O desempenho da defesa nos últimos jogos acendeu um alerta no Grêmio. Um alerta acionado ao longo de todo o segundo turno da Série B, na verdade, e que está na mira de Renato Portaluppi, de olho no acesso à elite do Brasileirão. Depois de ver o time vazado em cinco das seis partidas sob o seu comando, o treinador e sua comissão técnica trabalham para proteger bem o gol de Brenno nas quatro rodadas que restam em 2022. Acostumado, nos seus tempos de ponta-direita, a furar a marcação dos adversários, Renato tem conversado com seus jogadores e admite a possibilidade de mudar o time, já que todo o sistema defensivo está sob avaliação.
O tema da conversa entre o técnico e seus jogadores na última terça-feira, início da preparação para a partida deste domingo contra o Bahia, foi de cobrança por mais atenção na reta final da Série B. Renato fez o alerta: se o time repetir os erros dos últimos jogos, a classificação à Série A estará sob ameaça.
Em números totais, a defesa do Grêmio ainda mantém índices muito positivos na competição. É a segunda menos vazada entre os 40 participantes das Séries A e B — Palmeiras e Cruzeiro levaram 21 gols, e o Tricolor sofreu 23. O problema é que essa marca piorou significativamente nos últimos seis jogos. O desempenho defensivo passou de 16 gols sofridos em 27 rodadas, média de 0,6 por jogo, com Roger Machado, para seis gols em seis partidas com Renato. César Lopes, que treinou o time interinamente contra o Vila Nova, também teve a defesa vazada e a mesma média de Renato, de um gol sofrido por jogo.
Só oito times na Série B mantêm índice igual ou pior do que o Grêmio de Renato: Guarani, Chapecoense, Sampaio Corrêa, CRB, Tombense, Novorizontino, Operário e Náutico. Destes, apenas o Sampaio Corrêa está acima do 10º lugar. A conta mostra um desequilíbrio ainda maior nos jogos fora de casa: são cinco gols na conta em apenas três partidas com a nova comissão técnica, média de 1,66 gol sofrido a cada 90 minutos. Índice pior do que o desempenho do Náutico, a equipe mais vazada da competição (54 gols e média de 1,59 por partida).
— É difícil apontar exatamente o defeito. Até com Geromel e Kannemann, o time levou gols. Acredito que esteja faltando um pouco mais de proteção aos defensores. O momento psicológico é difícil. Isso pesa. A dificuldade muita vezes mina um pouco da técnica e da qualidade dos jogadores. Falhas acontecem, mas principalmente quando as coisas estão difíceis é que o erro acontece e compromete o jogo — diz Ancheta, zagueiro histórico do Grêmio na década de 1970.
Para resolver o problema, Renato estuda mudanças na zaga. Leonardo Gomes é uma possível alteração, no lugar de Edílson. O lateral-direito foi observado pela comissão técnica nos últimos dois dias de treino. Diogo Barbosa e Nicolas também estão disputando um lugar na equipe. Cada lateral recebeu uma sessão como titular.
No meio-campo, a tendência é de que os volantes também serão diferentes em relação aos utilizados nas últimas partidas. Thiago Santos trabalhou entre os jogadores que devem começar no domingo: Villasanti foi seu companheiro no trabalho de quarta-feira, enquanto Thaciano atuou ao seu lado na atividade de terça. Com três dias de treino até o jogo decisivo, Renato tateia em busca de soluções para ajeitar a defesa e encaminhar o acesso gremista.