputar uma partida da Copa FGF pelo time de transição tricolor para ganhar ritmo (goleada de 4 a 0 sobre o Bagé).
Antes, em 2021, sua primeira com o time principal, ele dividiu a titularidade com Brenno (31 jogos de Grando e 36 do companheiro). Ele ganhou a vaga no gol na reta final do Brasileirão, quando o Tricolor buscava a sua permanência na Série A. À época, o técnico Vagner Mancini optou pelo camisa 12 por confiança. Grando havia acabado de retornar da Seleção Brasileira e vinha lidando melhor com a pressão sofrida pelo Grêmio.
Com o respaldo das atuações recentes e do técnico Renato Portaluppi, Grando deve seguir como titular da equipe, no próximo sábado, contra o Athletico-PR. Ainda que o treinador queira poupar alguns titulares, levando em consideração o gramado sintético da Arena da Baixada, o gol não deve ser uma das posições que o técnico fará mudanças para a partida.
Os números de Gabriel Grando em 2023
- 9 jogos
- 30 defesas e seis defesas difíceis
- 12 gols sofridos
- 1,3 gols por jogo
Fonte: Footstats
Jogos de Gabriel Grando temporada a temporada
- 2021: 31 jogos/37 gols sofridos (1,19 G/J)
- 2022: 17/10 gols sofridos (0,56 G/J)
- 2023: 9/12 gols sofridos (1,3 G/J)