Polêmicas sobre a retirada de Adriel à parte, o Grêmio apresentou diante do Cruzeiro, em Belo Horizonte, no último sábado (22), problemas coletivos em sua mecânica de jogo. A derrota por 1 a 0, a primeira no Campeonato Brasileiro, expôs as dificuldades do Tricolor para conter os avanços dos mineiros pelos lados do campo. O Desenho Tático de GZH analisa como a equipe treinada pelo português Pepa levou vantagem sobre os comandados de Renato Portaluppi.
Sem poder contar com Villasanti, Pepê e Carballo, Renato voltou a escalar Bitello como volante. O garoto formou com Lucas Silva a dupla que abriu o meio-campo gremista em BH. À frente deles, Zinho perdeu vaga na equipe, e Nathan foi o escolhido para acompanhar Cristaldo e Vina na linha de três atrás de Suárez.
Como volante, Bitello teve apenas uma ação na área do Cruzeiro:
O posicionamento da equipe teve Cristaldo centralizado e Vina (direita) e Nathan (esquerda). Jogadores naturalmente de centro de campo, Vina e Nathan tiveram dificuldade para fazer a marcação pelos lados do campo. E foi justamente assim que o Cruzeiro levou maior perigo ao longo do jogo.
Mapa de calor do jogo mostra como o Cruzeiro usou os lados do campo:
Montado inicialmente no 4-1-4-1, tendo Richard como primeiro volante e Ramiro e Mateus Vital (esse como maior liberdade ofensiva) completando o setor, o Cruzeiro usou muito das jogadas pelos lados. Os laterais William e Marlon avançaram constantantemente auxiliando Nilão e Bruno Rodrigues nas investidas. Como os laterais João Pedro e Diogo Barbosa estavam preocupados com os pontas do Cruzeiro, e os volantes precisavam marcar os meio-campistas, tornou-se fundamental as ajudas defensivas de Vina e Nathan para marcar os laterais cruzeirenses.
A dificuldade que os dois tiveram para marcar foram determinantes para a superioridade do Cruzeiro. Ainda que o gol da vitória tenha vindo em uma bola parada, o placar não foi maior a favor dos mineiros por uma noite iluminada de Gabriel Grando. Titular de última hora pelo problema disciplinar de Adriel, o goleiro reserva fez cinco defesas, sendo duas delas consideradas difícies.
Em desvantagem, Renato sacou justamente Nathan e Vina para as entradas de Zinho e André Henrique (Galdino e Gustavinho entraram nos minutos finais por Cristaldo e Lucas Silva). Com maior juventude e pressionado a atacar pelo gol sofrido, o Grêmio teve uma maior presença ofensiva, ainda que não tenha conseguido o empate.
Após o jogo, Renato voltou a apontar a dificuldade que o Grêmio tem tido por não contar com extremas de velocidade pelo lado do campo.
— Vocês sabem que eu gosto de jogadores de velocidade pelo lado. Não temos o Ferreira, que está no departamento médico. O Zinho tem futuro, mas estamos lapidando ele. Tem determinados momentos que pedem esse jogador para abrir a defesa. Não estou me queixando. Tenho conversado com a direção. Eles sabem da necessidade. No momento que abrir a janela, vamos trazer esses jogadores — afirmou Renato.
O Grêmio volta a campo na quinta-feira (27), pela Copa do Brasil, quando irá receber o ABC na Arena. O Tricolor tem confortável vantagem após ter vencido o jogo de ida, em Natal, por 2 a 0. Pelo Brasileirão, o próximo compromisso será no domingo (30) contra o Cuiabá, fora de casa.
Tanto os volantes Pepê, Villasanti e Carballo quanto o atacante Ferreira não têm retornos previstos para esses dois jogos. Ou seja, Renato terá de buscar as soluções ofensivas sem perder combatitividade sem a bola com os atletas que contou em Belo Horizonte.