Uma reinvindicação de seis meses à direção do Grêmio foi externada publicamente no último domingo. Irritado após as dificuldades de sua equipe contra o Bragantino, Renato Portaluppi levou aos microfones um discurso que o departamento de futebol e o restante da direção do clube já buscavam uma forma de contemplar. O técnico quer pontas. Jogadores afirmados, que cheguem e possam dar um outro nível ao ataque tricolor. Uma necessidade apontada desde os primeiros contatos entre a nova gestão e Renato e que pautará os dois próximos meses até a abertura da janela de transferências.
A explosão de Renato no último domingo é algo que vinha se acumulando desde o fim do ano passado. Na reunião que definiu sua renovação, a nova direção se mostrou alinhada com o técnico sobre a importância da chegada de reforços. Uma das funções mais carentes, na avaliação do técnico, era a dos atacantes de lado de campo. Segundo fontes consultadas por ZH, o investimento maior na contratação de jogadores para outras funções, como Carballo e Cristaldo, foi algo discutido.
O técnico gosta do volante e do meia, inclusive adaptou o esquema para o encaixá-los na equipe titular, mas sempre deixou clara a importância de que pontas mais afirmados precisariam chegar. Por isso, as vindas de Galdino, Gustavinho e André Henrique, na avaliação da comissão técnica, não solucionariam essa carência. Situação similar a de Zinho, que também é visto como um atacante de futuro, mas sem a experiência necessária para resolver os jogos mais difíceis no caminho do clube. Ferreira passou mais tempo no departamento médico do que no gramado para treinos e jogos nos últimos 15 meses.
ZH ouviu fontes no clube para entender como a situação chegou ao ponto de Renato expor de forma tão clara a sua cobrança por reforços. O ponto que mais causou frustração na relação foi a impossibilidade de que Michael se confirmasse como reforço. O ex-jogador do Flamengo é o plano A, B e C do técnico para sanar a carência de opções para a função.
O atacante sinalizou que a liberação seria possível em contatos ocorridos em dezembro, mas o acerto nunca aconteceu entre Grêmio e Al Hilal. O principal entrave é que o clube saudita não aceitou os apelos pela liberação. Sem poder registrar novos reforços até julho por conta de uma punição imposta pela federação saudita, a direção da equipe do Exterior vetou as conversas. E como Michael ganhou espaço recentemente no time titular, é improvável que uma liberação seja facilitada para o Grêmio.
Por isso, a direção aposta no trabalho da análise de mercado. O setor conta com profissionais para avaliar possíveis reforços, e serve como apoio no mapeamento de reforços. Em entrevista coletiva na semana passada, o diretor de futebol Antonio Brum confirmou que o Grêmio buscava jogadores para a função e uma relação de alternativas está sendo mapeada para eventuais investidas.
— Sempre falamos de querer ter mais pontas. Temos menos opções com o Ferreira no DM. Conversamos bastante. Temos muitos jogadores de valorização da posse de bola. Sabemos que o Renato gosta dessa posição. Já é público que procuramos atacantes. Pode ser que conseguimos agregar atacantes — disse.
Duas questões precisam ser contempladas para as contratações. O ponto mais complicado a ser administrado é conseguir as receitas necessárias para os investimentos. O nível de jogador que Renato entende ser necessário para auxiliar no segundo semestre normalmente exige algum valor de transferência. Três fontes de receita foram apontadas como possibilidades para o clube. A assinatura da Libra, liga de clubes que negociará a organização dos próximos Brasileirões, injetaria imediatamente R$ 100 milhões nos cofres. Mas esse avanço é incerto. Outra alternativa seria a busca de empréstimos, mas também não é de fácil solução. O caminho mais simples seria a venda de jogadores do atual grupo.
Esse é o formato apontado como preferencial, pois atacaria dois problemas. Reduziria a folha salarial, abrindo espaço para novas adições, e não traria mais dívidas para o futuro.