A tarde desta quarta-feira (9) foi de sabatina com os dois candidatos à presidência do Grêmio na redação de Zero Hora. Odorico Roman, da chapa 1, e Alberto Guerra, da chapa 2, participaram de uma live no YouTube de GZH em que responderam a diversas perguntas dos jornalistas Alex Bagé, Eduardo Gabardo e Marco Souza e também de torcedores sobre o futuro do clube.
Foram abordados, ao longo de pouco mais de uma hora, temas como a renovação do técnico Renato Portaluppi, a contratação e o papel dos dirigentes, a permanência de Kannemann, a busca por reforços para a próxima temporada e as negociações envolvendo a Arena. A eleição com os associados do Grêmio ocorre neste sábado (12), das 10h às 17h, de forma presencial ou pela internet.
Confira algumas respostas de Odorico Roman:
Investimento para 2023
"Nós não temos conhecimento ainda do orçamento. Sabemos que houve uma redução drástica em função do rebaixamento, teve antecipação de receita do ano que vem, mas sabemos também que o Grêmio tem excesso de jogadores. Temos 77 jogadores sob contrato, 18 emprestados, e isso onera a folha de pagamento. O grupo de transição, hoje, tem 27 jogadores, está muito inchado. Vamos ver o que é possível reduzir desses custos desnecessários para formar esse grupo forte que nós queremos formar para o ano que vem".
Prioridade de contratações
"Sou de Guaporé, sou gringo, e gringo não anuncia quem quer comprar senão as coisas ficam muito caras. Sabemos as condições do mercado, as necessidades do grupo, e se eleito presidente do Grêmio, vamos formar esse grupo forte que queremos. Como torcedor, analisando o time do Grêmio, me parece óbvio que precisa de um meia armador como prioridade. Também precisamos de laterais e atacantes"
Renovação com Renato
"Conversei com o Renato, com o Gerson (Oldenburg, empresário do Renato), e trocamos impressões. Ele manifestou desejo de permanecer, eu quero que ele permaneça. Com Odorico Roman, o Renato funcionou. A estrutura funcionava, dávamos suporte para o treinador, sem necessidade de se envolver com outras áreas. Ele ganhou Copa do Brasil, Libertadores. Renato e Odorico é uma dupla que deu certo. Fizemos uma proposta já econômica para o Renato e após a eleição vamos tratar de finalizar esse assunto. Não tenho dúvida de que chegaremos a um bom termo. Isso tem de ser resolvido rapidamente, porque temos de revisar o grupo de jogadores, partir para contratações, e primeiro de tudo temos de ter o vice de futebol, o executivo e o treinador. Depois trataremos de outros assuntos".
Relação com Renato
"A minha experiência com o Renato é diferente do que ouço por aí. Ele respeita hierarquia, tem diálogo e alguns jogadores que foram indicados na época não foram trazidos. É questão de ter o argumento certo, mas se não tem o argumento não vai conseguir dizer não, porque não vai saber por que não. Temos de ter argumentos para negar o jogador que o técnico pede".
Departamento de futebol
"Temos de ter, no futebol, e eu concordo com o Renato, pessoas que entendam de futebol. Não adianta entregar um relatório com números dos jogadores para o treinador. Precisamos transformar em letras, em palavras, para conversar com o treinador. Tem de se apresentar ao treinador alternativas. Essa linha direta é prejudicial. O vice de futebol tem de comandar o futebol do Grêmio. Vestiário é ambiente dos jogadores, os dirigentes têm de tratar das funções administrativas. Vice de futebol, diretor, gerente executivo vão tratar do futebol com o Renato, com a comissão técnica. Vamos ter um centro de análise de dados, que não é só para contratar jogador, mas analisar adversário. Quais os pontos fortes, fracos, onde ataca mais. Temos de atender a base também, para buscar jogadores. Assim vai funcionar o departamento".
Perfil dos profissionais
"Temos conversado com alguns profissionais, e perfil é o seguinte: profissional de mercado, que entenda de futebol e tenha o tamanho do Grêmio. Supervisor ainda não está definido, mas há possibilidade. A minha visão de departamento de futebol é que seja enxuto. Não tem que ter muitas camadas de mando, muitos assessores. Vestiário é lugar sagrado para os jogadores, eles precisam se sentir à vontade. Quando tem muita gente circulando, não ficam à vontade. Vamos ter uma estrutura bastante enxuta".
