O sábado deve ser de casa cheia na Arena, e não é para menos. A expectativa de ver Lucas Leiva de novo com a camisa tricolor, depois de 15 anos, e o próprio momento do time, animam a torcida para o jogo do Grêmio contra a Ponte Preta, a partir das 16h30min, pela 20ª rodada da Série B. A previsão é de que o estádio tenha arquibancadas repletas. E, para completar, o adversário faz parte de um episódio histórico para os gremistas.
Foi contra a equipe de Campinas que o Estádio Olímpico recebeu seu recorde de público, em 1981. Quase 100 mil pessoas sofreram, mas vibraram com a classificação do Grêmio à final do Brasileirão daquele ano, a primeira vez dos tricolores na decisão. A vaga veio mesmo com a derrota por 1 a 0 e abriu as portas para a primeira conquista nacional do clube.
Acima de tudo, pavimentou o caminho para a sequência de títulos ao longo da década, com a Libertadores e o Mundial, dois anos depois, e o hexa gaúcho a partir de 1985. A esperança da torcida é de que o confronto deste sábado tenha papel semelhante no retorno à Série A.
Romildo Bolzan, à época com 21 anos, era um dos 98.421 gremistas nas arquibancadas e cadeiras do Olímpico naquele domingo, dia 26 de abril de 1981. Empolgado com a vantagem trazida do Moisés Lucarelli após a vitória por 3 a 2, na ida, o atual presidente do Grêmio passou sufoco com os 70 minutos de pressão do adversário, que marcou no início. Só o apito final trouxe tranquilidade e alívio para comemorar a chance de enfrentar o São Paulo na final. Mais do que o barulho da torcida durante a partida, a explosão de alegria com o apito final é a memória mais marcante para Romildo:
— Lembro do estádio completamente lotado. A torcida fez barulho, mas o que me marcou foi a festa, que começou com o final da partida e a confirmação da classificação. Guardo a memória do jogo e de todo aquele ambiente. Na época, só dois clubes se classificavam à Libertadores, e garantimos a vaga pela primeira vez. Lembro-me da festa que saiu do Olímpico e se espalhou pelas ruas da Azenha.
Autor do único gol do jogo, Osvaldo ainda era um jovem de 22 anos e sofreu com a pressão da torcida. Torcida que ele viria a conhecer também logo depois: o meia foi um dos grandes destaques do Grêmio campeão da Libertadores em 1983.
— Foi um jogo bom, que me marcou muito. A Ponte tinha um time em formação, com muitos meninos vindos da base. A gente viu que o Olímpico estava bem lotado logo na chegada ao estádio. Partimos para cima, mas o Grêmio era um time mais forte. Fomos para o tudo ou nada — recorda Osvaldo.
Com a previsão de mais de 45 mil gremistas neste sábado, o meia espera que a casa cheia funcione como combustível para o time:
— A torcida influencia com o barulho, ajuda bastante quem está em campo.
Bola de ouro do Brasileirão disputado há 41 anos, Paulo Isidoro não esquece do ambiente de pressão que a torcida criava no Olímpico. Sua expectativa, agora, é de que a torcida na Arena crie a mesma conexão, capaz de empurrar a equipe dentro de campo.
— A torcida é mais do que um 12º jogador, é quase um camisa 9, que ajuda a empurrar a bola para o gol. É uma motivação que contagia. E também coloca pressão no adversário com a vaia. É fundamental — lembra.
A situação agora é bem diferente da realidade daquela tarde de abril — mas essa conexão citada por Paulo Isidoro é essencial para que o time de Roger Machado consiga o resultado neste sábado. Para Bruno Alves, essa relação entre campo e arquibancada está sendo reconstruída, e os jogadores querem retribuir dentro de campo.
— Recebemos um voto de confiança do torcedor. Sabemos que eles ainda estão magoados, mas acredito que entenderão que, juntos, somos mais fortes. A torcida faz total diferença nos incentivando do início ao fim. Eles compraram a ideia de ajudar para que a gente conquiste o acesso — disse o zagueiro, na sexta-feira.
Com casa cheia, apoio do público e diante de um adversário que está na sua história, o Grêmio tem no que se inspirar para dar mais um passo na volta à elite.