A campanha do Grêmio na Série B é embalada pela dependência de Diego Souza. Artilheiro da competição, com sete gols em 10 jogos, o centroavante é a principal referência ofensiva da equipe de Roger Machado.
Referência e dependência que têm seus benefícios, mas que também mostram um problema que o treinador ainda não conseguiu resolver: a incapacidade dos seus demais jogadores de garantirem pontos na luta pelo acesso à elite do Brasileirão.
Problema que poderia ser ainda pior. Aos 37 anos, Diego pensou em abandonar a carreira para se aposentar dos gramados ao final da última temporada. Mas optou por seguir jogando e se mantém como o principal artilheiro tricolor dos últimos anos. Autor de 52 gols entre 2020 e 2021, o atleta quase não permaneceu no Grêmio para 2022. A ideia da direção era buscar um centroavante de mais mobilidade. Uma peça que se encaixaria melhor na proposta de jogo pensada por Vagner Mancini para a reestruturação do grupo após o rebaixamento.
— Diego é sensacional, muito bom jogador, mas está pesado, idade avançada. Na nossa forma de ver, não se enquadra neste modelo que queremos implementar no Grêmio — comentou o vice de futebol, Dênis Abrahão, em entrevista à RBS TV, em dezembro passado, dois dias depois do anúncio da saída do camisa 29.
Sem encontrar essa peça no mercado, o Grêmio voltou atrás. Acertou novo contrato com Diego até o final de 2022 e apostou na sua contribuição para a briga pelo acesso. A chegada de Roger, em substituição a Mancini, só ressaltou a importância desse investimento. O técnico tricolor destaca com frequência que o goleador é sua principal peça na estrutura tática: as mudanças no time são pensadas para potencializar o rendimento de Diego.
Essa busca pelo melhor aproveitamento do atacante tem sido frequente na Série B. O Grêmio usou algumas formações diferentes em busca de melhor produção ofensiva. O time começou no esquema 4-3-3, utilizado em boa parte do Gauchão, e testou uma alternativa com Elkeson ao lado de Diego Souza. Mas adotou, nas últimas rodadas, uma formação com três zagueiros e dois atacantes mais próximos dos centroavante.
— A ideia de usar os três zagueiros é para colocar mais homens próximos do Diego Souza. Futebol é criar dúvida no adversário, ajustar e mudar características para favorecer o nosso centroavante, o chefe do ataque — disse Roger, após a vitória do último sábado (18) sobre o Sampaio Corrêa. Vitória com dois gols do artilheiro.
Ao avaliar a participação de Diego Souza pelo impacto dos seus gols no resultado final, ele praticamente igualou, na atual Série B, os números que teve no Brasileirão 2021. No ano passado, Diego foi responsável direto por 11 pontos em 31 rodadas. Neste ano, em apenas 10 partidas, saíram de seus pés e de sua cabeça bolas na rede que valeram 10 pontos.
Mas o Grêmio sabe que não pode viver apenas de um jogador. Os sete gols de Diego Souza equivalem a 64% dos 11 gols anotados pela equipe na Série B, o maior índice entre as equipes que lutam na parte de cima da tabela. Apenas Lucca, da Ponte Preta, tem participação maior, com 75% dos gols da Ponte — fez seis dos oito marcados pelo time de Campinas.
Por isso, a direção segue atrás de um parceiro para dividir essa missão. Elias, que teve bom rendimento como seu substituto no Gauchão, ainda oscila muito de rendimento. Mesmo que seja o vice-artilheiro da equipe no ano, com sete gols, o jovem perdeu espaço e virou opção pelos lados nos últimos jogos. Contratado com a expectativa de fazer um rodízio com Diego no time titular, Elkeson enfrenta dificuldades na parte física. O chinês fez apenas nove jogos e marcou somente um gol — contra o Glória, pela Recopa Gaúcha.
Sem soluções em casa, o Grêmio olha para o mercado em busca de um companheiro ao centroavante. Guilherme, revelado pelo clube, já está acertado. Ele estava no Al Dhafra, dos Emirados Árabes, e chega com o respaldo de ter sido destaque pelo Sport na Série B 2019. Renato Kayzer, do Fortaleza, também é monitorado. Enquanto isso, Diego Souza segue como a referência — e a dependência — gremista para se manter no G-4.