CEO já anunciado
"Nós defendemos a profissionalização, e isso não é discurso de campanha. O anúncio do Alex Leitão como nosso CEO é a prova disso. Estamos pensando no tamanho que queremos que o Grêmio tenha. É um profissional de primeira linha, com uma vasta experiência em futebol. Quem pensa que o Grêmio tem de ser grande, esta aí a nossa proposta de principal executivo do clube. Quando estávamos procurando esse nome para ser executivo do Grêmio, encontramos o Alex Leitão e nos chamou atenção que ele trabalhava no Orlando City e tinha a observação de "em busca de uma nova aventura". Mandei mensagem no perfil do Twitter dele, deixei meu telefone e ele encontrou em contato. Perguntei se o palco dessa nova aventura poderia ser Porto Alegre, no Grêmio, e ele se interessou demais. Conversamos, ele esteve em Porto Alegre e começamos as conversas em 22 de setembro. Finalmente na segunda-feira me deu o ok e pudemos anunciar. Se o Grêmio quer ser muito maior, o Alex Leitão será uma referência".
Permanência de Kannemann
"Kannemann é um jogador importante, ídolo do Grêmio, uma zagueiro que, junto com o Geromel, talvez tenha formado a maior dupla de zaga do Brasil nos últimos anos. O empresário dele está em Porto Alegre e queremos, sim, manter o Kannemann no clube. Quanto gastaremos para contratar um jogador para a posição também. Mas, antes disso, temos de ver a situação clínica dele. Ele se sacrificou, foi submetido a uma cirurgia, faremos conversas com o departamento médico, temos de ter ciência da situação dele. Não fizemos ainda nenhuma proposta, não sabemos o salário atual dele. A partir daí, vamos conversar com o empresário e fazer a nossa proposta".
Futebol feminino
"O futebol feminino, desde o início, na primeira versão no nosso plano de gestão, temos essa preocupação. Temos muito claro que o investimento é insuficiente. Temos a intenção de triplicar os gastos do departamento feminino, porque para vestir a camisa do Grêmio tem de ter condições de vencer. Então, vamos, sim, ter um futebol feminino muito forte. Este tem que ser mais um atrativo para a torcida, para o sócio. Temos de saber e verificar a natureza do contrato do estádio em Gravataí, quais condições foram contratadas. Mas, sendo possível, queremos fazer mais jogos na Arena".
Categorias de base
"Nosso plano de gestão tem dois pilares principais: futebol e torcida. Futebol engloba feminino, base e profissional. Temos a intenção de recuperar a base do Grêmio para ser o que era antigamente. Tivemos 2016, 2017 e 2018 dando retorno esportivo e financeiro. Vamos investir, formar jogadores e trazer para o profissional jogadores que possam ser titulares, ganhar títulos e depois ser vendidos para ter o retorno financeiro. Mas essa questão da base tem alguns elementos. O Grêmio tem uma estrutura muito boa, a metodologia de treinamento, a captação. Essa safra boa foi plantada em 2013, 2014, 2015, mas agora não estão chegando tantos jogadores. Isso deve ser revigorado. Vamos analisar tudo, o que não significa que faremos terra arrasada, mas vamos corrigir o que estiver fora do ideal".
Futuro do grupo de transição
"A transição precisa ser entendida. Era um momento em que o jogador estoura a idade da base e não está pronto para o profissional, precisa se ambientar, suprir alguma valência que ainda estivesse incompleta, participar de coletivos, jogos e depois ingressar no profissional. Isso com cinco, seis, sete jogadores. Hoje tem 27 jogadores, comissão técnica, médicos, e isso consome R$ 18 milhões por ano. Para mim, em um clube cortando verbas, é demais. Vamos retomar a transição para o seu conceito original".
Gestão da Arena
"A questão da Arena tem dois pontos importantíssimos e duas visões que temos de ter. A primeira é patrimonial, que deveria estar em nome do Grêmio e a OAS não cumpriu. Não vamos deixar passar mais 10 anos sem resolver. A segunda é a gestão do estádio. Não podemos ter medo de ter a gestão do estádio. Vamos, sim, trabalhar primeiro para a Arena Porto-Alegrense melhorar o serviço, que não está satisfatório. O Grêmio é responsável pelo seu torcedor e temos de propiciar conforto ao torcedor. Não prometo que vamos conseguir, mas não vamos desistir de ficar com a gestão da Arena".
Departamento médico
"Gosto muito de ler, e a área medica preocupa bastante. A gente acaba descobrindo que já existem no Brasil procedimentos, protocolos que aceleram a recuperação dos jogadores e o Grêmio não usa. Fizemos visitas a departamento médicos e vimos que é possível recuperar lesões graves em dois terços da média do tempo usando protocolos, equipamentos, técnicas novas de recuperação. Vamos trazer esse conhecimento, essa ciência para dentro do Grêmio. Dessa forma, vamos melhorar a área médica do Grêmio".