Roger Machado foi buscar no Rio de Janeiro uma das peças de destaque da arrancada do Grêmio na Série B. Líder em assistências na Segunda Divisão, com três em cinco jogos, Biel aceitou deixar o Fluminense para voltar a trabalhar com o técnico que o lançou no time profissional. Em 44 jogos pela equipe carioca no ano passado, o jovem de 21 anos deu apenas uma assistência. Compensou marcando cinco gols, mas é a versão garçom do atacante que impulsionou a campanha de recuperação gremista.
Não fosse uma série de lesões musculares, que começaram ainda na época em que Roger era o técnico do Fluminense em 2021, o atacante estaria hoje em Dubai como jogador do Al Wasl. Mas a reprovação nos exames médicos abriu a possibilidade de ser um dos reforços gremistas para a Série B. Recuperado, e com a "canela dura", como afirmou Roger, o atacante assumiu a vaga de forma inesperada após Ferreira reclamar de dores musculares. Agora, faz parte do trio de atacantes com Diego Souza e Elias e surge como esperança de mais um bom resultado neste domingo para o jogo contra o Cruzeiro.
Biel chegou por empréstimo até o final do ano, e com a opção de permanecer em definitivo em contrato. Para isso, é necessário o pagamento de R$ 9 milhões. Confira abaixo a conversa do atacante com GZH.
Prefere Biel ou Gabriel Teixeira?
Biel, né. Do jeito que está é melhor. Como ficou assim no Grêmio, vai Biel mesmo.
Como foi o convite para jogar em Porto Alegre?
Minha situação no Fluminense não estava das melhores. Falei com meu empresário que queria ser emprestado, estava precisando de novos ares. E aí veio o convite do Roger. Na hora, pedi para vir. O homem me chamou, então tinha certeza que jogaria. Optei por vir.
Quem que te procurou?
Foi o Roberto (Ribas), auxiliar do Roger. Me consultaram para saber do meu interesse de vir para o Grêmio.
Como você define seu estilo de jogo?
Meu estilo de jogo é leve, gosto de ir para cima. Quero ser feliz, jogar. Pelo fato de ser um pouco mais leve, isso me ajuda. O que acrescento ao time é o poder decisivo, de ir para cima e ser ofensivo. Mas também ser agressivo para ajudar na marcação. É isso que acrescento.
E o que é a expressão "canela dura" que o Roger usou. Ele fala isso para vocês nos treinos também?
O que eu entendo é que pelo fato de ser franzino, poderia ser fraco. Mas ele fala assim por conseguir aguentar os combates, o jogo de corpo. Acho que é por isso. Tento me aprimorar fisicamente, sempre fui franzino. Mas sempre trabalhei para ficar com o corpo mais resistente. Pelo fato de ser um dos mais novos e mais franzino, trabalhei. Assim criei essa casca dura (risos).
Você é o líder de assistências da Série B. É uma das suas características?
Na base, também tive bons números de assistências, mas isso é algo natural do jogo. Não dá para treinar isso. Aparecem os espaços durante os jogos. Aconteceu com o Elias naquele lance que ele não conseguiu fazer o gol. Ele infiltrou no momento certo. O passe aparece naturalmente. Fico feliz que esteja acontecendo. O momento é de crescimento. Espero sempre estar à disposição para ajudar.
Você tem posição preferida do ataque?
Eu prefiro jogar pela esquerda. Por ser destro, posso cortar para o meio do campo e tenho a opção do drible ou finalizar. Também jogo pelo lado direito, mas a minha preferência é pela esquerda. Fico me sentindo torto mais pela direita.
O Grêmio começou com dificuldades na Série B. Vocês sentiram essa evolução nas últimas rodadas?
A gente começou mal, mas quando encaixa é diferente. Nos últimos jogos, conseguimos fazer dar certo. Fica até mais fácil para jogar. Quando temos tempo para trabalhar, é bom também. A demanda de jogos é grande , mas tivemos tempo e isso ajudou.
Sentiu um pouco o desgaste após vir de muito tempo sem jogar no Fluminense?
Senti. Estava sem ritmo de jogo. Estava descansando, mas não com as pernas rápidas como o Roger me conhecia. Estou trabalhando bastante para voltar ao meu melhor condicionamento para jogar mais tempo também. No começo, ficava bem desgastado mesmo. Não adianta forçar. É crescer aos poucos.
As lesões te atrapalharam no Fluminense?
Tive problemas no ano passado, ainda era o Roger o técnico. Tive uma lesão muscular na coxa esquerda nas oitavas de final da Liberadores. Voltava para o DM, tratava e machucava novamente quando voltava. Machuquei umas três vezes seguidas. Isso acabou um pouco comigo, até de autoestima. Fiquei bem por baixo. Machucar três vezes não é bom para nenhum jogador. Deu errado a transferência para Dubai quando me vetaram nos exames, mas creio que nada dá errado mesmo, estou no Grêmio e feliz pelo meu momento.
Qual a expectativa para o confronto contra o Cruzeiro?
É das melhores. Nosso time está crescendo bastante. Ainda bem que com um jogo deste tamanho temos uma semana livre para treinar, conhecer o Cruzeiro. Tenho certeza de que o nosso time estará bem preparado para este jogo. Mesmo fora de casa, vamos para cima.
Já apareceu um bicho dos companheiros pelos passe para gol?
(Risos) Não recebi nada deles ainda. Estou feliz que saíram os passes. Mas até falei com o Bitello no último jogo que já tinha dado muitas assistências e pedi uma também para ele. Para me dar uma tranquilidade. É bom fazer gol também.
Ansioso pelo primeiro gol?
Sim, estou um pouco ansioso. Tenho certeza de que será um momento marcante. Mas dando o passe ou eu fazendo o gol, só quero ajudar o time. Fico com uma meta na cabeça, mas deixo a temporada livre. Quero só ajudar a devolver o Grêmio ao seu lugar Só penso em ajudar.